
12/08/2024
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DE COROACI
TRABALHO DE PESQUISA; FRANKLIM RAMON
COLABORAÇÃO; ANTONIO RAMOS
(LEIA ABAIXO, NA ÍNTEGRA, O TEXTO DA PÁG.02
DO JORNAL DE DEZEMBRO/1986)
Na foto deste jornal Marcio Chaves; “que durante a campanha recebeu com muito orgulho o apelido de Birosqueiro Mór”.
BIROSQUEIROS ENCAÇAPARAM O RANÇO DA POLITICAGEM
Depois de mais de 20 anos vivendo(?) sob o jugo de um grupinho que se realizava apenas nas manobras para lhe garantir sucessivas reeleições o povo coroaciense disse um basta à situação e mandou pro ares o ranço dessa politicagem indolente e totalmente alheia aos interesses reais da comunidade.
Foi uma vitória retumbante de desbancou dois dos mais folclóricos e “corajosos” profissionais de voto destas Minas Gerais, que por mais de trinta anos só sabem fazer isso e, por isso mesmo, se esqueceram completamente de que deputado eleito para defender os direitos do povo e atender as reivindicações de uma comunidade. Pior pra eles, que se entregaram com tanto ardor a essas ambições pessoais, que acabamos se esquecendo do que sabiam fazer antes… Se é sabiam fazer alguma coisa! Talvez nem jogar Birosca!
A campanha vitoriosa foi árdua, sacrificante, onerosa, às vezes temerária, mas vigorosa, definida, planejada e, acima de tudo, com calor humano voltado para os interesses do Município de Coroaci, que já não se aguentava mais o estado de coisas aqui reinante.
Além de tudo isso, a campanha teve uma conotação com a infância e com a juventude, porque impedidos de praticar os esportes adequados a idade, jovens e crianças se apegaram ao jogo da bola de gude, a conhecida birosca, um jogo-esporte mais simples, menos oneroso, mas de intensa força de associação entre disputantes. E os coordenadores da campanha vitoriosa não se esqueceram disso e decidiu distribuir por todos os distritos e vilas de Coroaci, milhões de birosca, que fizeram a festa da meninada e, finalmente acabou por batizar os promotores das candidaturas de Raimundo Resende e Sebastião Mendes Barros de BIROSQUEIROS.
Antes de ser um apelido pejorativo, consagrou-se como uma homenagem ao dinamismo jovem dos líderes Einer Andrade, Geraldo Alves Nascimento, Marcio Coelho Chaves, Einer Andrade Filho, Nivaldo Rodrigues Coelho, Paulo Guedes Filho, Romero Xavier, de Dedéia Querubino Siqueira, Fátima Aquino e muitos outros que nos perdoe o lapso de memória e que a estas horas devem estar comemorando a vitória com uma movimentada partida de birosca, de barca ou “burro”.
O nome colou e dele as lideranças vitoriosas fazem questão, porque birosca vai se tornar o símbolo das próximas campanhas, porque até lá novos meninos estarão por aí treinando o seu joguinho e a juventude de hoje já poderá sonhar com esportes mais condizentes com sua idade, como basquete, volibol, futebol etc. sem se esquecer das biroscas.
Os birosqueiros de cá “quebraram” a banca dos laviolas de vida e mandaram pro ares o ranço da politicagem que tirou dos jovens coroaciense até mesmo o direito de serem desportistas. Menos de serem BIROSQUEIROS…
E GANHADORES!!
DE BALAIO EM BALAIO
Enio Andrade
Por essas bandas ninguém desconhece minha quase indiferença pela política partidária.
Posição que tomei há muito tempo, porque tenho opinião de que o brasileiro ainda não amadureceu corretamente para exercitar esta arte tão fácil, mas tão vulnerável a degenerações, num país como o nosso, onde uma meia dúzia de auto-ungidos consegue encabrestar, sob o rótulo ultra-falso de patriotismo e civismo, os restante 150 milhões de irmãos. Irmãos que ficam eternamente no país do futuro, enquanto aquela meia dúzia não sai do futuro dos países da Europa, América do Norte e satélites, esbanjando o que —por milagre— esse povo faminto e analfabeto ainda consegue tirar destes solo-país-do-futuro, porque assim é que foi desde Pero Vaz de Caminha…
Dito isso, chego ao assunto: apesar de minha indiferença quase total pela política partidária, não pude evitar me envolver na movimentação do último pleito, mesmo porque havia três fatores me atraindo ou me empurrando para a campanha (diga-se de passagem, muito modesta de minha parte). Um deles, o principal: COROACI !
Senti que o pleito passado poderia representar uma nova luz (vide primeira página do primeiro número de NOVA COROACI) para nossa terra, terra que, confesso, sem desmentir minha frieza pela política-partidária, é o meu verdadeiro partido.
Segundo, porque tenho aqui um irmão, Einer Andrade, a quem conheço o bastante para confiar nos seus propósitos de redimir nossa terra dos desmandos que vem sofrendo há um quarto de século, sob o jugo de falsas lideranças - gente daquela meia dúzia que falei lá em cima - cujo único interesse tem sido, nos passar dos anos, resguardar seus interesses pessoais, através das urnas, onde tem colhido sistematicamente o voto desse povo enganado, enrolado, explorado e, pior, até então sem qualquer recurso de opção ou de apelo. E meu irmão, como eu, sentiu isso, como autêntico coroaciense e se lançou à luta e, não fora as minhas desilusões políticas, teria me apresentado como seu escudeiro e não apenas como modesto “soldado” cabo eleitoral.
Terceiro: O candidato a deputado federal que se propôs entrar nessa campanha pró-Coroaci foi o doutor Raimundo Resende.
Homem que conheço desde os tempos em que o combati — aí pelos anos 50–, aprendi a admirar pela capacidade trabalho e aplaudir pela correição de sua carreira, salpicada de realizações em favor do povo, principalmente do povo mais carente — carente de saúde, educação, comida, alegria, esperança…
Não tomem isso como um hip-urra pós-vitória.
Mesmo porque, apesar de o Resende ter ganho, grupinho que está aí fingindo governar, vai ter ainda dois anos e pico para fazer “das suas” e, queira Deus que —afinal! — percebam que em redor dele — o grupinho — vivem outros coroacienses, há muito aguardando serem reconhecidos como cidadãos estão mais dignos que os componentes do “governo” municipal.
O importante, porém, é que, com os resultados do último pleito, uma tirânica escola política foi fechada em Coroaci e outra se abre, a Nova luz, para resgatar não só a potencialidade do Município como sítio que abriga riquezas, mas, sobretudo, resgatar a mentalidade que foi imposta aos coroacienses nestes últimos anos, levando a crer que o eleitor de outra facção é o inimigo mortal!
Apocalíptica burrice medieval!
Pretendendo continuar na luta, mas para restabelecer os ideais dos coroacienses que para comemorar vitórias nas urnas, porque alimentar amizades por anos a fio e, depois das eleições, ser considerado inimigo pelos então amigos, só porque eles perderam…
não dá pró degas aqui não.
Mas, se a vitória nas urnas foram único caminho, não tenho dúvidas, darei minha colaboração para que possamos comemorar outra vitória em 1988!
Não deixemos que a chama que se acendeu no quinze de novembro passado se esmoreçam até lá. Temos obrigação de supri-la com o combustível da esperança e da determinação se quisermos continuar dignos de batalhar por um futuro melhor para uma NOVA COROACI!