07/11/2025
𝗔 𝗗𝗘𝗠𝗢𝗖𝗥𝗔𝗖𝗜𝗔 𝗘𝗠 𝗔́𝗙𝗥𝗜𝗖𝗔 𝗘𝗦𝗧Á 𝗦𝗢𝗕 𝗔𝗧𝗔𝗤𝗨𝗘
Por: Jonas Mulato
Os últimos dias no nosso continente têm se revelado desafiantes para o aprofundamento democrático. A crise que assola várias regiões de África continua a dar sinais preocupantes para o futuro preconizado, um continente desenvolvido.
Na Tanzânia, a presidente Samia Suluhu Hassan foi reeleita com 98% dos votos que é um sinal inequívoco de que o processo eleitoral não foi justo, transparente nem livre. A reacção firme da missão de observação eleitoral da SADC, que afirmou sem meias-palavras que o pleito não foi livre nem justo, merece uma salva de palmas pela sua clareza e integridade. Ainda assim, a oposição denuncia um massacre pós-eleitoral, com mais de 700 pessoas mortas, um número que choca a consciência africana e mundial. É igualmente lamentável ver chefes de Estado africanos como Daniel Chapo, presidente de Moçambique; Hakainde Hichilema, da Zâmbia; Hassan Mohamud, da Somália; e Evariste Ndayishimiye, do Burundi que estiveram presentes na cerimónia de investidura, legitimando com a sua presença um processo amplamente contestado.
Sem esquecer a vergonha que temos visto nos Camarões: o presidente Paul Biya, com 93 anos, que já não reside permanentemente no país por passar mais tempo em França devido a problemas de saúde, já não responde aos desafios do seu povo. A África é jovem. Estima-se que cerca de 70% da população africana tenha menos de 30 anos e precisa de líderes que compreendam e respondam às aspirações dessa maioria esmagadora. Já na Côte d’Ivoire, o cenário é igualmente preocupante: figuras da oposição foram impedidas de concorrer, e o presidente Alassane Ouattara mostrou-se um ditador puro, ao bloquear a transparência eleitoral.
O que testemunhamos é uma ofensiva contra a democracia africana. A solução para os problemas estruturais do nosso continente passa pelo fortalecimento do modelo político que escolhemos, a democracia que só será real com a separação efectiva dos três poderes, instituições independentes e uma liderança ao serviço do povo, e não do poder.