
30/09/2025
O ano era 2002. Copa do Mundo do Japão.
Era meu terceiro ano de faculdade e começavam as aulas de telejornalismo. Eu não curtia muito, morria de vergonha. Meu negócio era escrever. Só que eu também gostava de um desafio. Então, fui escalada (ou me escalei, não lembro) pra ser repórter do telejornal laboratório. Minha missão seria fazer uma matéria sobre como as pessoas assistiam aos jogos da seleção na madrugada.
E nem de futebol eu gostava.
Perdemos vários jogos, minhas amigas de equipe e eu, porque pegávamos no sono. Até que quando começou o mata-mata da competição e não tínhamos escolha. Ou vai ou racha.
Fomos em uma indústria e depois a um bar em Curitiba, o então famoso "Churrasquinho de Gato" (já entreguei a idade mesmo, então se você conheceu, toca aqui!). ✋
Quando peguei o microfone, no intervalo do jogo, foi mágico. Saí entrevistando os clientes do bar, todo mundo feliz e tenso ao mesmo tempo, aquela festa de jogo do Brasil. As pessoas pulavam, torciam, conversavam, gritavam em frente à câmera…
E eu, uma pessoa EXTREMAMENTE tímida, estava soltíííssima conversando com todo mundo.
Foi naquele momento, já na metade da faculdade, que eu decidi que queria ser repórter de TV. Eu queria aquela sensação que o microfone me dava. Aquele poder que me transformava em uma mulher comunicativa, que podia se conectar com qualquer outra pessoa e conversar com ela numa boa!
Minha reportagem foi elogiada pela professora (a maravilhosa Assad), com um pequeno detalhe: eu estava muuuuuito torcedora para uma jornalista (na época o telejornalismo era beeeem mais conservador).
Lembro dessa história sempre com muito carinho. Aquele desejo quase que obsessivo pela profissão foi o que me proporcionou não apenas uma carreira bem sucedida, mas um intenso autoconhecimento e uma "cura” daquela timidez que eu carregava.
Agora, mesmo longe da tv, sei reconhecer a minha voz de comunicadora. Aprendo aos poucos a trocar o microfone por outras ferramentas: o whatsapp, o insta, o marketing, a tela do notebook...
Aquela jovem tímida de 20 anos, de quem muitos duvidavam, chegou até aqui. Então, aposto que a mulher de 43 também pode ir mais longe.