A Palavra da História

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𝐀 𝐇𝐈𝐒𝐓𝐎𝐑𝐈𝐀 𝐃𝐎 𝐌𝐀𝐓𝐄𝐔𝐒 - 𝐎 𝐌𝐄𝐍𝐈𝐍𝐎 𝐃𝐎 𝐒𝐀𝐂𝐎 𝐀𝐌𝐀𝐑𝐄𝐋𝐎CAPÍTULO 2 - O SEGUNDO DIA DA FEIRA DAS COMUNIDADES O sol nascia lento so...
11/11/2025

𝐀 𝐇𝐈𝐒𝐓𝐎𝐑𝐈𝐀 𝐃𝐎 𝐌𝐀𝐓𝐄𝐔𝐒 -
𝐎 𝐌𝐄𝐍𝐈𝐍𝐎 𝐃𝐎 𝐒𝐀𝐂𝐎 𝐀𝐌𝐀𝐑𝐄𝐋𝐎

CAPÍTULO 2 - O SEGUNDO DIA DA FEIRA DAS COMUNIDADES

O sol nascia lento sobre o Lubango, tingindo os telhados e as montanhas de um tom alaranjado e triste. No jardim em frente à Sé Catedral, três pequenos vultos despertavam do frio da madrugada. As folhas secas faziam-lhes de cobertor, e o cimento gelado era o colchão de todas as noites. Ali dormiam Mateus, Pedro e Julho — três meninos de rua, três destinos amarrados pela pobreza e pelo abandono.

O jardim era o abrigo e a prisão. À noite, servia-lhes de casa; de dia, de ponto de partida para pedir, vasculhar contentores e sobreviver do que a cidade lhes deixava.

Mateus, o mais novo, ainda guardava no coração o brilho de uma esperança teimosa. Desde o primeiro dia da Feira das Comunidades, algo dentro dele se acendera — um sonho de pertencimento, um eco de África que o chamava.

Enquanto remexiam nos s**os de plástico à procura de restos de pão, ele começou a falar:

— Ontem fui lá no ISCED… havia festa, batuque, moamba, gente bonita... era o Dia de África. Vi mulheres com panos coloridos e ouvi danças de todas as províncias. Foi lindo…

Pedro, recostado a uma árvore, abriu os olhos meio desconfiado e murmurou: — Estás a mentir, Mateus. Nós aqui, sem nada pra comer, e tu a dizer que foste a uma festa?

Julho, mais calado, apenas observava. O vento soprava frio, levando o pó e as palavras. Mateus insistiu, com o olhar aceso: — Eu vi, Pedro. Vi mesmo! Tinham comida, música, e as pessoas estavam felizes.

Pedro levantou-se, sacudindo a poeira da roupa rasgada, e respondeu com ironia: — Se é verdade, amanhã vamos lá. Se encontrarmos o que disseste, traremos algo pra vender… bidons, latas, qualquer coisa.

Julho sorriu pela primeira vez. — Amanhã, então.

Na manhã seguinte, os três levantaram-se cedo. O sol ainda se escondia atrás das montanhas, e já caminhavam pelo asfalto frio da Marginal do Lubango, com o s**o amarelo de Mateus balançando ao ombro. Iam descalços, rindo e tropeçando, como quem caminha entre a miséria e o sonho. O destino era o ISCED-Huíla — a “terra dos grandes”, como diziam.

Mateus guiava-os, com o peito cheio de orgulho. — É por aqui. Vão ver… hoje vai ser mais bonito ainda!

Quando chegaram, o pátio da instituição parecia um mosaico de África. Dezoito grupos representavam as dezoito províncias do país — cada um com a sua cor, a sua dança, o seu cheiro.
O som dos batuques vibrava no chão, o cheiro de funge e calulu misturava-se ao riso e ao calor das pessoas. As tendas coloridas pareciam flores desabrochadas no cimento.

Pedro e Julho ficaram imóveis, boquiabertos. Nunca tinham visto tamanha beleza.
Mas, ao se aproximarem do muro pequeno do pátio, perceberam que não poderiam entrar imediatamente.
— Vamos ficar aqui, só de fora mesmo — disse Mateus.
— Mesmo assim, dá pra ouvir tudo… e sentir também — completou Julho.

Ficaram observando do pequeno muro, os olhos brilhando. Cada batida de tambor fazia vibrar algo dentro deles — uma lembrança, talvez, de um lar perdido, ou o sonho de um futuro improvável.

Pedro, o mais velho, murmurou com resignação: — Nós somos meninos de rua. Pra estar ali paga-se, entra-se com roupa bonita… e nós não temos isso. Não temos pais ricos.

