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Sobre História da Alimentação, receitas e sabores do mundo Sou Machadiana de coração e apaixonada por Orgulho e Preconceito de Jane Austen.

Sou historiadora da Alimentação, mãe da Marji, professora apaixonada por histórias e cozinheira amadora com uma paixão imensa pelo mundo da cozinha. Sou uma eterna aluna da vida, adoro viajar, aprender, sou ansiosa e perfeccionista dada minha condição de geminiana. Adoro compratilhar o que eu aprendo e faço pra ser lida, sentida e degustada. Então, aproveita pra conhecer e aprender mais sobre História da Alimentação e Gastronomia.

Você sabia que o Picídios ou Ipecu era uma das aves de consumo por povos indígenas da Amazônia? Spix e Martius, quando d...
16/09/2025

Você sabia que o Picídios ou Ipecu era uma das aves de consumo por povos indígenas da Amazônia? Spix e Martius, quando de sua passagem por São João,  no Amazonas, em 1819, relataram que os indígenas daquela região faziam uma provisão com o Ipecu e outras aves aquáticas da seguinte forma: "são preparadas no moquém e impensadas, todas juntas, entre os espetos da pacova-sororoca (urania amazônica), musácea árborescentes, ou de certas palmeiras, e são assim conservadas na cumeeira da Cabana (...)".(1) A cumeeira é uma estrutura localizada no lugar mais alto do telhado e tem a função de vedar as junções impedindo vazamentos.
Na belíssima ilustração temos o Ipecu, ave da qual os indígenas faziam a provisão de carne moqueada no espeto. Povos indígenas consumiam diversos tipos de aves. Muito interessante, não?
📚✍️🏽Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao de utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
📸 Albert, Eckhout: Guirataieima und Ipecu
Data: entre 1653 e 1659. Fonte da imagem:Dante Martins Teixeira: Os quadros de aves tropicais do Castelo de Hoflössnitz na Saxônia e Albert Eckhout (ca. 1610–1666), artista do Brasil Holandês . Rev. Estudado. Bras., 2009, nº. 49, pp. 67–90. ISSN0020-3874. ( Versão Online ).
(1) Spix, F., Johann Baptist von, 1781-1826.Viagem pelo Brasil (1817-1820); trad: de Lúcia Furquim Lahmeyer -- Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2017.

Domingo com receita histórica? Temos sim. A receita histórica de hoje é de um livro que eu adoro:"A Arte de Cosinha", de...
14/09/2025

Domingo com receita histórica? Temos sim. A receita histórica de hoje é de um livro que eu adoro:"A Arte de Cosinha", de João da Matta, que era cozinheiro e proprietário do GRAND HOTEL DU MATTA e do HOTEL JOÃO DA MATTA, em Lisboa, Portugal. O livro foi publicado no ano de 1876. João da Matta fez fama nas cozinhas portuguesas e tornou-se um dos maiores cozinheiros português do século XIX. (1) Através do seu livro, João da Matta nos permite observar como ao longo da História da Gastronomia as receitas apresentam aquilo que o historiador Carlo Ginzburg denominou de circularidade cultural. E não apenas as receitas como também os ingredientes. Nesta receita, o chocolate que vai para a Europa dá América  é um dos principais ingredientes. 
A receita de hoje é "Crême de Chocolate (em banho-maria)". Este crême parece muito um pudinzinho. Importante dizer que a escrita da receita trasncrita aqui é a mesma da receita original, por isso, tem palavras escritas como no século XIX. A exemplo, a palavra "assucar".
Vamos à receita:

"Cortam-se em bocadinhos 4 onças de chocolate, que se devem derreter em em lume brando,juntando-lhe um copo de água a ferver, um bocadinho de baunilha e 8 onças de assucar fino; tudo muito bem dissolvido; depois junta-se cinco copos de três ao quartilho de leite a ferver; em seguida, adicciona-se-lhe 12 gemmas de ovos e 1 ovo inteiro, passados pela peneira (estes ovos juntam-se depois do  chocolate estar frio); depois de bem mechido, deveis passar este crême segunda vez por um pano; unta-se a fôrma com manteiga clarificada, e põe- se a coser no banho-maria; em estando cosido tira-se para a travessa e serve-se".
🍴Observem que se usava a medida de "onças" que equivalia nos dias de hoje: "1 onça equivale a 38,5 gramas".
Essa é uma receita deliciosa, e o livro de receita antigo, como sempre digo é uma excelente fonte de pesquisa para àqueles que se debruçam sobre a temática.
📚✍️🏽Referências.
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📸 Acervo pessoal da autora.
(1) (2)João da Matta. Arte de Cosinha. IOE. Governo do Estado do Pará. Belém,  2017. p, 19.

