Ricardo Castanheira

Ricardo Castanheira Este é um espaço de opinião e liberdade individuais que apenas a mim obriga e responsabiliza.

Já estamos em período pré-eleitoral para as autárquicas e os candidatos apressam-se a querer apresentar muitas ideias. C...
07/07/2025

Já estamos em período pré-eleitoral para as autárquicas e os candidatos apressam-se a querer apresentar muitas ideias. Como raramente os programas são escrutinados e avaliados ao longo do tempo (menos ainda a final), talvez valesse a pena seguir a velha máxima do “menos é mais”! Ou seja, bastaria um ou dois projetos verdadeiramente disruptivos e catalisadores de mudança, com elevado impacto económico e social.

Coimbra, apesar da paulatina evolução ao longo dos últimos (muitos) anos, continua a viver divorciada do rio Mondego.

Elemento inquestionável da história, da cultura e da vivência desta cidade. É verdade que houve alguma reabilitação de margens, o Parque Verde e a Praça da Canção, não esquecendo a praia fluvial do Rebolim, mas ainda assim o potencial é tamanho, que nos leva a crer que ainda haverá tanto por fazer.

Em Coimbra, como em muitas outras cidades banhadas por rio com dimensão signif**ativa, este elemento natural desempenha uma multifuncionalidade, ou seja, combina usos ambientais, sociais, recreativos e culturais. Não esquecendo o valor económico de cada um deles.

O Mondego, em Coimbra, tem as condições para ser o principal elemento urbano aglutinador da comunidade, promotor de participação cívica e de fomento desportivo. Imaginem - como em Roterdão ou Munique - um canal com onda surfável; campos públicos de ténis e de padel ao longo das margens.

Por falar em margens, as do Mondego (e não apenas a Praça da Canção ou o Parque Verde) deveriam ser anfiteatros culturais por excelência. Galerias de arte abertas à criatividade de forma contínua no tempo. E não apenas palcos episódicos de eventos… como a Queima das Fitas ou a Feira Popular.

A relação entre o Mondego e o Choupal não existe. Um anacronismo injustificável. Aproximar o pulmão da cidade e o Rio é um imperativo para fazer de Coimbra um modelo de qualidade de vida e de sustentabilidade. Elementos que, hoje em dia, ajudam a fixar pessoas e a atrair riqueza.

A roda está inventada. Observem-se os bons exemplos de Paris, onde esta semana se voltou a mergulhar no Rio Sena; num projeto de décadas que passou por despoluir e criar uma piscina natural, além de festivais culturais nas margens do Sena e de largos quilómetros de ciclovia nas margens. Do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, o maior espaço cultural urbano e museológico da cidade. Ou, ainda, o Plano do Rio Isar, em Munique, para a criação de zonas recreativas.

Uma nova vida ao Mondego é possível! Haja vontade!

Em tempos de ameaça nuclear, crises climáticas e desafios globais, insistir em soluções militares é não apenas imoral, m...
23/06/2025

Em tempos de ameaça nuclear, crises climáticas e desafios globais, insistir em soluções militares é não apenas imoral, mas suicida. A irracionalidade das guerras e a cegueira do poder são sintomas de um sistema que precisa ser urgentemente repensado. A paz não é uma utopia: é uma urgência!

Ao longo da História, as guerras têm sido apresentadas como instrumentos de conquista, defesa ou redenção. No entanto, uma análise mais profunda revela a irracionalidade que as sustenta e a cegueira de poder que as alimenta. Em pleno século XXI, num mundo que se diz globalizado, civilizado e interconectado, a persistência dos conflitos armados levanta uma questão essencial: por que razão continuamos a recorrer à violência organizada como forma de resolver disputas?

A irracionalidade das guerras está patente, antes de mais, no seu custo humano. Milhões de vidas são ceifadas, não apenas entre soldados, mas sobretudo entre civis inocentes: crianças, mulheres, idosos. Populações inteiras são deslocadas, culturas são destruídas, traumas coletivos são perpetuados por gerações. Não há argumento racional que justifique tais perdas. Nenhuma fronteira, nenhuma ideologia, nenhum recurso natural vale o sofrimento provocado por uma guerra. Mesmo os supostos “vencedores” terminam feridos – no corpo, na alma ou na economia.

