03/08/2025
“Oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos” (Romanos 6.13).
A chamada divina nos vem docemente nos seguintes termos: “Olhai para mim e sede salvos” (Isaías 45.22). Neste olhar, podemos divisar a glória de Deus e, igualmente, o Reino de Deus. Mas, isto, para os que se tornaram, em Cristo, novas criaturas. A nova criatura nasce de Deus (João 3.3), vive em Deus (João 6.57), morre para Deus (Mateus 16.24) e, finalmente, fecha o ciclo virtuoso, ressuscitando para Deus, ou seja, vivendo no tempo presente como ressurreto.
Findados os dias terreais, deixamos o presente tabernáculo (II Coríntios 5.1), este corpo presente que detém seus próprios limites, e ficamos aguardando a volta do Senhor, quando ele com o seu poder nos ressuscitará e nos concederá um corpo glorioso (I Coríntios 15.54), nos moldes que ele mesmo obteve quando venceu a morte. Esta é a ressurreição escatológica, quando da consumação dos séculos (I Tessalonicenses 4.13-18).
Há, porém, uma ressurreição imediata, que faz impregnar no coração do crente as marcas do Senhor Jesus, de tal maneira que ele não vive como vivem os gentios (Mateus 6.32), os mundanos (I Pedro 1.14), mas, sim, passa a demonstrar um “andar em novidade de vida” (Romanos 6.4), o viver, no tempo presente, como ressurreto por meio de Cristo Jesus.
Nossa identificação com Cristo é muito evidente, estamos com ele unidos da morte da cruz, no pesado madeiro onde ele carregou os nossos pecados; Cristo efetivamente morreu pelos nossos pecados, e identificados com ele, também morremos para o pecado; o pecado não pode mais dominar nossa mente e coração, porque fomos crucificados com Cristo.
É incompatível com a fé ser dominado pelo pecado, pois, este não terá mais domínio sobre o crente (Romanos 6.14); agasalhar no íntimo da alma pensamentos e condutas pecaminosas equivale a ressuscitar aquilo para o que morremos, pois, “como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Romanos 6.2). Salvos pela graça, não a malbaratamos, vivendo dissolutamente, ao contrário, valorizamos o amor de Deus, andando em retidão e justiça.
“Foi crucificado com ele (Cristo) o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos” (Romanos 6.6). Velho homem, novo homem, não podemos fazer muita coisa a respeito de nossa condição física; infelizmente, o acúmulo dos anos faz recair sobre nós as marcas do desgaste físico, a perda gradual dos sentidos, a fragilidade muscular e óssea; na presente condição, continuaremos expressando as marcas da marcha inexorável do tempo.
No entanto, temos a mente renovada dia a dia (II Coríntios 4.16), sendo transformados pela renovação do entendimento (Romanos 12.2). Uma luminosidade do alto domina o coração, dissipando densas trevas até ser dia perfeito (Provérbios 4.18), a luz do céu que irradia o poder de Deus, tornando evidente o pecado que precisa ser extirpado.
O cristão, neste mundo pecaminoso, é a expressão da presença do Senhor, revelando por meio de seu procedimento a santidade divina, nos termos propostos pelo Apóstolo Pedro: “Segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento” (I Pedro 1.15).
A santidade de Deus é espelhada no comportamento de seus filhos, fazendo jus ao efeito do Evangelho, pelo qual fomos chamados para ser de Cristo. Então, o Apóstolo conclui, citando o Antigo Testamento: “Sede santos, porque eu sou santo” (I Pedro 1.16; Levítico 11.44-45; 19.2). Uma santidade viva, expressa em todas as nossas atitudes.
Mostramos que somos verdadeiramente novas criaturas, porque nascemos de Deus, vivemos em Deus, morremos para Deus, mas, especialmente, porque fomos ressuscitados com Cristo, para, ainda, nos dias terreais, vivermos como ressurretos, sendo preparados para a eternidade, quando viveremos em glória com o Senhor. Andemos, pois, como ressurretos, em Cristo Jesus.
Reverendo Juarez Marcondes Filho