Você sabia que no Pará o quibe sempre teve público certo? De influência árabe, vários lugares de comer em Belém ao longo...
11/09/2025

Você sabia que no Pará o quibe sempre teve público certo? De influência árabe, vários lugares de comer em Belém ao longo do tempo ofereciam o quibe como uma opção de salgado. O quibe do Bar Jangadeiro, na Santo Antônio era conhecido pelo sabor delicioso. Na lanchonete Santana, localizada na Boulevard Castilhos França, na Campina, por muito tempo serviam um quibe sem igual. O Quibe segundo Cláudio Fornari é assim definido: "Quibe. Iguaria árabe, hoje universal, feita de carne moída e trigo integral, havendo uma versão vegetariana que dispensa o boi. É condimentado com hortelã, podendo ser cru, cozido, assado ou fruto, e comido frio ou quente. Existe um quibe de peixe, que é pouco conhecido, porém muito saboroso".(1) Importante dizer que a influência árabe na Amazônia, e no Pará, é bastante significativa e importante.
E você gosta de quibe? Aqui em Belém qual seu lugar preferido para comer um quibe?
📚✍️🏽 Referências.
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📸 Quibe. Acervo pessoal da autora.
(1) Cláudio Fornari. Dicionário-Almanaque de comes & bebes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p, 278.

"Das pimentas - de cheiro, ardência, forma e coloração características - sempre abusaram os [indigenas] do país, fosse p...
08/09/2025

"Das pimentas - de cheiro, ardência, forma e coloração características - sempre abusaram os [indigenas] do país, fosse para estimular o paladar, fosse para perfumar os quitutes. Alguns até as comiam aos punhados - proeza vulgar no extremo-norte - ou as incorporavam ao suco de certas raízes, ao tucupi, especialmente, preparando o ARUBÉ
(UMA ESPÉCIE DE MOSTARDA, DE MASSA BRANCA E PASTOSA. ·POR CAUSA DO POLVILHO, E ARDENTE COMO
UM CAUSTICO) PORÉM MUITO MAIS SABOROSA QUE A MOSTARDA".(1)

O uso das pimentas por populações indígenas também é parte do nosso curso que começa amanhã.

A 5° turma deste curso tá linda demais!!!
Amanhã temos nosso encontro, obrigada pela confiança em meu trabalho!!!
📚✍️🏽 Referências.
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Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
📸 Acervo pessoal da autora.
(1) Panorama da Alimentação Indígena
Comidas, Bebidas & Tóxicos na Amazônia Brasileira. Nunes Pereira. Editora Livraria São José. Rio de Janeiro, 1974.

06/09/2025

✨️ 1 minuto com trecho de livro e alimentação.

O livro de hoje é um clássico da História da Alimentação e Gastronomia Paraense. Impossível não ler, Osvaldo Orico é magistral!!!!

"E existe o chibé ou Caribe, o alimento dos pobres, aquele que não falta sob nenhum teto, ainda que seja de palha.Naose vende pronto nos mercados nem nos tabuleiros do salários e praças da cidade. Cada família o faz a domicílio.  É o sustento da casa, quando não há pão, nem carne, nem peixe, nem frutas. Nem tampouco açaí que, sendo fruta, é também alimento e vale por um almoço ou jantar. Pois bem. Quando não há nada disso, surge o chibé ou caribe, a que nos referimos nos verbetes herdados de Alimentação indígena".