Mateus olhou-o em silêncio, os olhos marejados. Depois sorriu, tímido, e respondeu: — Mas um dia, Pedro… um dia a gente vai estudar ali também. Vais ver.

Pedro desviou o olhar, tentando esconder as lágrimas. Julho, o mais pequeno, abraçou Mateus e disse: — Um dia é um dia.
CONTINUA....
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Por prof. Doutor
10/11/2025

Por prof. Doutor

A HISTÓRIA DO MATEUS O MENINO DO S**O AMARELO Era 23 de Maio, véspera do Dia de África. O pátio do ISCED-Huíla estava em...
10/11/2025

A HISTÓRIA DO MATEUS
O MENINO DO S**O AMARELO

Era 23 de Maio, véspera do Dia de África. O pátio do ISCED-Huíla estava em festa: tendas coloridas, trajes tradicionais, batuques ecoando, cheiros de comida e risadas que se misturavam com o vento fresco do Lubango.
Tudo ali respirava alegria e identidade africana.

Mas, entre as barracas alegres, um pequeno vulto destoava do brilho do evento.
Chamava-se Mateus, e tinha apenas 10 anos.
Carregava às costas um s**o amarelo, feito de plástico gasto, amarrado com cuidado — como se fosse seu maior tesouro. E era.
Dentro dele, havia restos de pão, algumas frutas murchas e garrafas vazias que ele recolhera nas ruas.

Mateus morava nas margens do rio Mukafi ( Marginal do Lubango) dormia debaixo de uma ponte. A mãe morrera de malária há dois anos, numa noite em que a chuva parecia nunca mais parar. O pai, sem emprego, partira em busca de sorte no Namibe e nunca mais deu notícias.
Desde então, o menino vivia só — entre o frio, a fome e o silêncio.

Naquele dia, ele não sabia o que era “Feira das Comunidades”. Só seguira o som dos tambores e o cheiro do funge com calulu.
Ficou parado, olhando tudo com os olhos brilhando. As pessoas dançavam, tiravam fotos, exibiam orgulhosas as suas roupas africanas.
Mateus olhava encantado, mas também triste — ele sentia-se parte de África, mas ninguém parecia vê-lo.

Passou por uma tenda onde um grupo de estudantes vendia comidas típicas. Uma moça de capulana azul percebeu o menino parado, observando o prato de moamba.
Chamou-o com ternura:

— Ei, pequenino, estás com fome? Vem cá.

Ele aproximou-se devagar, envergonhado, com o s**o amarelo pendendo do ombro.
A moça serviu-lhe um prato generoso. Ele comeu devagar, como quem teme que a comida acabe cedo demais. Depois olhou para ela e disse:

> — Obrigado, tia. Quando eu crescer, quero estudar aqui também... e ter uma barraca como a tua.

A moça sorriu, mas as lágrimas encheram-lhe os olhos.
Deu-lhe um copo de sumo e um pão extra para levar no s**o.
Mateus agradeceu, e foi-se afastando lentamente, olhando para trás uma última vez — talvez desejando que aquele instante durasse para sempre.

Ao cair da tarde, enquanto o sol se escondia atrás das montanhas do Lubango, o menino caminhava de volta à ponte. O vento batia frio, mas ele sorria — o estômago cheio e o coração aquecido.
Antes de dormir, olhou o céu e sussurrou:

— Mamã, hoje comi… e vi África bonita.

Na manhã seguinte, os varredores da cidade encontraram o s**o amarelo junto aos degraus da ponte.
Mateus dormia ali, quieto, com um leve sorriso — como se tivesse sonhado com a mãe e com um futuro que, infelizmente, nunca chegou.

No ISCED-Huíla, no mesmo pátio onde a feira havia acontecido, ainda ecoava o som dos tambores e a alegria do Dia de África.
Mas, para quem soubesse ouvir, o vento trazia também um sussurro triste…

"Nem todos os filhos de África tiveram a chance de celebrar.”
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A obra está terminada, e em breve daremos ao público para debate. Meus amigos e amigas, seguidores e kambas, partilhem e...
24/09/2025

A obra está terminada, e em breve daremos ao público para debate. Meus amigos e amigas, seguidores e kambas, partilhem e estejamos juntos neste dia de debate, venda e sessão de autógrafos. Preparem os 6 mil kwanzas para adquirir a obra. A data certa chega em breve. Vamos refletir Angola nos 50 anos de Independência. Desta vez iremos noutras províncias para um debate geral.

