06/11/2025
A OUTORGA, O CANUDO E O PÓS-FACULDADE
Entre o fim da caminhada e o início da missão
A outorga é, por excelência, um rito de passagem. É o instante em que o esforço se transforma em solenidade e o sonho em conquista. No olhar emocionado dos finalistas, veem-se anos de renúncia, noites de estudo, o peso e o orgulho de um caminho vencido. O canudo, símbolo visível de uma trajetória invisível, parece encerrar tudo o que foi vivido — mas, na verdade, ele apenas abre a porta de um novo tempo.
Poucos se dão conta de que a cerimônia da outorga é menos um encerramento e mais uma entrega. Ao erguer o canudo, o graduado recebe, junto com o título, uma herança e uma responsabilidade: ser fiel ao saber que lhe foi confiado. Porque o diploma, em si, não legitima ninguém — o que legitima é o uso ético, humano e transformador desse saber.
O pós-faculdade, por sua vez, é o grande teste da maturidade. É nele que o entusiasmo dá lugar à realidade, e o ideal se confronta com as limitações do mundo. É nesse tempo que se percebe se a universidade formou profissionais ou consciências; se ensinou a buscar o lucro ou a servir ao bem comum; se cultivou a técnica ou a alma.
No Direito, talvez mais do que em qualquer outra área, o canudo traz um peso moral. Porque cada Lic é, em certa medida, guardião da justiça. E justiça não se ensina apenas nos livros — ela nasce da sensibilidade diante da dor alheia, da coragem de dizer a verdade e da integridade de não se vender à conveniência.
A outorga, portanto, é uma celebração, sim — mas de algo maior que a vitória individual. É o símbolo de uma aliança entre o saber e a sociedade. E o pós-faculdade é o tempo de provar, com gestos e escolhas, que o conhecimento recebido não foi em vão.
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