28/07/2025
CÉREBROS, NÃO TRATORES, MOVEM A AGRICULTURA
Evaristo de Miranda
28 de julho é o Dia Nacional do Agricultor, instituído em 1960 para homenagear o centenário da criação do Ministério da Agricultura pelo Imperador Dom Pedro II (Decreto 1.067). Os agricultores merecem ser mais conhecidos e reconhecidos, dado o papel fundamental da agropecuária no desenvolvimento atual e futuro do país.
Nenhuma categoria se profissionalizou tanto e viveu transformações tão intensas como a do agricultor, nos últimos 40 anos. Graças ao seu trabalho, resiliência, empreendedorismo e capacidade de inovar, longe da tutela estatal, o país deixou de importar alimentos e é um grande exportador.
O abastecimento interno é atendido com produtos nacionais, mais baratos e de melhor qualidade. Em 1970, o brasileiro comia em média 3kg de frango por ano. Em 2024, o consumo médio foi de 46 kg. A diversidade da oferta de frutas, verduras e legumes nos supermercados supera a da maioria dos países, assim como nos derivados lácteos.
De 1973 para cá, 20 produtos da cesta básica tiveram redução de preço. Onde cresce o PIB do agro, cai a desigualdade, aumenta renda e emprego. Em 2024 houve outro recorde com 28,2 milhões empregos no agro. Esse desenvolvimento rural beneficia, sobretudo, o mundo urbano. Inconsciente dessa realidade, parte dos urbanos cultiva discursos hostis ao agro, como em altas esferas governamentais.
Com ciência aplicada, o Brasil criou de um modelo competitivo de agricultura tropical, desenvolveu variedades adaptadas de plantas e animais e transformou solos pobres e inaptos à agricultura em terras férteis. Instituições de pesquisa, como o Instituto Agronômico de Campinas (criado por D. Pedro II) e a Embrapa (criada pelo presidente E. G. Médici), foram a base para um sistema original de agricultura tropical, único no mundo. Ele permitiu transformações extraordinárias no campo e nas cidades, e consolidou um agronegócio associado ao desenvolvimento industrial. O agro garante a segurança do abastecimento, ocupa espaços no comercio internacional e dá ao Brasil um novo peso geopolítico.
A conjugação da agricultura com a indústria no fornecimento de máquinas, equipamentos, adubos, defensivos, sementes melhoradas, aviação agrícola, estruturas de armazenagem e transformação com gente qualificada gerou um sólido e eficiente sistema agroindustrial, base do agronegócio.
Vegetação nativa e florestas preservadas pelos agricultores, em suas terras privadas e a seu ônus exclusivo, representam 33,2% do território nacional e um patrimônio fundiário imobilizado para o meio ambiente da ordem de 3 trilhões de reais. Ninguém, nenhuma categoria profissional, dedica tanto tempo, recursos e meios a preservar o meio ambiente quanto o agricultor.
É preciso tirar o debate sobre produção rural das divergências ideológicas e situá-lo, de forma pragmática, no projeto de país. As políticas agrícolas, agrárias e de logística deveriam ser mais favoráveis ao agronegócio e não contrárias a ele. Não se trata de agradar um setor. Elas beneficiam a sociedade como um todo, sobretudo o setor urbano.
Quem move a agropecuária brasileira não são tratores ou máquinas, são cérebros. E se ainda existe um ser pensante neste país, é o agricultor.