
12/09/2025
EDITORIAL - INTIMIDAÇÃO, AGRESSÃO E CENSURA: QUANDO O SILÊNCIO SE TORNA POLÍTICA DE GOVERNO EM ALFENAS.
O Quarto Poder (4poder.net) nasceu para informar com ética e rigor, garantindo o contraditório e o debate democrático. Desde o início desse ano, temos revelado falhas e desvios na gestão pública municipal. Mas a resposta da atual administração não foi o diálogo: foi a violência.
Em 03 de setembro de 2025, nosso jornalista Fabrizzio Sanseverino, devidamente identificado com crachá e uniforme, foi covardemente agredido dentro da Secretaria de Esportes, que funciona junto ao Ginásio Poliesportivo. O agressor foi P. H. A., servidor comissionado da Secretaria Municipal da Criança, da Assistência e dos Direitos Sociais.
Segundo registrado no Boletim de Ocorrência, Fabrizzio foi atacado sem motivo aparente, recebendo tapas no rosto, chutes nas pernas e empurrões, enquanto P.H.A gritava: “Isto é pra você parar de fazer matéria em desfavor da prefeitura. Se você continuar, você vai ver.” Fabrizzio sofreu lesões constatadas em laudo médico e foi agredido em pleno exercício de sua função jornalística, o que torna o fato ainda mais grave: não foi uma briga pessoal, mas um atentado à liberdade de imprensa.
A violência não parou aí. Horas depois, surgiram novas ameaças no grupo de WhatsApp “Resenha Oficial Grupo”, cujas mensagens foram preservadas por Ata Notarial. Os áudios mostram um conluio para intimidar e humilhar publicamente o jornalista. C.R.A., irmão do agressor e também servidor comissionado, chegou a dizer: “Provocou, provocou e levou. (...) Que advogado, meu ovo. Advogado também tem que levar tapa na orelha.”
Em outra mensagem, a ameaça assumiu tom ainda mais grave:“A sorte é que entrou seis pra apaziguar, você, o A(...) e o P(...), senão o homem tava lá naquele cemitério de baixo.”Ou seja, a própria fala reconhece que a agressão poderia ter terminado em tragédia,
O episódio não se limita a dois irmãos. Um Secretário Municipal estava presente no momento da agressão e nada fez para impedir o crime ou proteger o jornalista. Outro integrante do 1º escalão, citado nas conversas, limitou-se a dizer “não entra nisso não”. Também é mencionado um outro servidor comissionado C. J., o que demonstra que a rede de apoio e de silêncio foi ampla. Essas falas são acompanhadas por M. P. G. A. J. empresário, administrador do grupo, que atua como articulador da intimidação. É dele a declaração que naturaliza a morte como possibilidade (“a sorte é que entrou seis pra apaziguar, senão o homem tava no cemitério”), bem como a tentativa de transformar a violência em rito de pertencimento (“todo lugar do Brasil tem isso, pra entrar junto na galera…”).
Há ainda tentativas de desqualificar o próprio exercício da atividade jornalística: “vocês querem entrar e botar crachá no pescoço e achar que tá com autoridade policial, eu avisei ele, ele bota o crachá e acha que tem poder de polícia.” Mais uma vez, M. P. G. A. J reforça esse discurso, ridicularizando o crachá e a identificação profissional, como se o jornalista fosse o abusador da situação. Em outra fala, chega a exaltar o agressor: “P(...), gente boa pra ca***ho, ainda cuida dessa comunidade, só ajuda o povão. (…) A turma não tem sangue barata.” Ou seja, faz apologia da agressão, legitima o agressor e tenta inverter os papéis, transformando a vítima em culpado.
Essa articulação e posterior omissão coletiva não pode ser vista como simples silêncio. Pelo contrário, levanta a dúvida se não teria havido, além da prevaricação, um verdadeiro crime de mando, em que a agressão e as ameaças se inserem num contexto mais amplo de intimidação deliberada contra a imprensa crítica à atual gestão. Há ainda a hipótese de condescendência criminosa, uma vez que superiores hierárquicos, mesmo cientes da conduta ilícita de subordinados em cargos de confiança, optaram por acobertar ou minimizar os fatos por conveniência política.
A situação se agrava ainda mais quando se constata que P.H.A e C. R.A ocupam cargos comissionados na mesma secretaria, situação vedada pela Súmula Vinculante 13 do Supremo Tribunal Federal, que proíbe nomeação de parentes até o terceiro grau para cargos de confiança na mesma pessoa jurídica. Esse fato, inclusive, estava em apuração pelo 4poder.net como pauta futura, o que reforça a suspeita de que o ataque também teve o objetivo de silenciar investigações sobre possíveis ilegalidades funcionais.
Não se pode ignorar que os envolvidos têm vínculos diretos com a atual gestão do Prefeito Fábio da Oncologia e com o Partido dos Trabalhadores - PT. O que se vê é um ambiente hostil à crítica e à fiscalização, onde a máquina pública é utilizada para intimidar e calar vozes independentes. Não estamos diante de um ato isolado, mas de uma ação orquestrada que combina agressão física, ameaça velada de morte, linchamento moral em grupo de mensagens e omissão deliberada de autoridades municipais.
O 4poder.net não se calará. Continuaremos denunciando, com provas, ética e coragem, para que a sociedade de Alfenas conheça a verdade. Exigimos a apuração rigorosa pelos órgãos competentes, a responsabilização penal e administrativa dos agressores, dos autores das ameaças e daqueles que se omitiram.
Omissão é cumplicidade!
A liberdade de imprensa é um pilar da democracia, e não permitiremos que seja destruída em nossa cidade.
Não nos calarão!