12/12/2024
Em um evento que une fé, tradição e história, a nova Sinagoga Beit Shalom será reinaugurada na cidade de Mocajuba, representando um marco significativo para a preservação do judaísmo na região Tocantina e amazônica.
Nesta última segunda-feira (09/12/24), ocorreu a visita da comitiva israelita liderada pelo Rabino Aron Kurc, que percorreu nas cidades de Cametá e Mocajuba para conhecer a história, a comunidade local, como o cemitério judaico de Cametá e os famosos botos de Mocajuba.
A região, que inclui Cametá, Baião e Mocajuba, é considerada por historiadores uma área de forte imigração do judaísmo na região Tocantina e amazônica. Durante o período colonial, essas cidades abrigaram uma das mais antigas comunidades judaicas do país, formada principalmente por famílias sefarditas que chegaram após a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, em 1814.
A antiga sinagoga de Cametá, estabelecida oficialmente entre 1824 e 1825, foi chamada inicialmente de Beit Shalom (Casa da Paz) e posteriormente registrada como "Sinagoga dos Hebraicos". Antes disso, as reuniões religiosas ocorriam de forma clandestina, nos fundos dos comércios e nas cozinhas das moradias dos judeus que moravam nas cidades, rios, e vilas de Cametá e região. Como por exemplo a família Cohen, de Carapajo e rio dos Cohen (Rio Guajará de Cima). Essa família foi uma das primeiras a se estabelecer na cidade.
Com a tolerância religiosa promovida pelo governo imperial, a comunidade floresceu, deixando um legado que perdura até os dias de hoje.
A Resistência ao Longo dos Séculos
Embora o judaísmo na região tenha enfrentado desafios ao longo do tempo, cerca de meia dúzia de famílias continuam a manter vivas as tradições religiosas em Cametá e Mocajuba. Essas famílias, incluindo os Cohen, Benassuly, Benshimon, Chaves, Brunner, Sarraf, Berardelli e Pinto, se uniram para restaurar a antiga comunidade e construir a nova Sinagoga Beit Shalom em Mocajuba.
A reinauguração da Sinagoga Beit Shalom receberá a visita do Rabino Moysés Elmescany, um famoso rabino sefardita no Brasil e outros rabinos de I'srael.
"A nova sinagoga é um renascimento. É um local onde nossas famílias podem se reunir para rezar e praticar a fé, como faziam nossos antepassados" disse o Dr. Everton Benassuly.
Segundo levantamentos históricos, a antiga comunidade judaica de Cametá era formada por famílias que viviam divididas entre as cidades de Cametá, Mocajuba e Baião.
Famílias antigas registradas em Cametá: Foinquinos,
Bensimon, Cohen, Levy, Israel, Tobelem, Zagury, Athias, Serruya, Benchimol, Azulay, Nahon, Abecassis, Benoliel, Benarrosh, Bentes, Abensur, Benzecry, Bermeguy, Benmuyal, Elarrat, Larrat, Benguigui, Laredo, Hamú, Roffe, Sicsu, Obadia, Benoliel, Coelho, Amzalak, Nahmias, Albuquerque, Carvalho, Perez e outros.
Famílias antigas registradas em Mocajuba:
Benassuly, Sabbá, Manesch, Sarraf, David, Bendelak, Sefarty.
Famílias antigas registradas em Baião:
Azancot, Bohadanna, Bensaquem, Namias, Benahon, Ephima, Favacho, Moreno, Perlaz.
A reconstrução da sinagoga e o fortalecimento da comunidade representam um marco histórico e cultural que une fé, tradição e resiliência na Amazônia.
Diário de Cametá