02/11/2025
FAI: Professor Buchala tem aumento salarial de mais de 120% nos últimos cinco anos
Por Márcio Barreto
Adamantina (SP), novembro de 2025
A transparência dos dados públicos do Centro Universitário de Adamantina (FAI) revela uma contradição que desafia qualquer lógica administrativa: o professor Rogério Buchala, que atua na instituição desde 2001, teve um aumento salarial superior a 120% nos últimos cinco anos, sob a gestão do reitor Prof. Dr. Alexandre Teixeira de Souza — justamente no período em que o curso de Administração, do qual é professor e coordenador, registrou uma queda drástica no número de alunos e concluintes.
Segundo o portal de Transparência da FAI, em janeiro de 2021, Buchala recebia R$ 8.751,99 como professor em regime jurídico CLT – Horas. Já em outubro de 2025, o mesmo docente passou a receber R$ 19.390,52, acumulando as funções de professor e coordenador de um curso que, em 2024, formou apenas quatro alunos, segundo dados oficiais do Painel Estatístico do Censo da Educação Superior (INEP/MEC).
Um curso em colapso
O curso de Administração da FAI, um dos mais antigos da instituição, encontra-se em evidente declínio. De acordo com os dados do Censo da Educação Superior, em 2024 apenas quatro estudantes concluíram a graduação, número que evidencia a falta de atratividade e o esvaziamento progressivo do curso.
Mesmo assim, a estrutura docente permanece inflada: 15 professores continuam vinculados ao curso, de acordo com informações disponíveis no próprio site da FAI. Essa desproporção entre o número de docentes e o de alunos concluintes levanta sérias dúvidas sobre a eficiência administrativa e financeira da instituição.
Fontes internas afirmam que a manutenção de tantos professores em cursos com baixa demanda tem sido justif**ada por “horas-aula complementares” e cargos de coordenação — mecanismos que elevam a folha de pagamento sem retorno acadêmico efetivo.
O aumento sem justif**ativa
Entre 2021 e 2025, o salário bruto do professor Rogério Buchala saltou de R$ 8.751,99 para R$ 19.390,52, um aumento de 121,5%. Em cinco anos, o salário mínimo teve um reajuste de 38%, enquanto o salário do coordenador do falido curso de administração da FAI cresceu mais de 120% no mesmo período - ou seja, mais de três vezes acima da evolução do salário mínimo nacional.
O mais intrigante é que tal valorização ocorreu sem a contrapartida de resultados acadêmicos, uma vez que o curso de Administração não apresentou melhoria em desempenho, avaliação institucional ou número de concluintes — pelo contrário, vive seu pior momento histórico.
Como explicar tamanha evolução salarial em um cenário de queda de matrículas e evasão estudantil? A FAI, sendo uma autarquia municipal, depende de recursos públicos e deve observar os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, previstos no artigo 37 da Constituição Federal.
O histórico do professor
Segundo o Currículo Lattes de Rogério Buchala, ele é graduado em Ciências Econômicas, mestre em Agronomia pela UNESP – Campus de Botucatu, com área de concentração em Energia na Agricultura, e especialista em Gerenciamento e Marketing pela faculdade Toledo. Atua na FAI desde 2001, lecionando nos cursos de Economia, Administração e Direito.
No site oficial da FAI, Buchala aparece como coordenador do curso de Administração, com e-mail institucional [email protected] Seu vínculo consta como Servidor CLT – Horas, com prazo indeterminado, e cargo de professor.
Uma questão de gestão — e de responsabilidade pública
A discrepância entre o desempenho acadêmico do curso e a valorização salarial do coordenador é, no mínimo, contraditória. O aumento de mais de 120% em cinco anos reforça a percepção de que a FAI carece de critérios objetivos de meritocracia e produtividade docente.
A situação expõe um possível desequilíbrio orçamentário interno, em que cursos deficitários continuam absorvendo altos custos salariais sem justif**ativa técnica ou pedagógica. Para uma instituição sustentada por recursos municipais, isso fere diretamente o princípio da eficiência administrativa e pode configurar má gestão de recursos públicos.
Enquanto o número de alunos cai, a folha de pagamento cresce. E quem paga essa conta é o contribuinte adamantinense.
O caso do professor Rogério Buchala simboliza um modelo de gestão que parece ignorar resultados e premiar a inércia.
Enquanto a FAI enfrenta queda de matrículas, perda de relevância acadêmica e evasão recorde, seus coordenadores continuam sendo recompensados com aumentos salariais incompatíveis com a realidade institucional.
A comunidade adamantinense, que sustenta financeiramente a FAI, tem o direito de saber como e por que esses reajustes ocorreram, quais critérios foram utilizados e se há responsabilidade administrativa na concessão desses benefícios.
Mais do que uma denúncia, este caso acende um alerta: a FAI precisa urgentemente de uma gestão profissional, transparente e comprometida com resultados reais — não com privilégios internos.
🧾 Fontes oficiais consultadas
Portal da Transparência da FAI (Centro Universitário de Adamantina)
Currículo Lattes – CNPq (ID Lattes: 9314383522881092)
Painel Estatístico do Censo da Educação Superior (INEP/MEC)
Site institucional da FAI – Cursos e Corpo Docente