30/12/2025
DISCURSO DE FIM DE ANO DO GOVERNADOR PROVINCIAL ENGº. MARCOS ALEXANDRE NHUNGA
29.12.2025
EXCELÊNCIAS SENHORES VICE-GOVERNADORES;
• DIGNOS DEPUTADOS À ASSEMBLEIA NACIONAL;
• ESTIMADO ADMINISTRADOR MUNICIPAL DE MALANJE;
• DISTINTOS MAGISTRADOS JUDICIAIS E DO MINISTÉRIO PÚBLICO;
• CARÍSSIMOS DELEGADOS PROVINCIAIS;
• CAROS MEMBROS DO GOVERNO PROVINCIAL DE MALANJE;
• DOM LUZILA KIALA, ARCEBISPO METROPOLITA DE MALANJE;
• REVERENDO MOISÉS BERNARDO JUNGO, BISPO DA IGREJA METODISTA UNIDA;
• REVERENDO JÚLIO ULUNDU ANTÓNIO, SECRETÁRIO PROVINCIAL DO CICA;
• PASTOR ANDRADE TUNDA, PRESIDENTE DA MISSÃO NORDESTE DE ANGOLA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA;
• SUA MAJESTADE REI DIBA NGOLA JUNGO;
• QUERIDAS AUTORIDADES ACADÉMICAS, TRADICIONAIS E RELIGIOSAS;
• MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES.
Chegamos ao fim do ano de 2025, ano em que a nossa Nação celebrou cinquenta anos desde a conquista da Independência Nacional.
A situação da segurança e ordem pública da província de Malanje é considerada estável.
Durante o ano que finda, registaram-se mil oitocentos e cinquenta e oito (1.858) crimes de natureza diversa, menos setecentos e trinta (730) em relação ao ano anterior.
No que respeita à sinistralidade rodoviária, a província registou trezentos e noventa e nove (399) acidentes, menos catorze (14)comparativamente a 2024. Cento e catorze (114) pessoas perderam a vida, menos dezasseis (16) em relação ao ano passado.
Estamos todos de acordo que, do ponto de vista económico, não foi um ano fácil.
Se olharmos para o retrovisor dos dias já percorridos neste ano, constatamos que muitosprojectos planificados não foram materializados. Não foi por falta de vontade, pois quem não deseja projectar e colher frutos?
A verdade é que 2025 foi um ano marcado por desafios que testaram a nossa resistência, a nossa união e, sobretudo, a nossa fé no amanhã.
Sentimos na pele, no orçamento de cada lar e no peso do sacrifício diário, o reflexo das dificuldades económicas que atravessam o nosso país.
Tivemos de adiar sonhos, apertar ainda mais o cinto e fazer escolhas difíceis para nos mantermos firmes ao longo dos doze meses do ano.
Em cada gesto de solidariedade, em cada oração murmurada ao cair da noite, Malanje demonstrou que a sua maior riqueza não reside apenas nos seus diamantes, nas suas terras férteis ou na sua paisagem exuberante, mas, acima de tudo, na fortaleza do seu povo.
Como Governo Provincial, não ficámos imunes a essas realidades. Tivemos de gerir com extrema prudência, priorizando o indispensável e redirecionando esforços para aliviar o sofrimento das nossas populações.
Focámo-nos em garantir o funcionamento dos serviços básicos de saúde e educação, apoiar a produção agrícola familiar, assegurar o acesso à água e à energia e criar pequenos programas de emprego, com vista a injectar alguma esperança nos nossos municípios.
Foram passos curtos, mas dados com a firme convicção de que não podíamos ficar parados.
No âmbito do Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza, conseguimos estabilizar o fornecimento de medicamentos aos centros e postos de saúde, com a aquisição de mais de mil e seiscentos (1.600) kits de medicamentos, materiais gastáveis e reagentes, graças à estratégia de compras agrupadas.
Com a mesma abordagem, o Complexo Hospitalar adquire, em média mensal, pouco mais de cem (100) toneladas de medicamentos e materiais gastáveis. Os hospitais municipais seguem a mesma estratégia, com um volume estimado superior a duzentas (200) toneladas.
Destacamos ainda a aquisição de uma nova fábrica de oxigénio, que elevou a produção para oitenta (80) garrafas por dia.
Com este ganho, poupamos cerca de quarenta milhões de kwanzas (40.000.000,00 Kz) por mês, valores que passam a ser direccionadospara a compra de mais medicamentos e materiais gastáveis.
Os nossos entes queridos que partem passaram a ser tratados com maior dignidade, com a reabilitação da morgue do Complexo Hospitalar, agora com capacidade de conservação de trinta e seis (36) gavetas.
No sector da educação, seis mil oitocentos e quarenta (6.840) novos alunos ingressaram no sistema de ensino ao nível da província, com a disponibilização de setenta e seis (76) novas salas de aula, resultantes da entrada em funcionamento de dois Institutos Politécnicos de Administração e Serviços, nos municípios de Calandula e Luquembo, bem como do Liceu Njinga a Mbande, reabilitado e apetrechado.
Para facilitar a mobilidade dos alunos, no âmbito do transporte escolar, foram atribuídos dois (2) novos autocarros ao Instituto Politécnico Industrial José Eduardo dos Santos.
No quadro do PIIM, vários projectos evoluíram positivamente. Em breve, as escolas da Kizengae do K***a Dya Base entrarão em funcionamento. Em 2026, a nossa luta será ver mais obras concluídas, tanto do PIIM como do PIP.