Na panela literária de hoje tem 🥘
Chibé e Caribé.
📚✍️🏽 Referências.
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Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
(1) Osvaldo Orico, Cozinha Amazônica (uma autobiografia do paladar) Universidade Federal do Pará, 1972. p, 46. #

Você sabia que existe uma tecnologia indígena que permitiu o uso integral da mandioca? Exatamente,e é justamente essa ca...
05/09/2025

Você sabia que existe uma tecnologia indígena que permitiu o uso integral da mandioca? Exatamente,e é justamente essa característica específica que permitiu que  a mandioca tivesse a importância que teve/tem na cultura alimentar da Amazônia.

Na belíssima ilustração de Champney, do século XIX, uma mulher extrai o sumo da mandioca no tipiti.

E se você tem interesse em conhecer mais sobre História da Alimentação na Amazônia e as práticas alimentares ancestrais vem estudar comigo no curso livre: "Alimentação na Amazônia" que acontecerá entre os dias 09, 10 e 15 de setembro. O curso acontece de maneira online.

🍃O link para inscrição com todas informações encontra-se disponível na bio. [Últimas Vagas].

🍽 Historicamente,  como é constituído um prato amazônico?
📚✍️🏽 Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
📸 Desenho de James Wells Champney (1843-1903).In: SMITH, Hebert H. The Amazons and the Coast. Illustrated from sketches by J. Wells Champney and others. New York: Charles Scribner’sSons, 1879.Título:The grater. Data:1860. Descrição:lápis e guache, pb. In:
https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/20.500.12156.3/35605

📚 Quarta-feira com receita histórica. 🫓Os biscoutos de massa. A primeira vez que eu fiz essa re está foi em 21 de agosto...
03/09/2025

📚 Quarta-feira com receita histórica.

🫓Os biscoutos de massa.
A primeira vez que eu fiz essa re está foi em 21 de agosto de 2015.
☕️É uma delícia com um cafezinho.
Estes biscoitos aparecem no primeiro livro de receitas brasileiro, datado provavelmente entre 1839/40. O livro, intitulado "O Cozinheiro Imperial", sem autor definido, assinado apenas com as iniciais R. C. M, ao que tudo indica era chefe de cozinha da Corte. Neste livro, em grande medida, as receitas são de origem portuguesa, o que demonstra muito bem as influências da cozinha lusitana no Brasil.
Segue a receita:
                       "Biscoutos de massa.
Amassada uma quarta de farinha de trigo com meio arratel de mánteiga de v***a sem sal, e meio arratel de assucar, meia duzia de gemmas de ovo, água morna com uma pedra de sal derretida nella, e estando bem sovada, fação-se os biscoutinhos do tamanho de um dedo ou argolinhas, e cozão-se em uma bacia".(1)

✍️🏼Lembrando que arrátel era uma antiga medida de peso português. Portanto,  um (2) arrátel equivale a 459 gramas.

🍴E não esqueça de me contar se você fizer a receita, o que achou. Aqui em casa foi um sucesso.
📚✍️🏽Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao de utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
📸 Acervo pessoal da autora.
1) Cozinheiro Imperial. Por R.C.M. 10° edição. Rio de Janeiro. Editora LAEMMERT & C. 1887, p, 301.
(2)Ferro, João Pedro. Arqueologia dos hábitos alimentares. Publicação Dom Quixote, Lisboa, 1996. p.78.

📍 Você sabia que foram os povos indígenas da Amazônia responsáveis pela domesticação da mandioca? Povos Originários fora...
01/09/2025

📍 Você sabia que foram os povos indígenas da Amazônia responsáveis pela domesticação da mandioca? Povos Originários foram os grandes protagonistas do cultivo, domesticação, do desenvolvimento de técnicas de preparo e formas de consumo da mandioca. Nas fotografias de hoje, temos mulheres indígenas no preparo dos derivados da mandioca.

Se você tem interesse em conhecer mais sobre parte importante da História da Alimentação na Amazônia, domesticação de plantas e práticas alimentares ancestrais vem estudar comigo na 5° turma do meu curso livre 👇🏼 [Últimas semana de inscrição]

📌"Alimentação na Amazônia", que acontecerá entre os dias 09, 10 e 15 de setembro de 2024.

✍️🏼 As aulas acontecerão em ambiente virtual.

✍️🏼 Os inscritos tem acesso às aulas gravadas pelo período de um ano [doze meses], direcionamento das leituras e dos textos em pdf, caderno de imagens em PDF e certificado.

