27/07/2025
Sentar no canto do palco, de maneira discreta, solitária, depois de décadas de altos e baixos, de gritos e aplausos, de lágrimas e recaídas. Sentar ali em silêncio, com os braços envoltos nas próprias pernas, apenas para estar. Estar por ele. Estar com ele. Estar sempre.
Esta imagem de Sharon Osbourne diz mais sobre o amor do que qualquer balada já escrita. É onde está o verdadeiro Rock and Roll. Não nos solos. Não na glória. Mas na entrega.
Quando Sharon conheceu Ozzy, ele estava no fundo do poço. Havia acabado de ser demitido do Black Sabbath — a banda que o próprio pai dela empresariava. Foi ali, trancado num quarto de hotel, mergulhado em álcool, dr**as e vozes que sussurravam o fim, que ela enxergou não o dependente químico, o derrotado, mas um artista. E mais do que isso: um homem. Ela apostou tudo — e venceu tudo.
Sharon não foi só esposa. Era a chefe da marca, das turnês, da família, da casa e dona da p***a toda. Comandou não apenas a carreira extraordinária de um astro, mas também comandou um lar onde Ozzy não era o Príncipe das Trevas, mas apenas o parceiro que ela escolheu amar — todos os dias, mesmo nos piores. Com um olhar afiado para o showbiz e outro atento para o ser humano por trás do mito, ela o reergueu com punho firme e alma inteira. Fez dele um império. E dele fez um marido. Foi ela quem manteve o nome de Ozzy relevante por mais de quatro décadas.
Enfrentou vícios, escândalos, groupies, traições, internações, recaídas. Em vez de sair pela porta, ficou. Em vez de julgar, amou. E ao amar, ergueu. Tornou-se a espinha dorsal de uma carreira solo que superou a anterior. Tornou-se mãe, avó, gestora, enfermeira, escudo e luz.
Muitos, por ignorância ou machismo, vão chamá-la de fria, de calculista, de mercenária. Mas só quem esteve por dentro sabe o que era: Sharon era o porto. O braço. A tábua de salvação. E ao contrário do estereótipo da “mulher dura”, nunca perdeu a ternura. Nunca foi menos feminina. Nunca deixou de ser mãe, de ser avó e de ser esposa, mantendo, a seu modo, uma fé inabalável na recuperação de um homem que, em sua essência, sempre foi gentil. E ela sabia desde o primeiro momento.
Sharon transformou o "príncipe das trevas" em um símbolo de redenção. Conseguiu o milagre de manter o mito vivo — e ainda assim fazer com que ele voltasse inteiro para casa. Sóbrio há três décadas, generoso com os fãs, cada vez mais lúcido sobre sua jornada, Ozzy foi muito mais que um sobrevivente. Um símbolo. Mas não sobreviveu sozinho.
Talvez o mundo ainda demore a entender o tamanho de Sharon Osbourne. Mas quem quiser falar sobre empoderamento de verdade, sem clichês, deveria começar por aqui.
A força de uma mulher que amou. E como amou.
Essa é a essência do amor, não da paixão passageira. O compromisso eterno de não abandonar. De ser abrigo.
Sharon é Rock and Roll porque o amor dela foi barulhento quando precisava, silencioso quando doía, e firme quando o mundo inteiro os chamava de loucos.
A imagem deles dois, envelhecidos, abraçados, exaustos e entregues, diz mais do que qualquer biografia. Há uma ternura ali que não se ensaia, não se atua, não se compra.
Ozzy teve mais do que sorte. Teve um amor onde juntos, ele e Sharon provaram que o verdadeiro espetáculo não está só nos palcos — está em sobreviver ao inferno de mãos dadas e sair dele cada vez mais forte, mais humano, mais eterno.
E talvez esse tenha sido, em meio ao caos, o maior milagre de sua vida.
Texto original de Maurício Nunes para A Toca do Lobo ❤️
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