Sil Loyola

Sil Loyola Sil Loyola é formada em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba e pós-graduada pela mesma instituição.

Participou da Coletânea Contos do Mar e estreia na literatura com seu livro de contos "Entre causos e causas, rir é o melhor remédio.

O magistrado passou a examinar com mais calma os documentos. Enquanto folheava o processo e fazia algumas anotações, Jos...
31/07/2025

O magistrado passou a examinar com mais calma os documentos. Enquanto folheava o processo e fazia algumas anotações, José continuava tranquilo, com o olhar baixo e as mãos ainda unidas em posição de prece. Doutor Lineu estava quase dando por encerrada a audiência quando, de repente, o réu levantou-se, revirou os olhos, começou a cambalear para o lado com um pé só, gritando: Eita, Eita! IIIrrá!. Após quatro ou cinco cambaleadas, desabou na cadeira novamente e exclamou, com uma voz grave, empostada:

– Boa tarde, meu filho.

– Doutor Lineu, com os olhos arregalados, perguntou:

– Olá? Senhor José?

– Não! Aqui não é o José. Quem vos fala é o Filho do Homem!

– Filho de quem?

– De Deus! Sou o Filho de Deus, Jesus Cristo.

—

Trecho do Livro: “Entre Causos e Causas, Rir é a Melhor Sentença!”

Publicada em 1958, a obra marca um ponto de virada na literatura de Jorge Amado: mais lírica, mais irônica, mas ainda pr...
26/07/2025

Publicada em 1958, a obra marca um ponto de virada na literatura de Jorge Amado: mais lírica, mais irônica, mas ainda profundamente social. A história se passa na Ilhéus da década de 1920, cidade em ebulição com o ciclo do cacau, onde coronéis mandam mais que prefeitos e o progresso caminha devagar, tropeçando como se fosse quase perigoso ficar por ali…

Nesse cenário denso e quente entra Gabriela, retirante de alma livre, corpo dourado pela terra e uma doçura que desarma. Ela não chega com discursos nem com a intenção de mudar paradigmas, mas modifica tudo ao seu redor — com seu cheiro, suas formas, sua cozinha. O aroma que mistura força e ternura também bagunça certezas, desafia regras, provoca.

Mas o romance vai além de Gabriela. Ao redor dela, Jorge constrói um painel social rico, com personagens marcantes como o coronel Ramiro Bastos, o professor Josué, os boêmios, padres, prostitutas e comerciantes. Ilhéus se torna metáfora: um Brasil em transição.

Por isso, “Gabriela, Cravo e Canela” não é apenas literatura. É memória afetiva, é crítica social, é sabor. Um romance que aquece como dendê e arde como pimenta. E que sempre dá vontade de reler.

Se você já acordou no meio da noite só para anotar uma ideia que insistia em não deixá-lo dormir…Se já saiu do banho mol...
25/07/2025

Se você já acordou no meio da noite só para anotar uma ideia que insistia em não deixá-lo dormir…
Se já saiu do banho molhando tudo, só para salvar uma frase que ameaçava escapar…
Se observa o mundo em silêncio — numa mesa de padaria, num banco de praça — e disso nascem histórias…
Se escrever para você é como respirar, mesmo quando ninguém lê, mesmo quando não há aplauso, nem recompensa…
Você é, por inteiro, um escritor.

E hoje é o seu dia.
Feliz Dia do Escritor.

Gabriela não era uma mulher de palavras elaboradas, nem de grandes pretensões. Ela apenas existia — e isso, por si só, j...
24/07/2025

Gabriela não era uma mulher de palavras elaboradas, nem de grandes pretensões. Ela apenas existia — e isso, por si só, já era uma afronta. Chegou com os pés descalços, a pele tostada pelo sol e um cheiro que misturava cravo, canela e liberdade. Na Ilhéus dos coronéis e do cacau, uma cidade marcada por regras, aparências e boas maneiras, ela era o imprevisto. A natureza que não se dobra. O desejo que não se explica.

Não fazia discursos sobre autonomia. Não reivindicava direitos. Não veio para ensinar. Mas, onde ela passava, as estruturas tremiam. Não porque quisesse chocar, mas porque simplesmente não fingia ser outra pessoa. Era autêntica. E, assim como o cheiro da terra molhada após uma tempestade, invadiu as casas e a vida das pessoas. Deixou sua marca para sempre, sem pedir permissão.

