13/12/2025
ARTIGO
DA CLT AO CNPJ: OS DESAFIOS DE QUEM BUSCA EMPREENDER NO BRASIL INSTÁVEL
Por Sinomar Augusto do Nascimento
Diante de décadas de instabilidade econômica, muitos brasileiros têm repensado a permanência no mercado formal de trabalho e cogitado migrar para o empreendedorismo. Desde os anos 1990, o país enfrenta sucessivos planos econômicos, crises e inseguranças que afetam diretamente a renda e as perspectivas profissionais. Um marco desse período foi 1992, quando o confisco da poupança abalou a confiança da população e fez crescer o desejo de buscar oportunidades no exterior, desejo que muitos, inclusive o autor, já experimentaram.
A migração, no entanto, traz seus próprios desafios: a adaptação cultural, o domínio de um novo idioma, o afastamento da família e, muitas vezes, a ocupação de trabalhos de menor qualificação, rejeitados pela população local. Por isso, a decisão de deixar o país costuma exigir ponderação e planejamento.
No Brasil, profissionais de nível gerencial mantiveram, até meados de 2014, um padrão de vida confortável. Era possível sustentar um imóvel em condomínio fechado, pagar escolas particulares, clubes, cursos extras, viagens nacionais e internacionais, além de manter dois carros novos na garagem. Esse cenário, porém, começou a mudar com a intensificação da globalização a partir de 2007. As empresas multinacionais passaram a comparar custos e lucros de forma minuciosa entre países, pressionando suas operações no Brasil.
Para garantir metas e preservar bônus e salários, muitos executivos adotaram políticas de redução de custos que incluíram cortes de pessoal, diminuição de salários e enxugamento de despesas, muitas vezes sem considerar riscos trabalhistas, tributários ou a perda de conhecimento institucional causada pela saída de funcionários experientes.
Diante desse ambiente, cresce o número de gerentes, supervisores e diretores que buscam abrir o próprio negócio como forma de manter a renda que tinham no regime CLT. A principal dúvida é: em que setor empreender? Comércio, indústria ou serviços? Como avaliar a rentabilidade de um mercado? Seria mais vantajoso abrir um supermercado, uma loja de roupas, um estacionamento ou uma revenda de carros usados?
A falta de visão global, comum a quem sempre atuou ap***s como parte de um processo dentro de grandes empresas, torna a transição arriscada. Muitos novos empresários desconhecem noções essenciais de marketing, gestão financeira, recursos humanos, contabilidade, legislação tributária e relacionamento com clientes. E a sobrecarga de tarefas pode comprometer ainda mais a qualidade do negócio.
Para quem deseja ingressar no empreendedorismo, a recomendação é clara: busque orientação especializada. O apoio de profissionais qualificados ajuda a evitar desperdício de tempo, esforço e capital, recursos que, no futuro, podem ser determinantes para o sucesso ou fracasso da empresa.
Empreender é, sim, uma oportunidade de mudança e crescimento. Mas exige planejamento, conhecimento e precaução para garantir a sustentabilidade financeira e a segurança da família que passará a depender desse novo projeto.
Sinomar Augusto do Nascimento é colunista voluntário do Jornal Edição Extra.