14/07/2025
A partir do dia 12 de julho, Projeto “Era Uma Vez... Brasil” promove acampamento educativo com oficinas e vivências em aldeia indígena e quilombo para mais de 100 alunos da rede pública municipal
Num Brasil onde tantas vozes ainda são silenciadas nos livros didáticos, há estudantes que começam a reescrever e viver a própria história. Em Belo Jardim, no Agreste pernambucano, mais de 100 adolescentes da rede municipal de ensino se preparam para uma jornada transformadora: entre os dias 12 e 18 de julho, eles participarão de um acampamento educativo imersivo que une arte, identidade, memória e pertencimento. A vivência faz parte da etapa “Campus de Arte-Educação” do projeto “Era Uma Vez... Brasil”, que, em novembro, levará parte dos participantes para um intercâmbio cultural de 10 dias em Portugal. Na região, o projeto conta com patrocínio do Grupo Moura, por meio do Instituto Conceição Moura, que apoia o “Era Uma Vez... Brasil” pelo nono ano consecutivo, e com o suporte da Secretaria Municipal de Educação de Belo Jardim. O projeto conta com o apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, pelo Ministério da Cultura - Governo Federal.
Nesta nona edição, o projeto traz como tema “Quem conta a nossa história? A participação indigena e afro-brasileira na formação do Brasil”, propondo reflexões sobre a formação do país a partir da contribuição indígena e afro-brasileira, vozes frequentemente apagadas da narrativa oficial. Os alunos selecionados vivenciarão oficinas de audiovisual, roteiro, som, interpretação e fotografia, além de experiências imersivas em dois territórios ancestrais: no dia 15, no Quilombo Barro Branco, na zona rural de Belo Jardim e na Aldeia Pedra D’Água (Espaço Mandaru), dos Xukurus do Ororubá, em Pesqueira no dia 16.
“O nosso foco é valorizar a perspectiva dos povos indígenas e afro-brasileiros na formação identitária e cultural do Brasil, exaltando a ancestralidade, a pluralidade e o antirracismo como princípios pedagógicos. Trabalhamos com conceitos como afrocentricidade, indigenismo e ecossocialismo de forma transversal em todas as etapas do projeto”, explica Marici Vila, diretora executiva da Origem Produções, idealizadora da iniciativa.
Do papel às telas: HQs e curtas revelam novos olhares sobre a história
O projeto é dividido em quatro etapas. A primeira, chamada “Fatos Históricos” e finalizada em maio, mobilizou professores de História do 8º ano de 16 escolas municipais, que participaram de encontros de formação com foco em temáticas indígenas e afro-brasileiras. A partir dessas formações, os docentes estimularam a produção de conteúdos autorais com seus alunos, que resultaram em mais de 460 histórias em quadrinhos (HQs) e vídeos.
As 100 HQs mais criativas garantiram aos autores a participação nesta etapa do campus. Ao longo da imersão, os estudantes também produzirão curtas-metragens que servirão como critério para a seleção final dos jovens que embarcarão para Portugal. Os nomes dos intercambistas serão divulgados em agosto, durante evento na cidade.
As HQs mais bem avaliadas no Brasil todo ainda serão publicadas em uma coletânea impressa e distribuída em escolas e bibliotecas no Brasil e em Portugal, ampliando o alcance das vozes e visões desses jovens sobre a verdadeira história do país.
Nesta edição, o “Era Uma Vez... Brasil” amplia seu impacto, atuando simultaneamente em 4 estados e 16 cidades brasileiras: Lençóis Paulista, Macatuba, Areiópolis, Ribeirão Preto, Brodoskwi, Quatá e Paraguaçu Paulista e Serrana (SP); Salvador, Mata de São João, Camaçari, Varzea do Poço e Jacobina (BA); Recife e Belo Jardim (PE); e, a estreante, Paranaguá (PR).