01/08/2025
By: Amir Júnior - Lutador da causa do povo
Ainda sobre a "Mensagem à nação do Presidente da República"...
Penso ser necessário destacar e rebater os seguintes pontos:
• Com relação ao facto de ter afirmado que os actos dos jovens foram premeditados, penso ser uma ideia falsa e errada de quem não tem noção clara e real que o país é maioritariamente composto por jovens e desempregados, entretanto, movidos pela carência, fome, miséria, a falta de oportunidades e desgraça deram um sinal claro que estão cansados de ser desgovernados e frustrados pelas promessas eleitorais não cumpridas, porém, não foram manipulados por organizações;
• Relativamente a actuação das forças da ordem, foi infeliz ao afirmar que eles tornaram possível o regresso a normalidade porque esta juventude que muitas vezes é estigmatizada demonstrou ter capacidade de lutar pelas seus direitos mesmo não tendo oportunidades ao agir (apesar de verif**ar-se excessos e aproveitamentos ou infiltrados) no período pré-estabelecido e aproveitá-lo mesmo com um órgão republicano (forças da ordem) actuando de forma excessiva, desumana e não republicana.
• Ao condenar os actos criminosos era preciso referir-se a todas as partes envolvidas (jovens e forças da ordem) uma vez que as forças da ordem também agiram a margem da lei e tais actos devem ser investigados tais como os presumíveis autores morais (os superiores que ordenaram as operações das forças da ordem) e materiais (os agentes que estiveram envolvimentos nos disparos mortais) e caso hajam provas devem ser responsabilizados criminalmente porque o país não tem a pena de morte independentemente de ser propositado ou acidental permitindo assim o normal funcionamento dos órgãos de justiça;
• Penso que só acabaremos com a dor e o luto no país quando despartidarizarmos o Estado e tornarmos os órgãos republicanos de facto republicanos;
• Deveria substituir a expressão por > quando afirmou que "o Estado está a fazer o seu melhor..." porque num Estado todos contam e participam na criação e execução de políticas, na realização dos anseios coletivos e na satisfação das necessidades fundamentais da população e não é isso que vivemos em Angola;
• Pior que a sabotam de 2 ou 3 dias, são os 50 anos de desgovernação com corrupção activa e efectiva, nepotismo, elitismo, pilhagem do erário público, desvios de meios públicos, partidarização do Estado, que são factores bastantes que desencorajam o investimento privado e estrangeiro, impedindo a oferta de bens e serviços e de empregos para os jovens;
• No que concerne a decisão de aprovar medidas de apoio às empresas atingidas pelos actos ocorridos, precisam convidar a sociedade civil e a oposição (sobretudo os deputados) para participarem no acompanhamento da auditoria dos produtos e meios perdidos e por outra deve abranger as pequenas superfícies comerciais dos bairros afectados (cantinas e bancadas nos mercados informais) e ainda indemnização das famílias lesadas pelas mortes, entretanto, sugiro ainda que as empresas visadas sejam orientadas a pagarem (salários) e tratarem condignamente os trabalhadores angolanos;
• Contudo, penso que saiu derrotado o país com as vidas perdidas e o partido-estado precisa atentar estes acontecimentos como o advento de 2027 caso não haja transparência no sufrágio universal que permita a alternância como parte importante da Democracia.