Para além da destruição física, há a ruína moral e ética que as guerras trazem. Quando a violência se institucionaliza, quando matar passa a ser legitimado por bandeiras e discursos patrióticos, os alicerces da humanidade vacilam. A guerra desumaniza, transforma o “outro” num inimigo, apaga a empatia. E tudo isto muitas vezes é conduzido por líderes distantes dos campos de batalha, confortavelmente instalados nos corredores do poder, cegos pela ambição, pelo orgulho ou pela sede de domínio.

É precisamente essa cegueira do poder que perpetua os conflitos. Governantes embriagados de autoridade, incapazes de escutar ou reconhecer erros, preferem arrastar nações inteiras para confrontos evitáveis a ceder ou dialogar. A história recente está cheia de exemplos: guerras iniciadas com pretextos falsos, intervenções militares disfarçadas de “missões de paz”, escaladas bélicas motivadas por cálculos eleitorais ou interesses económicos ocultos. A política, quando contaminada pelo ego e pela ganância, torna-se um terreno fértil para decisões irracionais e irresponsáveis. É este o Mundo Cão em que vivemos!

A “The Economist”, por estes dias, relatava que as cidades e municípios europeus são mais resilientes face à vaga de pop...
28/05/2025

A “The Economist”, por estes dias, relatava que as cidades e municípios europeus são mais resilientes face à vaga de populismo e de extremismo que tem assolado diversos governos e parlamentos nacionais, incluindo o português. Este é um exercício interessante para ser feito, quando estamos a poucos meses de eleições autárquicas em Portugal.

O “Chega” será, assim, posto à prova. Desta vez não será apenas Ventura, nem sobretudo Ventura. São precisos muitos mais!.. Ver-se-á a respetiva capacidade organizativa e de captação de quadros. É que nas autarquias as pessoas contam.

Sendo certo que também há voto de protesto nas autarquias, a verdade é que os cidadãos conhecem muitas vezes pessoalmente os seus representantes, o que cria uma relação de maior confiança e de responsabilização direta. O espaço para discursos vagos, promessas populistas e irrealistas é bastante menor. O grau de sindicância e exigência popular é maior.

Nos municípios o foco deve estar na resolução dos problemas reais. Não há espaço para narrativas ideológicas ou para discursos polarizadores. A necessidade de cooperação entre partidos e movimentos cívicos dilui radicalismos. Por tudo isto o “Chega” tem menos tração!

Por outro lado, o nível de literacia cívica a nível local tende a ser maior, porquanto os cidadãos muitas vezes conhecem melhor os desafios e decisões locais do que as dinâmicas nacionais ou globais, tornando-os menos vulneráveis à desinformação simplista. A presença de movimentos associativos fortes também dá maiores garantias de respeito por valores fundamentais.

Finalmente, e como ficou confirmado recentemente, o populismo alimenta-se do mau jornalismo e do espetáculo mediático. Ora, em regra – pelo que temos conhecido! - nos municípios, o debate está menos mediatizado, menos sujeito a influencias algorítmicas, fazendo-se o debate ainda muito pelos canais tradicionais e comunitários.

Evidentemente, ninguém está imune e não há localidades absolutamente protegidas do caldo extremista e radical. Por isso mesmo, o melhor remédio preventivo é escolher candidatos com conhecimento das necessidades reais das pessoas; com elevado nível de proximidade e responsabilização.

Dizem-me que o país está em campanha eleitoral. Estou longe, mas enviarei o voto por correio. Nunca deixei de o fazer. A...
12/05/2025

Dizem-me que o país está em campanha eleitoral. Estou longe, mas enviarei o voto por correio. Nunca deixei de o fazer. Aliás, é o pouco que resta aos emigrantes fazer. Esquecidos que somos…

Cruzei-me com esta frase do Jean Cocteau (cineasta francês), "as minorias têm razão mais vezes do que as maiorias, porque são obrigadas a pensar. As maiorias apenas seguem”. E olho para trás. Concluo, que, curiosamente, quase sempre as minhas ideias e opiniões não foram vencedoras. Não sei se é bom ou mau, mas foi assim e sinto-me confortável com isso.

