08/12/2025
AUTOBIOGRAFIA DE JUCA MANJENJE
Eu nasci no município do Lobito, na mítica rua Nova do Ngolo — sim, aquela mesma que faz a espinha dorsal da relíquia zona do São João, espaço de encontros, travessias e memórias. Cresci entre becos, ruas quentes e geografias humanas que moldaram o meu carácter. A minha infância e adolescência foram marcadas por deslocações constantes: Africano – São João, Morro da Rádio, Bairro da Luz, Caperta, Liro, Ngolo da’reia. E, por força da Igreja Universal, "ramboei" também entre Caponte, Restinga e 28. Sou, portanto, filho do Lobito em todas as suas camadas, ritmos, cheiros e tensões. Sempre tive respeito, e algum medo pela Canata, muito por causa das histórias vibrantes (e às vezes perigosas) dos famosos Ramix.
O meu primeiro grande palco foi o movimento Hip Hop. Não foi apenas um estilo musical: foi a minha escola, o meu mundo, a minha trincheira e o meu centro de identidade. Foi no Hip Hop, especialmente no universo underground, que encontrei irmãos de caminhada, amizades que ainda hoje partilham a minha vida, e uma forma de expressão que me ensinou a transformar dor em palavra, rua em poesia e resistência em voz. (Agora tudo faz sentido - Meu melhor rap)
O meu encontro com a ciência, porém, começou exatamente quando muitos achavam que não seria possível: no ensino médio, no Instituto de Ciências Religiosas (ICRA). Foi ali que descobri as minhas primeiras referências intelectuais e que ganhei gosto pela leitura e pela escrita. Ali percebi, pela primeira vez, a importância de sentar-me numa carteira e aprender, não apenas com a vida, mas também com o legado humano cristalizado nos livros.
Mesmo sem dinheiro para a universidade, tomei a decisão que transformou o meu destino: inscrevi-me, entrei e escolhi Sociologia. Esta ciência abriu-me as portas para um outro mundo, o mundo dos grupos, das estruturas, das relações de poder, das desigualdades e da complexa teia que sustenta a vida social. Foi a sociologia que me ensinou a olhar o mundo com profundidade, método e consciência crítica. E foi ela que me revelou que, diante da fragilidade de muitos, eu não poderia permanecer neutro.
Trazendo o rap nas veias e o espírito underground como bússola, entrei em contacto com a política, não como espetáculo, mas como campo de luta por dignidade. A sociologia desafiou-me, convidou-me a juntar-me aos outros, a olhar para os partidos políticos de forma crítica e responsável. E foi assim que decidi oferecer a pouca força que tenho como instrumento de combate por uma causa: coloquei-me ao lado da UNITA, não como quem busca poder, mas como quem oferece serviço.
Li Jonas Savimbi para compreender a coragem histórica; li Samuel Chiwale para captar o pensamento estratégico e sobrevivência diante da intriga; e aprofundei-me em Ernesto Mulato figura de longa trajectória política; em Abílio Kamalata Numa defensor da institucionalização democrática; e em Jardo Muekalia, diplomata e analista que levou a voz da UNITA ao exterior. Ouvi as histórias do velho Mário Tchinlunlu Tcheia e aprendi também nos contos da professora Chica, que me ajudaram a entender os princípios, valores e a ideologia do partido. As teorias de Classe Social de Savimbi despertaram em mim um interesse intelectual profundo, ideias que bem poderiam dialogar com a tradição marxista. Essas leituras não foram idolatria, mas exercícios sérios para compreender o país e o meu lugar dentro dele.
Hoje, quando olho para trás, vejo que a minha história é feita de movimento: das ruas do Lobito ao palco do Hip Hop; da fé à ciência; da sociologia à política; da marginalidade urbana à responsabilidade cívica. Não procuro romantizar a minha trajetória, ela é feita de desafios, quedas, improvisos e recomeços.
Mas é precisamente isso que faz dela o que é: uma caminhada de aprendizagem, construída na rua, nos livros e na vida.
Eu sou Juca Manjenje: fruto do Lobito, do rap, da sociologia, da teimosia de quem não aceita o destino escrito pelos outros. EU SOU UM POLÍTICO PARA ESTA GERAÇÃO.
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