
07/07/2025
Já estamos em período pré-eleitoral para as autárquicas e os candidatos apressam-se a querer apresentar muitas ideias. Como raramente os programas são escrutinados e avaliados ao longo do tempo (menos ainda a final), talvez valesse a pena seguir a velha máxima do “menos é mais”! Ou seja, bastaria um ou dois projetos verdadeiramente disruptivos e catalisadores de mudança, com elevado impacto económico e social.
Coimbra, apesar da paulatina evolução ao longo dos últimos (muitos) anos, continua a viver divorciada do rio Mondego.
Elemento inquestionável da história, da cultura e da vivência desta cidade. É verdade que houve alguma reabilitação de margens, o Parque Verde e a Praça da Canção, não esquecendo a praia fluvial do Rebolim, mas ainda assim o potencial é tamanho, que nos leva a crer que ainda haverá tanto por fazer.
Em Coimbra, como em muitas outras cidades banhadas por rio com dimensão signif**ativa, este elemento natural desempenha uma multifuncionalidade, ou seja, combina usos ambientais, sociais, recreativos e culturais. Não esquecendo o valor económico de cada um deles.
O Mondego, em Coimbra, tem as condições para ser o principal elemento urbano aglutinador da comunidade, promotor de participação cívica e de fomento desportivo. Imaginem - como em Roterdão ou Munique - um canal com onda surfável; campos públicos de ténis e de padel ao longo das margens.
Por falar em margens, as do Mondego (e não apenas a Praça da Canção ou o Parque Verde) deveriam ser anfiteatros culturais por excelência. Galerias de arte abertas à criatividade de forma contínua no tempo. E não apenas palcos episódicos de eventos… como a Queima das Fitas ou a Feira Popular.
A relação entre o Mondego e o Choupal não existe. Um anacronismo injustificável. Aproximar o pulmão da cidade e o Rio é um imperativo para fazer de Coimbra um modelo de qualidade de vida e de sustentabilidade. Elementos que, hoje em dia, ajudam a fixar pessoas e a atrair riqueza.
A roda está inventada. Observem-se os bons exemplos de Paris, onde esta semana se voltou a mergulhar no Rio Sena; num projeto de décadas que passou por despoluir e criar uma piscina natural, além de festivais culturais nas margens do Sena e de largos quilómetros de ciclovia nas margens. Do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, o maior espaço cultural urbano e museológico da cidade. Ou, ainda, o Plano do Rio Isar, em Munique, para a criação de zonas recreativas.
Uma nova vida ao Mondego é possível! Haja vontade!