Aliás, na política como no futebol – ainda que uma nada tenha a ver com o outro – também sofro por quem raramente vence: a Académica de Coimbra, em Portugal, e o Vasco da Gama, no Brasil. Interessa-me o que representam ambos na história dos dois países, os respetivos valores e singularidades. Primeiro a paixão, a bola na rede vem depois.

Mas voltemos à política e à campanha eleitoral. Aliás, não admira que muita gente não vá votar. Que as sondagens confirmem o distanciamento crescente dos cidadãos da coisa pública e da política. Estas eleições não eram para existir. São um equívoco que resultou da incapacidade de diálogo entre os dois principais líderes partidários, o Luís e o Pedro.

E uma vez mais, cá estou eu a expressar uma opinião provavelmente minoritária, mas é a minha e a que creio seria necessária nesta hora de incerteza global e crescimento dos extremismos: Portugal precisa de crescer economicamente, de fazer reformas estruturais e de ter estabilidade. Isso só se alcança se os dois pilares do regime se entenderem. Nesse dia – ao contrário do que alguns dizem – “os Venturas da vida” não crescem, desaparecem, porque os problemas das pessoas passam a ser resolvidos na saúde, na educação e no emprego.

Um entendimento entre PS e PSD – veja-se a solução atual na Alemanha! - facilitaria a aplicação de políticas de longo prazo e poderia contribuir para desarmar a retórica extremista e desincentivar a ascensão de forças populistas. Esse entendimento sinalizaria um compromisso com a estabilidade o que pode gerar confiança dos investidores, das instituições europeias e dos parceiros internacionais.

Mas isso sou eu, uma vez mais, a pensar diferente…O Luís e o Pedro nem sequer se falam!...

As últimas semanas foram um turbilhão de provas, experiências e sensações. F**a o resumo, a quem possa aproveitar.1.A Am...
28/04/2025

As últimas semanas foram um turbilhão de provas, experiências e sensações. F**a o resumo, a quem possa aproveitar.

1.A Amizade cultiva-se com verdade e tempo.

A verdadeira amizade não surge do nada nem se mantém por conveniência; cresce na partilha sincera, na aceitação dos defeitos e na presença constante, mesmo quando o mundo “lá fora” parece apresentar outras prioridades. Aprendemos que amigos de verdade não são muitos, mas os suficientes!

2. A Solidariedade consiste em pequenos gestos, que trazem grandes mudanças.

A solidariedade ensina que, muitas vezes, não são precisos gestos grandiosos para causar impacto. Uma palavra amiga, um ouvido atento ou uma ajuda simples num momento difícil pode transformar o dia — ou a vida — de alguém. Ser solidário é entender que todos enfrentamos batalhas invisíveis e que o apoio mútuo nos torna mais humanos.

3. A Generosidade: dar é multiplicar.

A verdadeira generosidade não espera retorno. Quando damos — seja tempo, atenção, ajuda ou amor — estamos, na verdade, a tornar a nossa própria vida mais rica. A lição, neste caso, é que tudo o que semeamos, um dia receberemos em dobro. Podem parecer coincidências, mas não são!

4. A Frontalidade é libertadora, quando a verdade é dita com respeito.

Ser frontal não é ser rude; é ser claro, honesto e respeitoso. A frontalidade alimenta relações sem máscaras e contribui para a confiança. É preferível enfrentar uma verdade difícil a viver em dúvida ou ilusão. A maturidade está em aprender a dizer o que precisa ser dito, desde que com empatia, respeito e consideração pelo outro.

5. A Honestidade é a condição de tudo o resto.

A honestidade é o alicerce invisível que sustenta uma vida saudável. Seja na relação com os outros, seja connosco. Viver de forma honesta exige coragem: coragem para se ser quem é, para agir de acordo com os próprios valores e com os próprios erros. Em suma, evitar ceder à tentação da mentira ou da omissão. Não é fácil, mas vale a pena!

