
10/08/2025
SAMU INDÍGENA DE DOURADOS SERÁ PILOTO PARA ABERTURA DE OUTRAS UNIDADES NO PAÍS
Aconteceu ontem, dia 9 de agosto, em Dourados, a solenidade de inauguração do primeiro Serviço de Atendimento Móvel de Urgência Indígena do Brasil. A iniciativa é pioneira do Governo Federal, por meio da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde e da Secretaria de Saúde Indígena, com acompanhamento do Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul. O projeto nasce em Dourados como piloto e referência para futuras implantações em outras reservas indígenas do país.
A base foi instalada ao lado do Hospital Indígena Porta da Esperança, na aldeia Jaguapiru, e atenderá as aldeias Jaguapiru e Bororó, que juntas formam a maior reserva indígena urbana do Brasil. Integrado à central de regulação do SAMU convencional, o serviço conta com profissionais de saúde e motoristas indígenas, garantindo maior proximidade com a comunidade e reduzindo o tempo médio de resposta de 20 para 7 minutos no atendimento. Ao todo, 14 funcionários foram contratados para atuar no SAMU indígena.
A chave da ambulância do SAMU indígena foi entregue pelo secretário de Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba, ao prefeito de Dourados, Marçal Filho, e ao coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena, Lindomar Terena. A equipe de saúde que vai trabalhar na ambulância também participou da entrega.
Em entrevista ao Dourados News, Otávio Miguel Liston, coordenador do SAMU Regional Dourados afirmou: “A gente vai conseguir diminuir o tempo de resposta para o atendimento dessa população. Por conta da localização da base, a gente levava entre 15 e 20 minutos. Fora a dificuldade que a gente tinha também pelo fato dos nossos socorristas não serem indígenas”.
Para Marcos Almeirão da Silva Lopes, de 45 anos, morador da aldeia Jaguapiru: “Vai ser muito bom, pois na nossa comunidade nós temos muitos profissionais indígenas. E, a nossa luta aqui, há bastante tempo fez vim para cá o SAMU, com indígenas que conhecem o nosso território. Com os não indígenas os nossos patrícios não se abrem - e com os nossos parentes eles se abrem”.
O deputado federal Geraldo Resende conversou com a imprensa e destacou: “Essa entrega é muito importante porque ela dá um passo para que a gente possa fazer com que a população indígena de todo o país tenha o mesmo tratamento que a população não indígena no caso da urgência e da emergência no país”.
Carlos Alberto de Melo, representante do Hospital Porta da Esperança, disse na cerimônia que: “A Missão Caiuá é companheira, compartilha desta conquista de Dourados, o primeiro SAMU indígena do país, do nosso Brasil. Espero que muitos outros venham, que muitos outros aconteçam. A Missão Caiuá, o Hospital Indígena Porta da Esperança, cuida de quem mais precisa”.
A presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena de Mato Grosso do Sul, Lurdelice Moreira, afirmou que: “Cada município que a gente está passando é um desafio, principalmente levar a demanda politicamente, somos bem recebidos, às vezes não, mas como mulher eu sou insistente em quebrar essa barreira e levar a política dos municípios para que a gente consiga realmente avançar nas demandas dos povos indígenas”.
O cacique da aldeia Jaguapiru, Ramon Fernandes, relatou o desafio da logística territorial: “Agora nós temos outros desafios. Que tem lugares que essa viatura não vai dar conta de chegar. Isso ai é um desafio. Então a gente vai ter que conversar bastante, para entrar em um acordo, pois vai ter lugares que ela não entra, mas vai ter que entrar”.
O superintendente estadual do Ministério da Saúde, Ronaldo de Souza Costa, disse: “Esse ano o SAMU completou 20 anos e agora nós estamos nesse momento mais uma vez inovando nesta cidade de Dourados, criando o primeiro SAMU indígena do Brasil. Então, nós estamos atuando para auxiliar o município e a região no sentido de atingir a autonomia na resolução dos problemas de saúde”.
A deputada estadual Gleice Jane comentou: “Nós destinamos aqui uma emenda de R$150 mil para poder garantir a execução do trabalho no SAMU que pode ser gasto com pagamento de pessoal, de compra de medica, porque entendemos a necessidade de ter esse compromisso com a população indígena. Mas no que diz respeito à saúde do povo indígena, a gente tem que dizer que para poder garantir saúde é preciso garantir uma alimentação saudável, um cuidado com o meio ambiente, é preciso que a natureza esteja viva e de pé, é preciso ter demarcação de terra, é preciso que o povo tenha toda a sua política”.
O governador em exercício, José Carlos Barbosa, afirmou: “Estamos escrevendo um capítulo inédito na saúde pública brasileira. Com emoção e orgulho inauguramos o primeiro Serviço de Atendimento Médico de Urgência - Samu Indígena do Brasil, aqui no Coração de Dourados. Este não é apenas um ato administrativo, a entrega de equipamentos, é o reconhecimento de que cada vida importa, e de que nossas políticas públicas devem alcançar todos, sem barreiras de distância, idioma ou cultura”.
Em coletiva, o secretário Ricardo Weibe Tapema disse: “O Samu está aqui com uma equipe com 14 profissionais de saúde, a metade deles composta por profissionais indígenas, então essa barreira linguística nós vamos superar exatamente pela presença dos indígenas que vão atuar também como intérprete nessa relação da unidade de saúde móvel com as unidades hospitalares”.
Ele também afirmou sobre a violência no Estado: “Quero dizer de forma pública que o Mato Grosso do Sul precisa respeitar mais os seus povos originários, os povos indígenas que habitam esse Estado, porque é o Estado que mais mata lideranças indígenas, que faz a luta pela defesa de seus territórios que foram ocupados, invadidos e que precisa garantir o acesso à terra para que as políticas públicas consigam alcançar esses territórios”.
Já o prefeito Marçal Filho, em coletiva após o evento, declarou: “É um momento histórico para o município, um momento muito importante, é o primeiro Samu Indígena do Brasil, graças ao esforço da Prefeitura de Dourados e do Governo Federal nessa parceria. (...) É uma necessidade já antiga. A ambulância do SAMU de Dourados já estava à disposição do município, há mais de um ano”, conta.
Sobre infraestrutura, disse: “A gente tem essa preocupação desde o momento que assumimos a prefeitura de Dourados. Precisamos trazer a pavimentação até a reserva indígena e por isso nós contamos com a bancada federal. Eu tive a oportunidade de entregar hoje um projeto ao deputado Vander, que havia me solicitado, manifestou a intenção de trazer a pavimentação até a reserva e eu tenho certeza que ele vai obter sucesso no sentido dessa parceria do governo federal com a prefeitura”, finaliza.
Fonte: Dourados News
Por: Por Charles Aparecido
Credito: Por Charles Aparecido