05/06/2025
Por Vavaldo De Rozimira
Na década de 1980, o Bar Rei das Batidas, localizado na Avenida Valdemar Ferreira, no bairro do Butantã, em São Paulo, tornou-se um ponto icônico de efervescência cultural e intelectual. Frequentado por estudantes e professores da Universidade de São Paulo (USP), o local era um verdadeiro reduto de discussões filosóficas, debates políticos e encontros artísticos. Foi nesse ambiente de boemia e reflexão que Raul Seixas, uma das figuras mais emblemáticas da música brasileira, marcou presença com frequência. Conhecido por seu espírito contestador e sua busca por liberdade criativa, Raul se encaixava perfeitamente no cenário livre e irreverente do bar, onde passava horas trocando ideias e saboreando as famosas batidas da casa.
Raul Seixas, nascido em 28 de junho de 1945, já era um ícone consolidado do rock brasileiro nessa época, com sucessos como “Maluco Beleza”, “Metamorfose Ambulante” e “Sociedade Alternativa”. Sua presença constante no Butantã refletia não só sua paixão pela música e pela filosofia, mas também seu profundo interesse pelas ideias libertárias e contraculturais. O Bar Rei das Batidas oferecia um refúgio criativo onde Raul podia interagir com jovens mentes brilhantes da academia paulista, nutrindo suas composições com influências que iam desde Aleister Crowley até a literatura existencialista. Em um período marcado por transformações políticas no Brasil, com o fim da ditadura militar e a redemocratização, esses encontros adquiriram um caráter quase revolucionário.
A imagem de Raul Seixas nesse contexto é mais do que um registro casual: é um símbolo da conexão entre a arte e a intelectualidade em São Paulo nos anos 80. O Bar Rei das Batidas entrou para a história como um espaço de liberdade de expressão, onde a boemia servia de palco para reflexões profundas e criações inspiradas. A memória desses momentos, preservada por registros como este, revela um lado menos conhecido, porém essencial, de Raul: o pensador urbano que encontrava, nos bares e nas rodas de conversa, o combustível para transformar ideias em hinos de uma geração.