
21/04/2025
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A África Que Alimenta o Mundo, Mas Não Se Alimenta: As Contradições do Comércio Alimentar no Continente
Uma análise das incoerências no comércio alimentar africano revela desperdício de potencial, dependência externa e falta de integração regional.
A África é um continente rico em recursos naturais, terras férteis e diversidade agrícola. No entanto, muitos países africanos enfrentam um paradoxo alarmante: apesar de produzirem ou estarem próximos de fontes abundantes de alimentos, continuam a depender de importações caras e distantes para alimentar suas populações.
Um exemplo disso é Angola, que importa leite de Portugal e da Nova Zelândia, percorrendo milhares de quilômetros, mesmo estando ao lado da África do Sul — que sozinha produz mais de 3,3 bilhões de litros de leite por ano. Uma rota comercial mais curta e econômica é ignorada, elevando os custos e a dependência externa.
Na Costa do Marfim, a situação é igualmente contraditória. O país é um dos maiores produtores mundiais de cacau, exportando toneladas da matéria-prima para o Ocidente. Contudo, importa chocolate industrializado a preços muito mais altos, refletindo uma economia ainda presa à exportação de recursos brutos sem valor agregado.
Enquanto isso, a Etiópia gasta mais de 500 milhões de dólares por ano importando molho de tomate. Ironia maior é difícil de encontrar: os agricultores locais perdem toneladas de tomates devido à falta de armazenamento adequado. Um problema de infraestrutura que custa caro ao bolso do país e limita o desenvolvimento rural.
Malawi e Moçambique também ilustram essa lógica invertida. Malawi importa milho de países longínquos durante períodos de escassez, embora sua vizinha Zâmbia tenha estoques excedentes. Já Moçambique desembolsa 34 milhões de dólares por ano comprando trigo da Rússia, mesmo com a Zâmbia logo ao lado com oferta abundante.
Na República Democrática do Congo, país com o segundo maior sistema fluvial do mundo, a ironia atinge novos níveis: mesmo com tantos rios, o Congo importa peixe para atender a sua população. Uma combinação de políticas públicas frágeis, falta de investimento em pesca local e ineficiência logística.
Por fim, o Zimbábue importa frangos do Brasil — a milhares de quilômetros de distância — enquanto a poderosa indústria avícola da África do Sul está logo na fronteira.
Esses exemplos revelam o retrato de um continente com imenso potencial produtivo, mas que sofre com a falta de integração regional, políticas comerciais mal direcionadas e pouca valorização da produção local. O custo dessa lógica é alto: insegurança alimentar, fuga de divisas e uma economia refém de mercados distantes.
A África precisa urgentemente repensar suas estratégias comerciais, investir em infraestrutura, fortalecer os produtores locais e criar alianças regionais mais sólidas. Afinal, um continente que alimenta o mundo não pode continuar com sua própria mesa vazia.
Por Redação Jornal da Banda
Fonte visual: Infográfico compartilhado nas redes sobre comércio alimentar africano