15/10/2025
Consumidores brasileiros podem se deparar com um aumento no preço da carne bovina nas próximas semanas. O motivo está relacionado a uma combinação de fatores típicos do setor agropecuário, como a redução da oferta de animais para abate devido a mudanças no ciclo pecuário e os impactos da estiagem que se estende até outubro.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), o início de outubro já apresenta sinais de alta nos preços da carne em São Paulo e em outras regiões monitoradas. A principal causa apontada é o tempo seco, que compromete a qualidade dos pastos e reduz a disponibilidade de animais criados a pasto.
A analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg Senar), Mariana Simões, explica que, em anos anteriores, a seca levava alguns produtores a antecipar o abate dos animais devido à dificuldade de manejo do gado. Como alternativa, muitos recorrem à suplementação com ração à base de milho e soja para manter os níveis nutricionais do rebanho. No entanto, nem todos os produtores conseguem se planejar financeiramente para isso.
Apesar do histórico de aumento da oferta em épocas de estiagem, o cenário de 2025 mostra uma mudança no comportamento do setor. “Tivemos, até o primeiro semestre deste ano, abates recordes de fêmeas, o que comprometeu a reposição de bezerros e reduziu a oferta de animais prontos para o abate”, observa Simões. Ela afirma que essa menor oferta pode impulsionar a recuperação dos preços pagos aos produtores — um movimento que tende a se refletir também nos preços ao consumidor final.
Simões acrescenta que a expectativa inicial era de que o ciclo pecuário se invertesse até meados de 2025, o que não se concretizou. Assim, o cenário de recuperação dos preços da carne bovina deve se estender ao longo de 2026.
(Fonte: Últimas Noticias)