Jorge Amado não fez de Gabriela uma he***na ou mártir. Fez dela uma mulher. Uma mulher inteira, contraditória, instintiva — daquelas que lembram ao mundo que viver com leveza também é um ato de resistência.

Quer saber um pouco mais sobre esse delicioso livro de Jorge Amado e sua importância no cenário da literatura? Continue essa viagem comigo!

23/07/2025

Entre o desejo e a estabilidade, Dona Flor não escolheu. Ficou com os dois.

Com humor, erotismo e pitadas de realismo mágico, Jorge Amado escreveu uma das histórias mais ousadas da literatura brasileira. Não apenas por retratar um triângulo amoroso entre uma mulher e dois maridos (um deles, um fantasma), mas por mostrar que a alma popular brasileira é contraditória, encantada, ardente — e tem fome de liberdade.

Flor, dividida entre a moral e a carne, não é vítima de nenhum dos dois homens. É autora da própria escolha. E talvez por isso o romance tenha atravessado gerações, provocando discussões e fascínio até hoje.

No universo de Jorge Amado, o fantástico é real, o pecado é relativo e o amor... ah, o amor... nunca cabe numa só receita.

F**a por aqui... tem muita história pra contar.

Há livros que não passam.Livros que continuam com sua voz firme, mesmo quando o mundo tenta não ouvir.Jorge Amado é um d...
10/07/2025

Há livros que não passam.

Livros que continuam com sua voz firme, mesmo quando o mundo tenta não ouvir.

Jorge Amado é um desses autores que incomodam, provocam, encantam. E é por isso mesmo que, como todo autor de livro clássico, precisa ser lido e relido, compreendendo-se os dois períodos abordados na história: aquele do autor, na época em que escreveu a obra e a dos personagens , no tempo em que são retratados.

A par disso, é preciso trazer certas discussões, mazelas e estereótipos para os dias atuais, interpretar o que ainda resiste, o que ainda pulsa e o que foi deixado para atrás.

Seus personagens são gente. Gente suada, viva, contraditória, que sofre, luta, sonha, ama. Ama até demais…

Suas histórias falam de amor, de injustiça, de desejo, de fé, de abandono. Durante os próximos dias, quero te convidar a revisitar comigo algumas dessas histórias.

Não para repetir o que já foi dito, mas para descobrir o que elas ainda têm a nos ensinar.
Porque os clássicos não servem só para serem reverenciados.

Eles existem para nos lembrar que a literatura também é memória e que toda memória precisa de alguém que a mantenha viva.

Me acompanha nessa jornada?

Se você se emocionou com Cartas para Julieta, vai amar este livro:A Última Carta de Amor, de Jojo Moyes.Uma história de ...
09/07/2025

Se você se emocionou com Cartas para Julieta, vai amar este livro:

A Última Carta de Amor, de Jojo Moyes.
Uma história de escolhas, esperas e palavras que poderiam ter mudado tudo.

Porque o tempo passa, mas algumas cartas ainda chegam a tempo.

Por que alguns autores se tornam imortais? Ser “clássico” ou “imortal” é mais do que ter sucesso. É tocar gerações, prov...
07/07/2025

Por que alguns autores se tornam imortais? Ser “clássico” ou “imortal” é mais do que ter sucesso. É tocar gerações, provocar pensamento,emocionar leitores e deixar um legado literário que resiste ao tempo.
Por isso, devemos compreender as obras clássicas no contexto em que foram escritas, na época vivida pelo autor ou, ainda, de acordo com o ano abordado por ele na sua escrita.
Machado de Assis, Jorge Amado, Casimiro, Monteiro Lobato…
Cada um, à sua maneira, teve o poder de nos fazer pensar o que mudou para melhor na nossa sociedade e o que ainda deve sofrer evolução. Assim, nunca devemos censurar ou tentar modificar a obra, mudando termos ou fazendo traduções que retirem aquilo que o autor queria transmitir. Isso seria um retrocesso cultural imenso.

Gostou do tema? Fique por aqui, pois em breve começaremos uma nova viagem. Uma nova série, um olhar respeitoso para com os autores clássicos. Bjo da Sil!

Cartas para Julieta nos lembra de algo simples — e tão verdadeiro: as palavras têm poder.Na história, uma jovem encontra...
02/07/2025

Cartas para Julieta nos lembra de algo simples — e tão verdadeiro: as palavras têm poder.