E temos novidade...
📢Uma aula extra (aula gravada) sobre as narrativas do colonizador sobre à alimentação e o por que é errado falar que a cozinha na Amazônia é EXÓTICA.
✅️E devido a pedidos de vocês, estou formando a minha comunidade on-line, o meu grupo de estudos de WhatsApp. Se você tiver interesse, essa é a oportunidade.

📍Não vai ficar de fora!!!

📍O link para inscrição com todas informações encontra-se disponível na bio.

🍽 Historicamente,  como é constituído um prato amazônico?
📚✍🏽Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
[Lembramos que se você faz uso dos meus textos, peço que dê os créditos e faça a citação].
📸 Fotografias: Panorama da Alimentação Indígena Comidas, Bebidas & Tóxicos na Amazônia Brasileira. Nunes Pereira. Editora Livraria São José. Rio de Janeiro, 1974. Museu do índio, Paulo F. Cavalcanti, Lourival P. Salgado, Libero Luxardo, João Américo Peret e retiradas do arquivo do autor.

Domingo com receita histórica, do século XIX, publicada no livro "Dicionário do Doceiro Brasileiro", um dos livros mais ...
31/08/2025

Domingo com receita histórica, do século XIX, publicada no livro "Dicionário do Doceiro Brasileiro", um dos livros mais completos sobre a temática publicado aqui no Brasil.

📍A receita foi testada e está aprovadíssima. Os bolinhos ricos são bem saborosos e acompanhados de uma boa xícara de café fumegante ficam deliciosos. Experimenta.

No Brasil, o livro "Dicionário do Doceiro Brasileiro", de autoria de Dr. Antônio José de Souza Rego, foi publicado em 1882 e reunia  um total de 940 receitas.(1)
A obra trazia receitas variadas e diversas, tanto nos ingredientes quanto nos preparos, oscilando entre uma doçaria tradicional, aos moldes europeus, e as trocas alimentares através das influências que podiam ser étnicas, de origem e por aspectos econômicos, sem esquecer as disposições e ofertas de produtos regionais.(2)
Nesse sentido, como ressalta Burke “a identidade social está na diferença”.(3) Diferenças que se faziam nos ingredientes utilizados, nas formas de preparo e na composição final dos sabores.

📸Na fotografia de hoje temos "Bolinhos ricos".

🛎[ no carrossel a receita original, tal cono foi publicada em 1892].

✍️🏼 E não esquece de me contar como foi a experiência, se você fizer aí na sua casa.
📚✍🏽Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
[Lembramos que se você faz uso dos meus textos, peço que dê os créditos e faça a citação].
📸 Acervo pessoal da autora.
(1)REGO, Antônio José de Souza. Diccionário do doceiro brasileiro. 3°ed. Rio de Janeiro: Livraria J. G. De Azevedo, Editor. 1892, p, 109.
(2) Macêdo, Sidiana da Consolação Ferreira de. A Cozinha Mestiça uma história da alimentação em Belém. (Fins do século XIX e início do século XX). PPGHIST. UFPA,  2016.
http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/8849
(3)BURKE, Peter. O que é História Cultural? Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005, p. 78.

📍Você sabia que existe uma lista grande de beijus "catalogados" e identificados  pelos pesquisadores? Na imagem, datada ...
28/08/2025

📍Você sabia que existe uma lista grande de beijus "catalogados" e identificados pelos pesquisadores?

Na imagem, datada de 1841, temos o preparo do beiju entre os Wapixana. O beiju, alimento ancestral que foi descrito pelos cronistas como "pão indígena" é um dos temas do meu curso Alimentação na Amazônia.

E se você tem interesse em conhecer mais sobre História da Alimentação na Amazônia e as práticas alimentares ancestrais vem estudar comigo no curso livre: "Alimentação na Amazônia" que acontecerá entre os dias 09, 10 e 15 de setembro.

📍O link para inscrição com todas informações encontra-se disponível na bio.

🍽 Historicamente,  como é constituído um prato amazônico?
📚✍️🏽 Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
📸SCHOMBURGK, R. Twelve Views in the Interior of Guiana. London: Ackermann & Co.1841.
📸Beiju de Cica, acervo pessoal da autora.

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Belém, PA

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