07/10/2025
Ao saber que está proibido pela Lei Magnitsky de dar as caras nos Estados Unidos, Luís Roberto Barroso reagiu com uma frase que mistura ironia e indiferença. “Sempre haverá Paris…”, desdenhou. A Cidade Luz não basta, informam mudanças visíveis a olho nu. Festas e cantorias já não são tão frequentes, os vincos no rosto denunciam noites mal dormidas. Até as sobrancelhas habitualmente irretocáveis andam desfiguradas por dois ou três fios fora do lugar. A melancolia se abranda só quando discursa. Barroso adora ouvir a própria voz. Deve ser por isso que anda mais falante do que nunca.
Em programas na TV, palestras, solenidades oficiais e conversas fora da agenda, o ministro repete que, nestes dois anos em que presidiu a Corte, o Supremo restaurou de vez a saúde da democracia ameaçada pelos manés da extrema direita e garantiu a lisura das eleições que derrotaram o bolsonarismo. Ainda estamos longe da perfeição, mas chegaremos lá. Barroso promete que o Supremo vai “recivilizar o Brasil”. Tão audacioso projeto incluiu “a reocupação pela imprensa tradicional do espaço perdido para a internet”. De saída da presidência do Supremo, ele acha que as redes sociais mentem muito, não filtram o que publicam e acabam poluindo com uma imensidão de fake news o noticiário bem mais cuidadoso dos jornais, telejornais e revistas de antigamente.