11/07/2025
ENTRE SOLIDÃO E SUPERAÇÃO
DU XIMENES CRUZA AS AMÉRICAS DE MOTO E ALCANÇA O TOPO DO CONTINENTE
Cruzar sozinho o continente americano de moto foi o desafio encarado por Du Ximenes, que partiu de Bragança Paulista rumo ao Alasca. Em 85 dias sobre a BMW GS 1250 — apelidada de Pantera Negra — ele percorreu cerca de 32 mil quilômetros pela lendária Rota Pan-Americana, atravessando 16 países e enfrentando condições extremas.
A jornada começou em 15 de abril e exigiu mais do que preparo físico: foi um teste de resistência mental e emocional. “Foram dias de frio, calor extremo, estradas ruins e o medo do desconhecido. É preciso estar muito firme no propósito”, conta o motociclista.
Du enfrentou rajadas de vento de 90 km/h na Patagônia, temperaturas negativas na Cordilheira dos Andes, sensação térmica de -10°C na Argentina e no Chile, tempestades tropicais no México e calor de 40°C no Texas. Na América Central, lidou com estradas precárias, trânsito caótico e regiões politicamente instáveis.
Apesar das dificuldades, viveu momentos de contemplação e beleza, acampando em cenários naturais deslumbrantes e conhecendo culturas diversas. “Estar em lugares que são ícones do motociclismo mundial, respirando aquele ar, é inesquecível”, afirma.
Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala, México, EUA e Canadá fizeram parte do roteiro. A cada parada, uma nova descoberta — e uma certeza: o mundo é muito maior e mais diverso do que se imagina.
A solidão também marcou a viagem. “Em alguns momentos, era bem-vinda. Em outros, um peso enorme. Havia trechos em que nem conversar comigo mesmo era fácil.” Segundo Du, a disciplina foi essencial para seguir em frente, dia após dia.
A chegada ao Alasca trouxe uma sensação única de realização. “Cheguei exausto, mas leve. Superei tudo. Essa conquista é uma das maiores da minha vida.” Agora, Du inicia o retorno: seguirá até Miami, enviará a moto ao Paraguai por navio e voltará ao Brasil de avião. “Mais do que uma viagem, foi um mergulho dentro de mim mesmo.”