Graças à nossa advocacia junto do Governo Central, foram efectuados alguns pagamentos, o que poderá impulsionar diversas obras do Programa de Investimentos Públicos.
Outro marco relevante foi o regresso dos cursos de Medicina e Ciências da Saúde, suspensos há dois anos, na Universidade Rainha Njinga a Mbande. Continuaremos a trabalhar em parceria com a Reitoria para evitar que este cenário volte a repetir-se.
Neste contexto, a nossa única universidade pública já trabalha no fortalecimento do ecossistema académico, após vencer um concurso público financiado pelo Banco Mundial. Mais de três milhões de dólares americanos (3.000.000 USD) serão investidos na melhoria de processos, infra-estruturas e actualização tecnológica.
Ainda no domínio do ensino superior, será lançada a primeira pedra para a construção do campus universitário que irá concentrar todas as faculdades e os serviços administrativos.
A cólera voltou a assolar a nossa província. Para evitar mortes, para além da assistência médica, adquirimos cento e vinte e oito (128)conjuntos completos para a montagem de sistemas de água, visando melhorar o abastecimento nas comunidades. Paralelamente, o Governo Provincial procede à recuperação dos sistemas inoperantes existentes em todo o território.
Ressaltamos a inauguração dos sistemas de abastecimento de água nos municípios do Quelae de Marimba. Para reforçar este programa, serão construídos dez novos sistemas de água em dez (10) municípios.
No sector energético, estão em curso obras de extensão da rede eléctrica aos municípios de Caculama, Kiwaba Nzoji, Cahombo, Quela, Muquixi e Xandel.
Encontram-se igualmente em construção parques fotovoltaicos nos municípios de Cambundi Catembo, Luquembo, Quirima e Massango.
Na agricultura, a província recuperou a cultura do girassol, com uma produção de duas mil toneladas. Mantivemos igualmente a liderança na produção de arroz, com quarenta mil toneladas (40.000 t), resultantes dos sectores empresarial e familiar.
Surge, contudo, a necessidade de estudar formas mais eficazes de escoamento da produção familiar, com vista à geração de mais rendimento.
Ainda neste sector, o domínio empresarial expandiu a área irrigada por pivô, passando de três mil e duzentos hectares (3.200 ha) para quatro mil e cem hectares (4.100 ha).
O sector da pecuária apresenta sinais promissores, com o funcionamento do centro privado de suinicultura de Pungo a Ndongo, que conta actualmente com um efectivo de vinte e seis mil (26.000) animais, um abate diário de cem (100) e a criação de setecentos (700) postos de trabalho.
No âmbito do Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza, a unidade satélite de avicultura já entregou à população mais de dez mil (10.000) aves.
Na área mineira, duas empresas iniciaram actividade nos municípios de Cangandala e Xandel, criando duzentos e quarenta (240)postos de trabalho. A província contará ainda com uma moageira de calcário agrícola para a correcção dos solos, localizada na comuna do Lombe, município de Malanje, prevendo a criação de oitenta (80) empregos.
Para além da Biocom, a província acolherá a Indústria de Açúcar de Cangandala (IAC), com uma produção anual estimada em cento e vinte mil toneladas (120.000 t) e a criação de mais de dez mil (10.000) postos de trabalho. Encontra-se já lançada a cimenteira associada ao projecto.
Excelências,�Minhas senhoras e meus senhores,
Hoje não viemos apenas falar das pedras encontradas no caminho. Viemos, acima de tudo, acender uma luz e olhar em frente.
O ano de 2026 não será uma varinha mágica, mas chega carregado de novas esperanças e certezas.
Continuaremos a trabalhar, em estreita coordenação com o Governo Central, para trazer a Malanje investimentos concretos que estimulem o crescimento económico e social da nossa província.
Aguardamos, com expectativa, o início de grandes empreitadas que, sem dúvidas, mudarão o rumo da nossa província.
Em 2026, intensificaremos o apoio à agricultura, para que a nossa terra generosa produza mais e melhor, garantindo a segurança alimentar e excedentes para comercialização.
Daremos igualmente especial atenção à capacitação dos nossos jovens, abrindo oportunidades nos sectores da agricultura e do turismo, valorizando as potencialidades naturais e culturais da nossa província.
Ao virar esta página, levemos connosco as lições da dificuldade e deixemos para trás o desalento. Que a fé que nos guia, a força que nos une e o amor por esta terra sejam o nosso motor.
Que em 2026 possamos colher os frutos das sementes de sacrifício plantadas em 2025.
Que as nossas famílias se reencontrem à volta da fogueira, não apenas com histórias de luta, mas com sorrisos de conquista.
Como humanos somos falíveis.
Se durante ano, eventualmente tenhamos feridoalguma sensibilidade, aproveitamos este momento para pedir as nossas sinceras desculpas.
Outro pedido que nos apraz fazer é dirigido aos líderes das nossas igrejas. A nossa sociedade vive fenómenos preocupantes. Há todos os dias uma gritante inversão dos nossos valores.
Rogamos que continuem a orar para o resgate da nossa riqueza cultural e espiritual.
Acreditamos em Deus e temos fé que sairemos desse marasmo.
Desejamos a todos, de cada canto da nossa província, da cidade às aldeias mais longínquas, um Ano Novo abençoado.
Que Deus ilumine os nossos passos, proteja os nossos lares e derrame sobre Malanje as bênçãos da paz, da prosperidade e da união.
Feliz 2026!
Que venha com força, fé e esperança renovada!
DE MÃOS DADAS, O MALANJE QUE SONHAMOS É POSSÍVEL
Muito obrigado.