Coimbra está um autêntico estaleiro. Há obras por todo o lado. Ruas esventradas e um trânsito apocalíptico para acomodar...
31/03/2025

Coimbra está um autêntico estaleiro. Há obras por todo o lado. Ruas esventradas e um trânsito apocalíptico para acomodar, entre outros, o metro urbano de superfície. É sabido que mudanças profundas exigem sempre sacrifícios. O problema sério surge quando, a final, f**a quase tudo na mesma: os cidadãos não sentem melhorias. Veremos…

Há poucos dias, os parisienses aprovaram através de um referendo um projeto tão ambicioso quanto disruptivo. A criação de espaços verdes em 500 ruas da cidade que passarão a ser totalmente dedicadas a peões. Uma mudança radical na capital francesa onde o trânsito é um inferno, apesar de uma rede de transportes públicos muito aceitável.

Esta iniciativa do município parisiense, que contou com o apoio popular – apesar de uma baixíssima participação referendária! – prevê ainda a eliminação de 10 mil lugares de estacionamento. O objetivo a longo prazo é ambicioso: reduzir em cerca de 60% o espaço destinado ao estacionamento de automóveis, que atualmente ocupam 95% da via pública. É uma mudança radical numa cidade tomada pelo automóvel, mas que, desde 2020, já eliminou 10 mil lugares de estacionamento e criou centenas de ciclovias. Uma cidade com rosto novo, portanto!

Os municípios de todo o mundo estão em constante evolução para enfrentar desafios como a urbanização, a sustentabilidade, o desenvolvimento económico e a equidade social. No fundo, em Coimbra seria importante aproveitar este momento, em que “a cidade está em obras”, para introduzir mudanças estruturantes.

Por exemplo, até que ponto nas obras em curso se está a integrar tecnologia digital, análise de dados e inteligência artificial para melhorar a gestão e tráfego urbanos, melhorar os serviços públicos e otimizar as infraestruturas?

Há um conceito estratégico por detrás do que está a acontecer em Paris: “a cidade dos 15 minutos”. Isto signif**a que os residentes podem aceder ao trabalho, lojas, cuidados de saúde, escolas e lazer num raio de 15 minutos a pé ou de bicicleta. Já imaginou esta ideia implementada em Coimbra? Já que está o estaleiro montado imagine-se implementar aquele conceito: reduzindo o congestionamento de tráfego, a dependência de automóveis, impulsionando o comércio local e, acima de tudo, melhorar a qualidade de vida.

Haja ambição! E o sonho comanda a vida!

Imaginemos que o presidente da Assembleia da República era, na passada semana, António Almeida Santos ou António Barbosa...
17/03/2025

Imaginemos que o presidente da Assembleia da República era, na passada semana, António Almeida Santos ou António Barbosa de Melo. Dois nomes históricos do PS e PSD a quem a nossa democracia muito deve. Imaginemos, ainda, que na primeira fila da bancada do PSD estavam sentados Calvão da Silva e Miguel Macedo e que na do PS estariam Jorge Coelho e Fausto Correia. Alguém imagina o triste desfecho de há dias? Alguém pensa que o país mergulharia nesta crise política desnecessária? Nem pensar! O facto da última moção de confiança ter sido chumbada 47 anos (sim 47 anos!) após a primeira diz muito sobre a excecionalidade e atipicidade do caso.

Para se perceber onde quero chegar, olhemos para os Estados Unidos onde Trump desgoverna. E muito! Ainda assim, o senador Chuck Schumer, líder democrata no Senado, apelou esta semana para a aprovação do Orçamento de Trump, sob pena de paralisar o país e tal servir apenas os interesses de Presidente, Musk e companhia.

Ou seja, os tempos atuais e o Mundo estão diferentes, mas, sobretudo, os protagonistas e atores políticos mudaram muito.

É que antes havia canais de comunicação e mensageiros especiais entre os partidos. Os telefones que estão nas bancadas - e que tantas vezes pela televisão vemos ser usados - não são apenas para pedidos de palavra à mesa. São, em muitas ocasiões, para que os diferentes grupos comuniquem entre si. O parlamento é, por definição, um espaço de confronto, de debate e de negociação. Deve ser vivo e tenso, mas igualmente leal e transparente. Não foi!..

O problema é que os canais de comunicação entre os partidos foram desaparecendo. Entre todos e, em especial, entre os dois maiores do regime. Tudo tresanda a polarização e animosidade. O resultado está à vista: quatro eleições legislativas em cinco anos; a extrema-direita cresceu exponencialmente e as próximas eleições presidenciais estão decididas com um ano de antecedência e entregues numa bandeja a um militar que desconfia do sistema.

