27/08/2025
A violência sexual na República Democrática do (RDC) é uma tragédia profundamente enraizada em décadas de conflito armado, instabilidade política e impunidade. Não se trata de casos isolados, mas sim de uma prática sistemática usada por grupos armados como arma de guerra. O estupro é frequentemente utilizado para aterrorizar comunidades, destruir laços familiares e afirmar domínio sobre territórios. Essa brutalidade tem deixado marcas profundas em milhares de mulheres, homens e crianças, especialmente nas regiões orientais do país.
A situação é agravada pelo deslocamento em massa de populações. Milhões de pessoas foram forçadas a abandonar suas casas devido à violência, e muitas vivem em campos de refugiados onde estão extremamente vulneráveis. Mulheres e meninas, em particular, enfrentam riscos constantes de abuso. Organizações como Médicos Sem Fronteiras relataram ter tratado mais de 25.000 sobreviventes de violência sexual em 2023, com números ainda mais alarmantes em 2024. Em certos períodos de conflito, estima-se que uma criança seja estuprada a cada meia hora, o que revela a dimensão chocante da crise.
Outro fator que perpetua essa violência é a falta de justiça. Muitos agressores nunca são responsabilizados, e as vítimas enfrentam estigmas sociais, medo de represálias e ausência de apoio médico e psicológico adequado. Mesmo quando há vontade de denunciar, os sistemas legais são frágeis ou inacessíveis, o que contribui para a impunidade generalizada. Além disso, os serviços estão subfinanciados, e muitas clínicas não têm sequer os recursos básicos para tratar os sobreviventes, como kits de profilaxia pós-exposição ao HIV.
A violência sexual na RDC não é apenas uma emergência humanitária — é uma crise moral que exige atenção global. Os sobreviventes precisam de proteção, justiça e apoio para reconstruir suas vidas. Ignorar essa realidade é permitir que o sofrimento continue. É essencial que a comunidade internacional intensifique seus esforços para combater essa violência, apoiar as vítimas e pressionar por mudanças estruturais que tragam segurança e dignidade ao povo congolês.