Na história, uma jovem encontra uma carta esquecida, escrita há décadas por uma mulher em busca de um amor perdido. Ao tentar ajudá-la, ela descobre também a si mesma.

É assim com palavras sinceras: elas curam, tocam, conectam.

Dizer “estou aqui”, “me perdoa” ou “você é importante pra mim” pode ser o fio que costura corações partidos e às vezes… tudo começa com uma carta.

Ou com a coragem de dizer o que está guardado.

Que palavras você tem silenciado?
Talvez elas possam mudar tudo.

Poeta. Diplomata. Letrista. Boêmio.Vinícius de Moraes foi tudo isso — e mais. Formado em Direito, escreveu o primeiro li...
30/06/2025

Poeta. Diplomata. Letrista. Boêmio.

Vinícius de Moraes foi tudo isso — e mais. Formado em Direito, escreveu o primeiro livro ainda jovem. Viveu na Europa, foi cônsul no exterior, teve amores intensos e casamentos apaixonados.

Mas foi na poesia e na música que deixou sua marca mais profunda.

Parceiro de Tom Jobim, Baden Powell e Toquinho, é autor de letras que se tornaram hinos da MPB e de versos que até hoje doem com beleza.

Vinícius falava do amor como quem viveu para isso.
E talvez tenha mesmo vivido.

Beijo da Sil.

100 anos do “Vampiro de Curitiba”⠀Sim, ele era reservado. Alguns diziam que sua excentricidade beirava a antipatia. Mas ...
14/06/2025

100 anos do “Vampiro de Curitiba”
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Sim, ele era reservado. Alguns diziam que sua excentricidade beirava a antipatia. Mas uma coisa é certa: Dalton Trevisan escrevia como poucos.
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Tive meu primeiro contato com seus contos ainda adolescente, por exigência do vestibular de Direito. Confesso: nunca foi meu autor favorito. Mas, nos últimos dias, me aproximei de sua obra com mais atenção — e me surpreendi.
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Dalton era um artesão da palavra. Produziu até seus 99 anos com rigor, lapidando cada frase com obsessiva perfeição. Relia, reescrevia, publicava de forma independente. Distribuía seus famosos “cadernos” pelas ruas, portas de faculdades, bares, bibliotecas… Não buscava fama. Queria ser lido.
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Seu conto “Josué”, escrito aos 89 anos, prova sua genialidade incansável. Enquanto muitos descansam em pijamas aos 80 e poucos, ele ainda balançava sua capa de vampiro pelas noites frias de Curitiba, como quem diz:
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“Ainda estou aqui. Me respeitem.”
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Hoje, no dia em que completaria 100 anos, deixo minha reverência a esse homem enigmático que se escondeu para fortalecer sua obra. Enquanto muitos gritam por atenção, ele silenciou para ser eterno.
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Parabéns, Dalton. Que seu voo final tenha sido leve. E que seus contos continuem nos assombrando — no melhor sentido.

28 anos juntos! E 23 desde que estivemos no altar, diante do Senhor, para afirmar nosso amor. Uma vida!Desse sentimento ...
12/06/2025

28 anos juntos! E 23 desde que estivemos no altar, diante do Senhor, para afirmar nosso amor. Uma vida!

Desse sentimento que é difícil explicar em palavras, nasceram três pessoinhas que dão sentido a tudo, não é?

No nosso aniversário de casamento, em março, você me deu rosas vermelhas e um cartão — mas o que realmente vale para mim, o que sempre foi importante, é o companheirismo. É estar junto não somente de corpo físico, mas de alma e coração.

É entender um olhar, reconhecer o momento em que só precisamos de um abraço ou de um: “Você é capaz! Acredito em você! Posso te ajudar a se sentir melhor?”

Plínio Augusto, você nem tem Instagram e pouco entra no Facebook (é bem “dinossauro”, esse meu marido! k*k), mas acho que não precisa disso para saber o que construiu, não é?

O amor é uma construção diária. Precisamos estar atentos aos pilares do edifício, cuidar do nosso jardim.

Que a gente siga nesta vida reconhecendo o valor dos nossos sentimentos, preservando as estruturas da nossa união. Rogo a Deus que possamos ver nossas filhas se tornarem mulheres de valor, tementes a Deus, realizadas em suas profissões.

E peço que Ele sempre proteja o nosso amor — que possamos envelhecer com qualidade e juntos. Sempre juntos.

Te amo, meu poeta.
Feliz Dia dos Namorados!

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Curitiba, PR

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