A política é uma atividade nobre, quando aqueles que a exercem respeitam regras de urbanidade, dotados de caráter e têm abertura para acolher as diferenças em nome de valores e interesses superiores, que não são os partidários, mas os da República e da comunidade.

Ninguém sabe qual será o resultado das eleições em maio próximo, mas há algo que podemos dar por garantido: o partido mais votado não terá maioria parlamentar. E, salvo se a extrema-direita tiver acesso ao poder executivo, a instabilidade governativa volta a estar na mesa. A menos que haja quem saiba dialogar e construir pontes! Para evitar o pior!

A frase de Virgílio Ferreira, “a ideia de que no Carnaval as pessoas se mascaram, mas no Carnaval desmascaram-se” poder-...
03/03/2025

A frase de Virgílio Ferreira, “a ideia de que no Carnaval as pessoas se mascaram, mas no Carnaval desmascaram-se” poder-se-ia muito bem aplicar aos últimos dias conturbados em Portugal. Ou à boçalidade militante de Trump/JD Vance perante Zelensky na Casa Branca. Mas sobre tudo isso já muito se disse e muito mais se dirá ainda, pelo que prefiro, pois, dedicar atenção a algo verdadeiramente digno de registo.

Refiro-me, então, à homenagem, esta madrugada, da escola de samba Portela a Milton Nascimento no Carnaval do Rio de Janeiro, pela sua importância, tanto do ponto de vista cultural quanto histórico e simbólico. O Carnaval é um dos maiores espetáculos culturais do Brasil e colocar Milton Nascimento como tema central fortalece a conexão entre diferentes manifestações artísticas daquele país.

Milton Nascimento é um dos maiores nomes da música popular brasileira, reconhecido mundialmente pela sua voz única e obra sofisticada. Ajudou a revolucionar a MPB, misturando elementos do “Clube da Esquina”, do jazz, da música clássica e de ritmos regionais. A homenagem no Carnaval este ano reforça o reconhecimento do seu impacto na cultura nacional e na música mundial.

O enredo da Portela permite que a riqueza da obra de Milton seja traduzida para a “Sapucaí”, com um samba-enredo, alegorias e fantasias que exaltam a sua poesia, melodia e a pluralidade das suas influências. Além disso, Milton sempre deu voz a temas como a identidade negra, a espiritualidade, a natureza e o amor, que têm forte eco no Carnaval.

Milton Nascimento sempre foi um artista comprometido, compondo músicas que abordam questões sociais e políticas, especialmente durante a ditadura militar no Brasil. Algumas das suas canções, como “Coração de Estudante” e “Maria Maria”, tornaram-se símbolos de resistência. A homenagem da Portela, por estes dias, reafirma a importância da arte como ferramenta de transformação social. Tudo o que a Inteligência Artificial nunca poderá fazer!..

Finalmente, a Portela é a escola de samba com mais títulos no Carnaval carioca e tem um histórico de enredos que exaltam a cultura brasileira. Celebrar Milton Nascimento enquanto ele ainda está vivo e pode presenciar este tributo é algo muito especial.

O mundo está irreconhecível! A eleição de Trump marcou um ponto de viragem que alterou irreversivelmente o curso da hist...
03/02/2025

O mundo está irreconhecível! A eleição de Trump marcou um ponto de viragem que alterou irreversivelmente o curso da história. O que antes parecia ser o limiar da fragmentação política tornou-se agora uma realidade. A distopia de 2025 não é marcada por uma violência óbvia ou por uma convulsão, mas por um profundo e sistémico desmantelamento das instituições democráticas, da confiança social e do próprio tecido da realidade.

A ascensão do populismo extremo espalhou-se por todo o mundo – dos Países Baixos à Hungria, da Itália à Eslováquia, passando pelos riscos crescentes na Alemanha – numa diluição crescente das instituições democráticas ocidentais.
Um pouco por todo mundo, antes tido por democrático e liberal, a paisagem política tornou-se um campo de batalha. A noção de realidade objetiva foi corroída à medida que os império digitais de “Musk e Cia” se fortaleceram, enchendo as ondas de rádio com notícias adaptadas aos seus apoiantes, e as câmaras de eco se aprofundaram. A desinformação já não é apenas um inconveniente ocasional, passou a ser a norma. As organizações de verif**ação de factos foram rotuladas de “notícias falsas” e a verdade passou a ser aquilo que as figuras mais poderosas dizem que é. A imprensa livre, durante muito tempo considerada a pedra angular das nossas democracias, ficou paralisada, restando apenas algumas vozes independentes para carregar o peso da verdade.

