20/10/2025
O FIM DOS MACHOS? O CROMOSSOMO Y ESTÁ DESAPARECENDO, E A CIÊNCIA SOA O ALERTA: O HOMEM É UMA ESPÉCIE EXTINÇÃO
Por João Guató
Pode parecer exagero de manchete sensacionalista, mas não é: os cientistas estão de fato discutindo a possibilidade de que o cromossomo Y — aquele que determina o s**o masculino — esteja se deteriorando a um ritmo preocupante. Se essa tendência continuar, dizem os geneticistas, o homem macho, tal como o conhecemos, pode estar com os dias contados. Ou melhor, com alguns milhões de anos contados.
O símbolo da masculinidade em perigo
O corpo humano é um livro escrito em letras de DNA. Cada célula carrega 23 pares de cromossomos — os capítulos que dizem quem somos. Entre eles estão os cromossomos se***is: XX nas mulheres, XY nos homens. O Y, que vem exclusivamente do pai, é o responsável por acionar o gene SRY, uma espécie de “interruptor biológico” que faz o embrião desenvolver testículos e, a partir daí, o corpo masculino.
O problema é que esse pequeno e orgulhoso cromossomo anda em decadência genética. Enquanto o X exibe cerca de 900 genes, o Y sobrevive com apenas 55 — e boa parte deles é formada por sequências repetitivas, como se fossem páginas rasgadas e coladas de um livro antigo. Diferente dos outros cromossomos, o Y não tem dupla cópia para se recombinar e corrigir erros. Ele é passado de pai para filho, geração após geração, sem “revisão ortográfica genética”. Resultado: o desgaste é inevitável.
O que a ciência descobriu
Pesquisas recentes, como um estudo dinamarquês que analisou o cromossomo Y de 62 homens, revelaram que o Y tenta se defender com truques evolutivos engenhosos. Ele se rearranja, multiplica genes úteis e usa sequências chamadas palíndromos — trechos que se leem de frente para trás da mesma forma — para se reparar. É como se o cromossomo Y usasse o próprio espelho para remendar suas falhas.
Ainda assim, há quem diga que o estrago é irreversível. Alguns geneticistas acreditam que, em alguns milhões de anos, o cromossomo Y poderá desaparecer de vez. Outros, mais otimistas, defendem que ele está se estabilizando. A polêmica está aberta.
Quando os ratos mostram o futuro
Curiosamente, a natureza já testou esse roteiro. Em espécies de roedores do Japão e do Leste Europeu, o cromossomo Y simplesmente sumiu. E os machos não desapareceram. Eles criaram, por meio da própria evolução, um novo gene que substituiu a função do antigo Y. A seleção natural, mais uma vez, deu seu jeito.
Isso sugere que, mesmo se o Y humano for extinto, o planeta não ficará sem homens. A biologia tem uma criatividade impressionante — e a tecnologia também. A reprodução assistida e a engenharia genética já conseguem contornar várias funções do cromossomo Y, o que abre caminho para que, no futuro, casais do mesmo gênero ou homens inférteis possam gerar filhos sem depender do velho gene SRY.
O fim dos machos — ou um novo começo?
O mais curioso é que esse debate não é só biológico, mas também filosófico. A ideia de que “os homens podem desaparecer” soa como uma metáfora poderosa num tempo em que a masculinidade tradicional passa por profundas transformações culturais. A ciência fala de genes; a sociedade fala de comportamentos. E talvez as duas coisas se encontrem no mesmo ponto: a evolução.
Por enquanto, não há motivo para pânico. A humanidade ainda tem milhões de anos de prazo — e muito tempo para reinventar a si mesma. O cromossomo Y pode estar encolhendo, mas o espírito humano continua tentando se expandir.
E se o homem macho acabar mesmo, pode ser que a Terra finalmente respire em paz. Ou talvez as mulheres descubram que não precisam mais de cromossomos Y — só de bom senso, afeto e uma boa dose de paciência.