04/02/2025
De volta a 1991: Bauru inaugura terceiro sambódromo do Brasil
O que talvez poucas pessoas saibam é que Bauru teve o terceiro sambódromo, inaugurado uma semana depois da abertura do mesmo espaço na capital do estado.
Por que Bauru criou um sambódromo? Como foi o primeiro desfile? Qual era o sentimento na época? Para responder a essas perguntas, vamos fazer uma viagem no tempo para o ano de 1991, por meio das notícias de jornal.
Portanto, criamos matérias que teriam saído no Social Bauru nos cinco dias que marcaram essa época para mostrar como foi o período de inauguração do Sambódromo, no dia 8 de fevereiro, e celebrar os 30 anos do espaço.
Conhecido popularmente como ‘Izzódromo’, em nome do prefeito Izzo Filho, a obra muda o panorama do Carnaval bauruense, entregando um espaço fixo e retirando a necessidade de instalar arquibancadas provisórias todo ano, além de projetar um parque de lazer no local para outros períodos do ano.
Para entregar a tempo da festa de 1991, a Prefeitura intensificou, nos últimos 40 dias, a obra do espaço, localizado na área do futuro Parque da Água Comprida, entre o núcleo Geisel e o Parque das Camélias.
A pedido da Prefeitura de Bauru visando adiantar a obra, as equipes que trabalhavam em outras obras da cidade foram deslocados para o local do Sambódromo, aumentando para 50 funcionários.
Com a aceleração, a ideia é entregar a obra nesta sexta-feira (8), como informa o Secretário de Obras da Prefeitura, João David Felício.
Para o presidente do Bauru Atlético Clube (BAC), Pedro Macéa, o sambódromo só faz sentido se tiver um uso depois do Carnaval. Já o presidente da escola de samba Cartola, Paulo Madureira, é mais otimista com o novo espaço. “A gente tinha que partir para um local fixo, com arquibancadas e outras instalações”.
Pelas ruas da cidade, a população também divide opiniões. O técnico de televisão e bauruense Nésio Martins ainda prefere os desfiles no antigo local. “O Carnaval no centro seria bem melhor”, resume. Na mesma linha, o aposentado Natalino Zamaro, 55, lembra de outros carnavais. “O Carnaval tem que ser no centro para facilitar o acesso de todos, já que é uma festa do povo”, enfatiza.
Por outro lado, outras pessoas defendem a ideia. Na Vila Independência, o ex-dirigente de escola de samba Argeu de Oliveira, 44, elogiou a mudança e diz que “o público vai se habituar com a distância”. A estudante Claudinéia José, 20, também aprova o sambódromo. “Era preciso construir um lugar apropriado para o Carnaval, longe do tumulto”, comenta.
Inaugurado menos de uma semana depois do sambódromo da capital, no Parque Anhembi, Bauru f**a na história como o terceiro sambódromo do país.
E na festa de inauguração, o que não faltou foi samba. O primeiro dia do sambódromo, batizado com o nome do jornalista José Carlos Galvão de Moura, falecido no ano passado, contou com a apresentação de parte da bateria da escola de samba Deixa Falar, comandada pelo mestre Landinho.
Império da Vila Nova Esperança
Quem abriu os desfiles foi a Império da Vila Nova Esperança. Com o tema ‘Alô, Bauru, seu programa está no Ar’, a escola de samba contou na avenida a história da comunicação radiofônica da cidade, trazendo referências sobre os programas de rádio e aspectos técnicos. A melhor atração da Império foi o acabamento das fantasias, alegorias e adereços, que utilizou materiais descartáveis, mostrando uma alternativa viável e criativa para compor os quesitos.
Deixa Falar
Em seguida, foi a vez da Deixa Falar passar pelo sambódromo, trazendo o enredo ‘Quem não tem cão, caça com gato’. A bateria comandada pelo mestre Landinho estava afinada e foi acompanhada pela animação do público, já que a escola é do Geisel, mesmo bairro do novo espaço do samba em Bauru. Entretanto, o enredo fraco (contando a rotina do bairro Geisel) e o exagero do improviso atrapalharam a agremiação.
Tradição da Bela Vista
‘De Galanga a Chico Rei: o Sonho da Liberdade’ foi o próximo tema na avenida do samba, apresentado pela Tradição da Bela Vista. Interpretando a trajetória de Chico Rei, a escola usou os grafismos africanos para representar a produção do enredo em quase todas as alas, especialmente nas fantasias de mestre-sala e porta-bandeira, destacados de branco na avenida do samba.
Mocidade Independente de Vila Falcão
Com fogos de artifício, a Mocidade Independente de Vila Falcão entrou no palco às 00h40 e fez a plateia se aglomerar para ver o desfile da escola com mais títulos em Bauru. Com o enredo ‘Amazônia no Espelho das Águas’, a agremiação deixou claro que é a melhor entre as escolas de samba de 91.
A qualidade da escola de samba esteve presente desde a comissão de frente, nos cinco carros alegóricos e especialmente na ala Boto-Cor-de-Rosa, além da poesia do samba-enredo de Paulo Roberto Mamede e João Vecchi. Além da beleza do desfile, a mensagem contra os desmandos humanos cometidos contra a natureza deu um toque especial ao desfile da Mocidade.