Já não há economia. Há especulação. Os magnatas estão a tomar conta da coisa pública e uma estrutura oligárquica concentra o poder nas mãos de poucos. As alterações climáticas, outrora uma preocupação global premente, passou agora a um assunto distante e estamos todos condenados a prazo.

No meio deste tumulto a esperança é um elemento escasso. Resta-nos a educação e a cultura para constituir bolsas de resistência, compostas por movimentos inter-geracionais em que lutaremos pela mudança política, pela preservação da verdade, dos direitos humanos e da dignidade!

Em 2025, o mundo ainda não está completamente perdido, mas encontra-se num precipício, onde a linha entre liberdade e controlo, realidade e ilusão, nunca foi tão ténue. O tempo é escasso e já comprei um bilhete para Vénus, pois é de lá que as mulheres são!

Dizia Ortega Y Gasset que “a cultura é uma necessidade imprescindível de toda uma vida, é uma dimensão constitutiva da e...
28/10/2024

Dizia Ortega Y Gasset que “a cultura é uma necessidade imprescindível de toda uma vida, é uma dimensão constitutiva da existência humana, como as mãos são um atributo do homem.”

Anda o mundo entretido com as vantagens da inteligência artificial (IA), considerada a 4a revolução industrial. São inegáveis alguns dos benefícios, mas inquestionáveis muitos dos riscos. Desde logo a imensa ameaça para criadores, artistas e autores.

Muitos modelos de IA são treinados, usando vastos conjuntos de dados, que frequentemente incluem músicas, imagens, textos e outros conteúdos criativos retirados da internet. Esse material, criado por artistas e autores, é incorporado nos sistemas de IA sem o consentimento ou remuneração dos criadores originais, o que representa uma forma de uso não autorizado de suas obras. Uma violação descarada das regras autorais.

Atualmente, artistas e autores não têm controle sobre como as suas obras são utilizadas para treinar os modelos de IA. Sem permissão explícita, esses conteúdos podem ser manipulados ou reinterpretados de formas que vão contra a visão original dos criadores, o que diminui o valor e a integridade de suas criações.

Acresce, que a IA pode gerar rapidamente conteúdos semelhantes às obras originais, oferecendo alternativas mais baratas e instantâneas. Isso cria uma concorrência desleal, pois as obras geradas pela IA podem substituir, em termos comerciais, o trabalho de autores, ilustradores, músicos e outros profissionais criativos. A IA, em muitos casos, já está a dizimar empregos criativos!

Foi um erro crasso, em 2019, a Diretiva Europeia dos Direitos de Autor ter admitido a exceção de "mineração de texto e dados" (TDM, em inglês), que abriu assim a porta para a extração de conteúdo sem autorização com vista a treinar modelos de IA. Apesar de existir uma possibilidade de “opt out” (oposição) a verdade é que se tem mostrado inef**az porque as grandes “big tech” já mineraram todos os dados de forma opaca e nada transparente. Sem respeito pelo consentimento devido dos autores e consequente remuneração.

As artes, a escrita, a música e muitas outras expressões criativas e humanas estão à beira de serem meramente “reproduzíveis” por máquinas, o que diminui o prestígio e o reconhecimento dos criadores e desencoraja o aparecimento de novos talentos. O mundo não f**ará melhor!

Depois do tema ter sido incontornável nas últimas eleições europeias – apesar de ser uma competência nacional – sucedem-...
14/10/2024

Depois do tema ter sido incontornável nas últimas eleições europeias – apesar de ser uma competência nacional – sucedem-se estudos e relatórios que mostram que a falta de habitação é um dos temas mais caros aos cidadãos europeus e em particular dos mais jovens.

