06/10/2025
Não vejo lógica na recente norma que prevê sanções disciplinares a agentes da Polícia Nacional com tatuagens em partes visíveis do corpo , isso levanta questões profundas sobre liberdade individual, inclusão e coerência institucional.
Acho Um retrocesso simbólico e cultural
Num mundo em que as forças de segurança modernas valorizam a diversidade e a autenticidade pessoal, e em alguns países já se coloca jornalistas a apresentarem o jornal com roupas menos casuais e alguns mesmo de tatuagem , criminalizar expressões corporais como tatuagens é um passo atrás. A tatuagem, há muito, deixou de ser um símbolo de rebeldia para se tornar uma forma de identidade cultural, artística e até espiritual. Reprimir isso é negar o direito básico à autonomia sobre o próprio corpo ,algo incompatível com um Estado que proclama respeitar os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
contradição da imagem institucional
Pretender que a ausência de tatuagens é sinónimo de disciplina ou moralidade é uma visão ultrapassada. A ética, o profissionalismo e o compromisso de um agente com a sociedade não se medem pela aparência, mas pelo seu comportamento, competência e respeito pela lei. Grandes polícias no mundo dos Estados Unidos ao Brasil e Portugal já aboliram normas semelhantes, e nós com tantas outras lacunas na nossa lei , ainda estamos aqui ? reconhecendo que o foco deve estar na qualidade do serviço público e não na estética corporal dos seus agentes.
Essa lei tira a Inclusão como valor essencial
A Polícia Nacional representa o povo angolano em toda a sua diversidade. Impor restrições com base na aparência é excluir, segregar e estigmatizar cidadãos que poderiam ser excelentes servidores públicos. Essa medida reforça uma barreira simbólica entre “os que se encaixam” e “os que não se encaixam”, quando o verdadeiro desafio da instituição deveria ser aproximar-se da população, não afastar-se dela por critérios superficiais.
E quanto aO princípio da proporcionalidade e a inutilidade prática
Mesmo sob o argumento de padronizar a imagem institucional, a penalização proposta e redução salarial é desproporcional e punitiva sem necessidade. Não há qualquer evidência de que tatuagens prejudiquem o desempenho profissional, a disciplina ou o respeito da sociedade pelos agentes. É, portanto, uma medida sem fundamento prático, que apenas alimenta o controle simbólico e moral sobre o corpo alheio.
A polícia que Angola precisa
Num país que busca modernizar-se, a polícia deve ser um espelho de proximidade, empatia e representatividade não de uniformização forçada. Valorizar a diversidade humana dentro da corporação é fortalecer a sua legitimidade junto da sociedade. Reprimir traços individuais como tatuagens é negar o espírito de evolução e inclusão que deveria guiar as instituições públicas no século XXI.
Essa discussão não é apenas jurídica é sobretudo ética e social. Uma lei que interfere na liberdade estética e cultural dos cidadãos, punindo a expressão pessoal dos agentes, é desnecessária, desatualizada e contrária ao princípio da dignidade humana.
A Polícia Nacional deveria concentrar esforços em formação, transparência e valorização profissional, e não em legislar sobre a pele dos seus servidores.
Voces têm agentes que param os carros de luxo só para pedir almoço , e estão preocupados com tatuagem ? Os legisladores estão mesmo bem ? Sinceramente, parece que alguns legisladores acordaram um dia, olharam para o braço tatuado do sobrinho e disseram:
“Isso é uma ameaça à segurança nacional! Vamos resolver isso com… uma lei!” 🤦🏽♀️
Porque, claro, o verdadeiro problema da criminalidade em Angola são… as tatuagens do agente que prende o criminoso, não é?
Afinal, o delinquente vai pensar:
“Epá, não posso ser preso por alguém com uma caveira no antebraço, isso é falta de respeito!😂😂😂 agora fora de brincadeira
É quase poético: o país precisa de melhores salários, melhores condições, mais formação, mas a prioridade foi o combate… à tinta na pele!
Será que o próximo passo é proibir bigodes torcidos, tranças ou sapatos de cor ousada?
Epá ! Vocês é que têm o poder , só dei a minha opinião.