29/10/2025
UM BECO SEM SAÍDA
“Existem somente padrões, padrões sobre padrões, padrões que afetam outros padrões. Padrões ocultos por padrões. Padrões dentro de padrões. Se você observar atentamente, a história não faz nada além de se repetir. O que chamamos de caos é somente padrões que não reconhecemos. O que chamamos de aleatoriedade é apenas padrões que não conseguimos decifrar. Chamamos o que não compreendemos de bobagem. O que não conseguimos entender chamamos de tolice. Não existe livre-arbítrio. Não existem variáveis.” (Sobrevivente, Chuck Palahniuk)
É com essa epígrafe que a escritora e jornalista Julia Michaels inicia o seu livro “Rio de Janeiro: como chegamos aqui?” (Cambucá, 2020). Momento mais do que propício para revisitar a obra. Que engrenagem é essa que gira, gira e não sai do lugar? Michaels investigou por anos o esquema que deixa o carioca sem saber se o Rio tem jeito.
O livro é uma viagem pessoal para dentro da metrópole dita maravilhosa, compartilhada com quem quer entender suas dinâmicas políticas, sociais e empresariais. Um painel da euforia à depressão, que se inicia em 2009, quando o Rio é escolhido como sede da Olimpíada, estendendo-se até 2018, quando os cariocas passam a lidar com uma realidade triste e desconcertante. Uma realidade que nos faz entender 2025.
F**a o convite para Julia Michaels abordar o que aconteceu no Rio de Janeiro entre 2019 até o momento atual.
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Julia Michaels nasceu em Boston, nos Estados Unidos, e mudou-se para o Brasil em 1981. Demorou décadas para começar a fazer perguntas sobre a cidade na qual morou por mais tempo na vida: o Rio de Janeiro. Mas os questionamentos, afinal, surgiram e, em 2010, criou o RioRealblog – um site bilíngue com o qual acompanhou importantes transformações na região metropolitana da Cidade Maravilhosa. Em 2021, fundou a FullCircle, startup sediada nos EUA voltada à criação de uma plataforma digital para a diáspora africana.