Nas próximas semanas decidir-se-á quem serão os novos comissários europeus e as grandes linhas mestras da respetiva atuação neste ciclo de cinco anos. Apesar de muito caber aos Estados-Membros – e já agora na novela nacional do Orçamento do Estado valeria a pena dedicarem um episódio a este tema!.. – a verdade é que a gravidade do problema justif**a que a União Europeia adote algumas medidas para atenuar as dificuldades de habitação e arrendamento.

A UE deveria aumentar o financiamento a projetos de habitação e reabilitação a preços acessíveis através dos respetivos programas estruturais (FEDER, FSE, InvestEU). De igual forma, devem aumentar os incentivos ou o cofinanciamento de programas nacionais que concedam subsídios de arrendamento.

É sabido que os Estados não têm capacidade para atuar isoladamente neste domínio, pelo que a construção de parcerias com o setor privado é inexorável. E há muitas formas de o fazer, seja por incentivos fiscais, acesso a fundos especiais, exoneração de taxas e emolumentos, etc. Tal parceria não pode, porém, excluir uma maior regulação dos mercados em que ostensivamente os imóveis servem apenas como ativos especulativos e não se destinam ao seu fim primeiro, a habitação.

Acresce, que há excelentes práticas em diversas cidades, regiões ou países. Basta promover o intercâmbio das políticas de habitação bem-sucedidas: seja no País Basco, o modelo de habitação social em Viena ou os limites de rendas regulamentados na Alemanha, que, em qualquer dos casos, têm sido ef**azes na manutenção de stocks de habitação a preços acessíveis.

Esta discussão, apesar de urgente e delicada, traz consigo uma oportunidade para a coesão e para o verdadeiro desenvolvimento regional na UE. Isto é, mais incentivos europeus para os mercados de habitação em regiões rurais ou menos desenvolvidas, fazendo do acesso à habitação um catalisador para a criação de emprego fora dos grandes centros urbanos.

Mi Buenos Aires QueridoA inflação anual na Argentina chegou aos 236%, em Agosto passado. Sim, leu bem, 236%! Se acrescen...
30/09/2024

Mi Buenos Aires Querido
A inflação anual na Argentina chegou aos 236%, em Agosto passado. Sim, leu bem, 236%! Se acrescentarmos que o índice de pobreza atinge 52,9% da população temos um caldo explosivo, num país de uma riqueza impressionante e com desigualdades assinaláveis. Ainda assim, Buenos Aires é amplamente reconhecida como a cidade com o maior número de livrarias per capita do mundo (são mais de 400), e essa característica reflete a sua profunda importância cultural, tanto na Argentina quanto na América Latina.

A cidade tem uma longa história de produção literária e como centro para o pensamento crítico e intelectual. Escritores mundialmente famosos como Jorge Luis Borges, Julio Cortázar, Adolfo Bioy Casares, por exemplo emergiram de Buenos Aires, consolidando sua reputação como um centro literário. Quem passa pela capital argentina tem como visita obrigatória ao “El Ateneo Grand Splendid”, uma das mais belas livrarias do mundo.

Passear na Avenida Corrientes – conhecida como a “Broadway” portenha - impressiona pela grande quantidade de livrarias, sebos e teatros, destacando o interesse contínuo da população pela leitura e pelo conhecimento. Apesar dos impressionantes números da pobreza e da inflação existem na capital portenha fortes hábitos culturais!

Aliás, Buenos Aires é também conhecida pelos cafés literários, onde intelectuais, escritores e artistas se reúnem para discutir ideias, promover debates culturais e intercambiar pensamentos. Cafés históricos como o “Tortoni” ou “De los Angelitos” abrigaram algumas das mentes mais brilhantes da cidade ao longo dos anos e simbolizam o papel central da literatura e das artes no quotidiano portenho.

A Argentina é muito mais que futebol – e ser campeã do mundo não é coisa pouca - Messi e Maradona. Buenos Aires é um importante polo de cinema, teatro e música, tem uma dimensão cosmopolita e é também um ponto de encontro de diferentes culturas. Os argentinos gostam de se apresentar como os “Europeus da América Latina” e em grande medida é verdade, pela influência espanhola e italiana que até hoje se sente no desenvolvimento cultural da cidade.

Carlos Gardel tinha razão ao escrever a música que titula este texto. Buenos Aires não nos é indiferente!

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