
15/07/2025
A RELIGIÃO QUIMBANDA
A Quimbanda é uma religião afro-brasileira rica em história e complexidade.
Com raízes profundas na cultura Bantu e transformações significativas no contexto brasileiro.
Aqui está uma síntese sobre sua origem, fundamentos e rituais:
Origem da Quimbanda
• Raízes Africanas:
O termo "Quimbanda" deriva da palavra quimbundo kimbanda, que significa "curador" ou "xamã".
Referindo-se àqueles que se comunicam com o além .
Originalmente, os kimbandas eram sacerdotes africanos.
Especialmente entre os Bantus de Angola e Congo, que cultuavam ancestrais (Ngangas) e praticavam cura espiritual e ritualística .
• Chegada ao Brasil:
Com o tráfico de escravos, essas tradições foram trazidas ao Brasil, onde se fundiram com influências indígenas, europeias (como a magia negra medieval) e o sincretismo católico.
Inicialmente, o culto era chamado de Ma-Kiumba ("Espíritos da Noite"), termo que posteriormente foi distorcido para "macumba".
• Diferenciação da Umbanda:
No século XX, a Quimbanda foi frequentemente associada à Umbanda como sua "linha de esquerda".
Mas muitos estudiosos e praticantes defendem que ela é uma religião autônoma, com práticas e cosmologia distintas.
Enquanto a Umbanda prioriza a caridade e os Orixás.
A Quimbanda foca no trabalho com Exus e Pombagiras, entidades mais próximas da energia terrestre.
Fundamentos da Quimbanda:
• Cosmovisão Não-Maniqueísta:
Diferente da moralidade cristã, a Quimbanda não divide o mundo entre "bem" e "mal".
Exus e Pombagiras são vistos como guardiões e mensageiros que manipulam forças positivas e negativas para equilíbrio espiritual e material.
• Entidades Centrais:
- Exus (masculinos) e Pombagiras (femininas):
Conhecidos como "Povo da Rua", atuam em encruzilhadas, cemitérios e matas.
São intermediários entre o plano espiritual e o humano, ajudando em questões práticas (amor, proteção, justiça).
- Kiumbas: Espíritos não evoluídos, distintos dos Exus, que podem obsedar os vivos .
• Conexão com a Natureza:
Os rituais envolvem elementos como fogo, terra, água e ar, além de oferendas específicas para cada entidade .
Rituais da Quimbanda:
• Oferendas e Sacrifícios:
- Bebidas alcoólicas (cachaça, vinho), velas, charutos e alimentos são comuns.
Animais (como galinhas) podem ser sacrificados em ritos específicos, seguindo tradições africanas.
- As oferendas são feitas em locais como encruzilhadas, cemitérios ou matas, considerados pontos de força .
• Trabalhos Espirituais:
- Abertura de caminhos:
Para remover obstáculos materiais ou espirituais.
- Proteção: Contra energias negativas ou inimigos.
- Amor e Justiça:
Ritualística para harmonizar relacionamentos ou resolver conflitos .
• Incorporação e Giras:
Médiuns incorporam Exus e Pomba giras em sessões chamadas "giras".
Onde recebem consultas e realizam trabalhos espirituais.
Esses rituais geralmente ocorrem à noite, horário de maior força dessas entidades .
• Assentamentos:
Objetos ritualísticos (como garrafas, facas ou imagens) são consagrados para representar e fortalecer a ligação com as entidades .
Estigma e Resistência:
A Quimbanda sofre historicamente com preconceito, sendo associada erroneamente à "magia negra" devido a interpretações cristãs e racistas.
No entanto, seus praticantes enfatizam que é uma religião de equilíbrio, ética e transformação, não de malefício.
Para aprofundar, recomendo a leitura de obras como:
Quimbanda O Reino da Noite Eterna.
Ou artigos acadêmicos como Umbanda e Quimbanda:
Alternativa Negra à Moral Branca.
Mas é preciso ficar entendido que embora se pareçam, Quimbanda é bem diferente da Umbanda.
A Quimbanda se desenvolveu a partir do culto aos orixás, especialmente Exu e Pomba Gira.
É frequentemente caracterizada por rituais envolvendo essas entidades, que podem ser vistos como opostos ou complementares à Umbanda.
Enquanto a Umbanda se concentra em práticas de cura e evolução espiritual.
A Quimbanda lida com forças mais densas e pode ser associada ao uso da magia para objetivos práticos e de transformação.
A Quimbanda se situa na fronteira entre o permitido e o proibido, o bem e o mal, refletindo a complexidade da existência.
(Pesquisa: Pai Jonathas de Ogum∴)