By: Albino Pakisi

🎤✨ ℙ𝕣𝕠𝕛𝕖𝕔𝕥𝕠 ℙ𝕠𝕖𝕥𝕒𝕤 𝕟𝕒 ℝ𝕦𝕒  𝕄𝕠𝕤𝕥𝕣𝕒 𝕠 𝕥𝕖𝕦 𝕥𝕒𝕝𝕖𝕟𝕥𝕠, 𝕡𝕒𝕣𝕥𝕚𝕝𝕙𝕒 𝕒 𝕥𝕦𝕒 𝕧𝕠𝕫 𝕖 𝕧𝕚𝕧𝕖 𝕒 𝕡𝕠𝕖𝕤𝕚𝕒 𝕟𝕠 𝕔𝕠𝕣𝕒𝕔̧𝕒̃𝕠 𝕕𝕠 𝕃𝕦𝕓𝕒𝕟𝕘𝕠!📌 Dom, 5 Out...
21/09/2025

🎤✨ ℙ𝕣𝕠𝕛𝕖𝕔𝕥𝕠 ℙ𝕠𝕖𝕥𝕒𝕤 𝕟𝕒 ℝ𝕦𝕒
𝕄𝕠𝕤𝕥𝕣𝕒 𝕠 𝕥𝕖𝕦 𝕥𝕒𝕝𝕖𝕟𝕥𝕠, 𝕡𝕒𝕣𝕥𝕚𝕝𝕙𝕒 𝕒 𝕥𝕦𝕒 𝕧𝕠𝕫 𝕖 𝕧𝕚𝕧𝕖 𝕒 𝕡𝕠𝕖𝕤𝕚𝕒 𝕟𝕠 𝕔𝕠𝕣𝕒𝕔̧𝕒̃𝕠 𝕕𝕠 𝕃𝕦𝕓𝕒𝕟𝕘𝕠!

📌 Dom, 5 Out 2025 | 16h00 – 18h30
📍 Marginal do Lubango, Huíla
✅ Entrada gratuita — junte-se a nós!

👉 Inscreve-te já para apresentar a tua poesia: 932128768

"A quantidade de homens com tranças revela a percentagem de jovens desocupados. Porque ocupado não tem tempo para fazer ...
12/09/2025

"A quantidade de homens com tranças revela a percentagem de jovens desocupados. Porque ocupado não tem tempo para fazer tranças!"
By Dr. Memória Ekulica

ᴘᴏʀ : ᴅʀ. ᴍᴇᴍᴏ́ʀɪᴀ ᴇᴋᴜʟɪᴋᴀ Francisco Teixeira MEA
01/09/2025

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29/08/2025

Por Dr.
"🎓 Encerramos com Sucesso o Curso de Elaboração de Pesquisa e Artigos Científicos no Colégio A Verdade Vos Libertará

Depois de três dias intensos (27, 28 e 29 de agosto de 2025), o Colégio A Verdade Vos Libertará foi palco de um verdadeiro encontro de mentes criativas e apaixonadas pelo saber. Foram dias de debate, troca de experiências e construção de pontes entre professores, pesquisadores, estudantes e entusiastas da ciência no município da Matala.

Agradecemos profundamente a todos(as) que aceitaram o desafio de caminhar connosco nesta jornada de fortalecimento da produção científica. Vocês deram vida e significado ao projeto, mostrando que a ciência é um poderoso instrumento de humanização e de construção de soluções para os problemas locais e globais.

O nosso reconhecimento estende-se também a quem, direta ou indiretamente, contribuiu: partilhando conteúdos, comentando, deixando likes e ajudando a ampliar o alcance desta iniciativa nas redes sociais. Cada gesto fez a diferença!

🚀 O futuro é promissor: acreditamos que, muito em breve, a Matala será palco do florescimento de novos artigos científicos e pesquisas inovadoras, fruto desta geração de intelectuais que valoriza a investigação e a transformação social.

👉 E as novidades não param por aqui! O próximo destino será o município do Lubango, conhecido como a cidade do conhecimento. Estamos a preparar uma edição ainda mais abrangente e esperamos contar com a participação massiva da sua comunidade académica e científica.

🔬✨ Juntos, estamos a semear ciência para colher transformação!"

22/08/2025

📢‼️NÃO P**E O VIDEO , VEJA ESTA GRANDE REFLEXÃO DO ANCIÃO OU MAIS PEDRO EM DEBATE SOBRE A DEMOCRACIA NO MEIO DE ACADÉMICOS.

*Mais Logo as 19h00 de Luanda e 20h00 de Maputo*
21/08/2025

*Mais Logo as 19h00 de Luanda e 20h00 de Maputo*

ÁFRICA E O SEU PROGRESSO IDENTITÁRIOÁfrica tem feito progressos significativos na afirmação da sua identidade conquistando também o seu espaço epistemológico...

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