02/11/2025
Coordenadora do INEA pode ser afastada após barrar obras irregulares em Búzios
Búzios, Região dos Lagos — Ambientalistas e entidades socioambientais denunciam que a coordenadora do Núcleo Pau Brasil do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), Caren, poderá ser afastada do cargo após suposta pressão política da Prefeitura de Búzios. Segundo os relatos, a servidora estaria sendo alvo de retaliação por cumprir seu papel técnico e impedir obras e intervenções sem a devida autorização ambiental.
Entre os casos citados estão:
• Obra em frente ao Hospital Municipal de Búzios
• Loteamento na entrada da trilha de José Gonçalves, área ligada a familiares do prefeito
• Intervenções na Ponta do Pai Vitório
• Construção de resort na estrada para Cabo Frio
• Supostas grilagens em áreas das Emerências e Baía Formosa
Fontes afirmam que o prefeito estaria articulando a nomeação de Rosane Mendonça, atual subsecretária municipal de Meio Ambiente, para substituir Caren no comando da unidade.
De acordo com os denunciantes, Rosane participou representando a Prefeitura nas oficinas de revisão do Plano de Manejo da APA Pau Brasil, e agora poderia assumir a gestão da mesma área pelo INEA, o que, na visão de críticos, representaria potencial conflito de interesse e risco de aparelhamento político.
Indicação aponta proximidade política
Segundo ambientalistas, Rosane seria próxima ao prefeito Alexandre Martins e teria sido indicada por ele para assumir o posto.
Eles também afirmam que Rosane atua como fiscal do contrato da empresa Mais Consultoria, responsável pela usina de reciclagem operada por Júnior Porto, o que seria mais um elemento apontado por movimentos locais como motivo de preocupação quanto à independência da gestão ambiental.
Ressalta-se que não há, até o momento, confirmação oficial da indicação, nem posicionamento público sobre o tema por parte da Prefeitura ou do INEA.
Temores sobre enfraquecimento ambiental
"Isso fere a autonomia técnica do INEA e ameaça a integridade da gestão ambiental em Búzios e na Região dos Lagos”, dizem ativistas.
Especialistas alertam que interferências políticas em órgãos ambientais podem comprometer a fiscalização, o licenciamento e a preservação de ecossistemas sensíveis, como restingas e manguezais da região.
Até a publicação desta matéria, nem o INEA, nem a Prefeitura, nem Rosane Mendonça haviam se pronunciado.
Movimentos ambientais informaram que, caso a substituição se confirme, pretendem acionar Ministérios Públicos e órgãos de controle para investigar eventual ingerência política.