09/01/2024
Acordos de Abrão resistem à guerra com o Hamas
Em reuniões da Liga Árabe e da Organização da Cooperação Islâmica realizadas em Riad, a Arábia Saudita, Egito, Jordânia, Mauritânia e Djibuti e os países árabes que integram os Acordos de Abraão – UEA, Bahrein, Marrocos e Sudão – bloquearam as propostas de medidas concretas anti-israelenses. O encontro concluiu apenas com uma resolução que condenava a “agressão israelense” e os “crimes de guerra” em Gaza e anunciou desideratos que não poderia executar: que a ONU implementasse um cessar fogo e a comunidade internacional bloqueasse vendas de armas a Israel.
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Acordos de Abrão resistem à guerra com o Hamas
(Scroll, 13.11; Times of Israel, 11.11; Aryeh Tapper, White Rose Magazine, 25.12)
Em reuniões da Liga Árabe e da Organização da Cooperação Islâmica realizadas em Riad, a Arábia Saudita, Egito, Jordânia, Mauritânia e Djibuti e os países árabes que integram os Acordos de Abraão – UEA, Bahrein, Marrocos e Sudão – bloquearam as propostas de medidas concretas anti-israelenses. O encontro concluiu apenas com uma resolução que condenava a “agressão israelense” e os “crimes de guerra” em Gaza e anunciou desideratos que não poderia executar: que a ONU implementasse um cessar fogo e a comunidade internacional bloqueasse vendas de armas a Israel.
Por outro lado, foram rejeitas as propostas de efeitos práticos ou contundentes propostos pelos anti israelenses: impedir a transferência de armas das bases americanas na região a Israel, suspender todos os contatos diplomáticos e econômicos com o país, interromper o tráfego aéreos nos espaços aéreos do Golfo, cortar vendas de petróleo aos EUA e enviar uma delegação conjunta aos EUA, Europa e Rússia para pressionar por um cessar fogo.
Igualmente rejeitadas foram as propostas iranianas de designar as Forças de Defesa de Israel como uma “organização terrorista” e de apoiar a “eliminação de Israel”. Em vez disso, foi aprovada uma declaração em favor da solução dos dois estados baseada nas fronteiras de 1967.
Aryeh Tepper, da Federação Sefardi Americana, comentou que no mundo islâmico há regimes tolerantes, voltados ao futuro, que se opõem aos islamistas, assim como acadêmicos e clérigos que querem um futuro pluralista para o Oriente Médio, o que inclui a paz com Israel e por isso aderiram em 2020 aos Acordos de Abraão. Assim não se deve permitir que o Hamas apareça como vitorioso porque isso inspiraria islamistas ao redor do mundo e atrairia novos recrutas para a sua causa.
(N. da R.: Os governos dos países árabes não podem ignorar a enorme simpatia de que desfrutam os islamistas nos seus países. O ódio e desprezo aos judeus vem de longe e tem raízes na pregação religiosa, no próprio Corão, nos preconceitos sociais (os judeus são seus inferiores, deveriam continuar submetidos aos árabes), Israel oprime os palestinos, ocupa uma terra que já foi muçulmana e por isso deve voltar a sê-lo até “o fim dos tempos”, Israel “ameaça” destruir a Mesquita de Al-Aqsa.
Com a repetição dos conflitos entre Israel e os palestinos, os governos moderados desenvolveram uma política que consiste em criticar e votar contra Israel na ONU e em outras oportunidades, notadamente na Liga Árabe e na Organização da Cooperação Islâmica, onde se encontram os islamistas e demais inimigos de Israel, como Irã, Síria, Paquistão, Afeganistão, Turquia, Catar, Iraque, Malásia e Indonésia, para citar os mais evidentes. Por outro lado, como relatado, conseguem impedir decisões dos foros muçulmanos que contradigam seu interesse de prosseguir com a política de cooperação com Israel.
Levou décadas até que que um grupo significativo de países árabes e muçulmanos optasse pela tolerância e a paz, ao se darem conta de que os islamistas eram uma ameaça constante de subversão de seus regimes e que dois países não árabes, Irã e a Turquia, com evidentes ambições de hegemonia na região, recorrem às causas palestina e islâmica para incitar à radicalização das populações árabes e assim enfraquecer os regimes que resistem às suas pretensões.
Sobretudo devido ao expansionismo militar iraniano, diretamente e através dos seus mandatários ou dependentes (Hamas, Hezbola, Huthis, milícias iraquianas), à perspectiva do Irã tornar-se um país dotado de arma nuclear e ao enfraquecimento, desde o governo Obama, da confiança nas garantias de apoio americano à sua segurança aproximou os moderados de Israel. As próprias políticas internas desses países, voltadas ao desenvolvimento econômico e à melhoria das condições sociais e à modernização dos costumes, a uma aproximação e boa convivência com o Ocidente e com parte de seus valores, os leva a afastar-se dos islamistas e a tratar de neutralizar sua ferrenha oposição).