07/07/2025
Seis Meses de Governo Leca: Avanços tímidos, desafios evidentes.
No último dia 30 de junho, a gestão da prefeita Leca completou seis meses à frente da administração municipal. Embora o início de mandato seja sempre marcado por desafios e ajustes, já é possível observar sinais do ritmo que o governo deve imprimir nos próximos anos. Há esforços em andamento, mas também críticas crescentes quanto à lentidão administrativa, à desorganização e ao distanciamento entre a prefeita, os vereadores e a população.
Burocracia, má gestão e ritmo lento
Segundo relatos de servidores públicos e moradores, a burocracia e a falta de sintonia entre os departamentos têm prejudicado o andamento da máquina pública. A integração entre setores é falha, dificultando a efetividade das ações governamentais. Mesmo com algumas iniciativas como reformas em escolas, quadras e melhorias em espaços públicos, o ritmo das entregas tem sido considerado aquém do esperado.
A prefeita, embora demonstrando vontade de cumprir o que prometeu em campanha, encontra resistência interna e externa. A perda de apoio de alguns vereadores, antes presentes em fotos e eventos oficiais, agora ausentes, acende um alerta. A falta de diálogo entre Executivo e Legislativo compromete a agilidade nas soluções para os problemas do município.
Recursos em caixa, mas execução limitada
De acordo com a administração anterior, mais de R$ 12 milhões teriam sido deixados em caixa. Dois milhões estariam destinados ao recapeamento das vias urbanas — obra ainda não concluída. A percepção de parte da população é de que os recursos existem, mas não estão sendo utilizados com a celeridade esperada.
Estância turística e risco de perda de título
Outro ponto de atenção é o Plano Diretor do município, que precisa ser atualizado até 2026. Caso contrário, Brotas corre o risco de perder o título de Estância Turística, com consequente corte de investimentos no setor. A ausência de movimentações mais claras nesse sentido preocupa especialistas.
Mudanças questionáveis na estrutura administrativa
Decisões administrativas, como a troca entre o prédio do CRAS e da Creche Mazé, têm gerado críticas. Especialistas na área social apontam falta de planejamento e justificativa técnica para a mudança. Além disso, a Guarda Civil Municipal (GCM) permanece com a mesma estrutura da gestão anterior, e a população cobra ações mais efetivas de segurança. Iniciativas importantes, como o fortalecimento do CONSEG, a ronda escolar e a volta das câmeras de segurança em pontos estratégicos, seguem pendentes. A ausência de câmera na Praça do Jardim Felicidade, por exemplo, causa preocupação entre moradores, que questionam se o problema é falta de verba ou gestão.
Projetos de lei e a polêmica dos cargos comissionados
Um dos projetos mais discutidos foi o Projeto de Lei 03/2025, que extingue 39 cargos, mas cria outros 25 com salários mais altos. Houve ainda o reajuste salarial para auxiliares de creche — medida positiva —, mas que deixou de fora outros servidores, como encarregados de transporte. A promessa de valorização ampla do funcionalismo público ainda não se concretizou, sendo substituída apenas pelo reajuste via IGPM.
A ausência de um plano de cargos, carreiras e salários também é alvo de críticas. Foram apenas dois aumentos de referência. A criação de um plano na educação, por exemplo, segue aguardada.
Uniformes e transporte escolar: promessas em espera
Seis meses após o início da gestão, os alunos ainda não receberam uniformes escolares. Há informações de tentativa de mudança nas cores oficiais do município, o que gerou questionamentos. A falta de transporte gratuito para estudantes que cursam fora da cidade promessa de campanha também gera frustração. Além disso, o transporte público municipal é alvo constante de reclamações, mesmo quando pago pelos usuários.
Saúde: promessas não cumpridas
Na área da saúde, promessas importantes seguem em aberto. A ampliação da equipe com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos e neuropediatras não foi realizada. O CAPS carece de estrutura adequada, e a promessa de descentralização da farmácia municipal para os postos de saúde ainda não saiu do papel. A entrega de medicamentos domiciliar a pacientes acamados também não foi implementada.
Outras ações, como ampliar o atendimento odontológico, contratar especialistas para os distritos do Broa e Patrimônio, e ajustar os horários das creches às necessidades das famílias, também permanecem pendentes. A proposta de preparar a merenda em cada escola ainda não se concretizou.
Nepotismo e desgaste político
Há ainda denúncias de possíveis casos de nepotismo na contratação de cargos comissionados, o que vem desgastando a imagem da administração. A promessa de profissionalizar a gestão pública, com foco técnico e transparente, vem sendo questionada por servidores e parte da população.
Conclusão: o desafio da reconstrução da confiança
A avaliação geral é de que a gestão ainda patina em diversas áreas. A população aguarda o cumprimento das promessas de campanha, especialmente as consideradas "prioridade zero". O distanciamento entre Executivo e Legislativo, e a falta de posicionamento claro de alguns vereadores, também têm sido motivo de críticas.
Como bem define uma máxima da administração pública:
Boa gestão pública é aquela que serve ao povo com transparência, eficiência e responsabilidade, colocando o bem comum acima de interesses pessoais.
Resta à prefeita Leca transformar a boa vontade em ações efetivas e, acima de tudo, retomar o diálogo com quem realmente importa: o povo.
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