01/12/2025
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Contexto e tese geral
A reportagem afirma que a indústria europeia de armamento está vivendo um “renascimento” — ou seja, um retorno a um ritmo acelerado de produção e entregas.
Esse impulso resulta da pressão de governos e instituições europeias que, diante dos recentes desafios geopolíticos (como a guerra na Ucrânia e a crescente tensão com a Rússia), exigem da indústria “produzir mais e mais rapidamente”.
📈 Panorama macro: aumento dos orçamentos e previsões de crescimento
Segundo um relatório recente da empresa financeira Redburn / Rothschild & Co., com o aumento dos orçamentos militares dos países europeus (para cumprir metas da OTAN até 2035), a receita das empresas de defesa da Europa poderia crescer em média 10,5% a 11,5% ao ano na próxima década.
O valor total de gastos com defesa na União Europeia alcançou um recorde recente — e as encomendas atrasadas (backlogs) para equipamentos militares já cresceram de forma “substancial”.
Com base nas projeções, se a Europa atingir um gasto militar de cerca de 3,5% do PIB até 2035, e destinar 35-40% disso a equipamentos, o gasto com armamento poderá representar 1,2% a 1,4% do PIB — mais que o dobro dos níveis atuais.
🏭 Impacto na indústria: produção, encomendas e desafios estruturais
Empresas da indústria de defesa já registram backlogs que representam em média quase 4 anos de vendas. Isso significa que há muito trabalho contratado mas ainda não entregue — como um “colchão” de produção para os próximos anos.
A aceleração da produção exigida pelos governos tem pressionado as cadeias de abastecimento e a mão de obra: segundo um relatório citado, elevar os gastos militares para ~3% do PIB exigiria até 760 mil novos trabalhadores qualificados na Europa.
A indústria também se beneficia de um contexto de relançamento econômico: investimentos em defesa estão sendo vistos como um dos motores da recuperação industrial europeia.
🔎 Desafios e incógnitas
Apesar das encomendas, nem sempre o aumento de orçamento se traduz em resultados imediatos: os projetos de armamento são complexos e de longo prazo — o ganho econômico mais significativo poderia demorar alguns anos.
A indústria de defesa europeia ainda sofre com fragmentação nacional: muitos fornecedores, padrões diferentes, e falta de padronização — o que dificulta agregar escala e competir globalmente de forma eficiente.
Há risco de que, se a guerra na Ucrânia diminuir ou se os orçamentos forem realocados por crise econômica ou política, o ritmo de produção e as encomendas caiam. Alguns analistas veem as valorizações das empresas do setor em Bolsa como já antecipando o cenário futuro — e alertam que a sustentação dependerá de compromissos de longo prazo.
🎯 Conclusão: por que esse “dynamisme retrouvé” importa
O retorno da indústria militar europeia não é apenas uma questão de produção de armas, mas parte de uma reconfiguração estratégica do continente — de dependência externa (principalmente dos EUA) para autonomia continental.
Esse impulso pode desencadear efeitos econômicos mais amplos: geração de empregos, desenvolvimento tecnológico, revigoração da manufatura pesada, e fortalecimento da base industrial e tecnológica de defesa europeia.
No entanto, o sucesso dependerá de coordenação política, estabilidade dos pedidos, financiamento contínuo e investimentos em inovação e pessoal — ou seja, de um compromisso real e sustentável com a defesa comum europeia.
DÉCRYPTAGE - Les 26 industriels européens du Top 100 de la défense mondiale ont vu leurs ventes augmenter de 13% en 2024. Soit trois fois plus que celles des 39 groupes américains du classement.