
12/09/2025
🎥 Vidas passadas
O filme é dirigido pela estreante Celine Song (canadense, mas de origem sul-coreana), relata de forma delicada, profunda e muito pessoal o dilema de pertencer a duas culturas e trata de temas como o senso de destino, os sacrifícios necessários para se tornar alguém e as formas misteriosas com que o amor molda nossas vidas. A história é a de dois amigos de infância que cresceram em Seul. Algo poderia se desenvolver entre eles, mas a família dela emigra para os Estados Unidos e os dois se separam. Nora (esse é o nome ocidental que Na Young assume ao se mudar, um sinal da nova pessoa que ela se tornará) vive primeiro em Toronto e depois em Nova York, onde persegue seu sonho de se tornar escritora. Os dois se reencontram quase que por acaso 12 anos depois, mas a vida atrapalha e o “confronto” acontece depois de mais 12 anos, quando Hae Sung finalmente chega a Nova York para encontrar Nora, agora casada com o americano Arthur. O conceito central do filme, o “In-Yun”, pertence à cultura budista coreana e é uma palavra quase intraduzível para nós: um meio-termo entre o destino e a providência, capaz de reunir duas almas que estavam conectadas em vidas anteriores. Como isso intervém na vida de Hae Sung, Nora e seu marido Arthur é algo que o espectador descobre pouco a pouco junto com eles e leva o filme a uma conclusão que é tão surpreendente quanto satisfatória. As “vidas passadas” de Nora aqui não devem ser entendidas em um sentido metafísico, mas em um sentido existencial: seu encontro com Hae Sung permite que ela finalmente faça as pazes com seu passado, sem voltar atrás em suas escolhas, mas sem negá-lo.
👉 disponível nos streamings de Telecine, YouTube, Apple TV, Amazon Prime Video e Google Play Filmes
📌 por Laura Cotta Ramosino (), publicado na Passos n. 266, mar-abr/2024