21/10/2023
O meio-campo Ataa Jaber nasceu em Majd al-Krum, cidade de maioria árabe ao norte de Israel. Descoberto por um olheiro aos 12 anos, começou a atuar pelo Maccabi Haifa, segundo maior vencedor do futebol no país. Destaque na base, Jaber foi convocado em 2015 para a seleção sub-21 de Israel. No time, ele atuou por 8 partidas, a maioria como capitão. Foi o primeiro palestino a usar a braçadeira de capitão. Uma passagem, porém, cercada por polêmicas. Ataa chegou a ser alvo de ameaças e insultos de torcedores israelenses. Na seleção principal, Jaber nunca teve oportunidades. Pesou o contexto político. O jogador é descendente dos "Palestinos 48", como ficaram conhecidas as famílias árabes que viviam em regiões demarcadas como Israel no Plano de Partição da Palestina, executado em 1948. Com as raízes árabes, e seguindo o conselho de um amigo, Jaber decidiu, então, mudar sua nacionalidade na FIFA. O motivo? As tensões políticas e as recentes disputas no bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém, em 2021. Na ocasião, a Suprema Corte decidiu pela retirada das famílias árabes da região, o que resultou em confrontos e bombardeios dos dois lados. O processo de naturalização demorou dois anos e, com a mudança, ele passou a atuar pela seleção da Palestina. Jaber hoje atua no
Neftçi, do Azerbaijão, e é figura cativa no time palestino. O próximo passo é conseguir reunir a seleção para tentar uma vaga na Copa do Mundo. Por mais de uma vez, os jogadores tiveram os vistos recusados para deixar Israel, o que tornou a seleção um apanhado de atletas que atuam fora da Palestina. Em 16 de novembro, a seleção tem jogo marcado contra o Líbano, pelas eliminatórias do Mundial. A realização do jogo ainda é incerta. Mas, se houver, Ataa Jaber estará em campo. Ainda dizem que futebol é só um jogo.