
26/07/2025
Empresa de ônibus em Fortaleza é denunciada por atraso de salários; funcionários passam necessidades
Funcionários da Santa Cecília Transportes, que opera linhas do sistema de transporte coletivo de Fortaleza, reclamam do atraso de salários e de outros direitos trabalhistas, como férias e vale-alimentação. Conforme relatos, o problema ocorre há pelo menos três anos.
O caso foi denunciado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado (Sintro-CE) ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
Um dos trabalhadores da empresa de ônibus, que preferiu não se identificar, revelou que o atraso atinge todo o quadro, envolvendo desde motoristas ao setor pessoal. “Os funcionários que entraram de férias mês passado ainda não receberam. Entraram de férias sem receber o valor das férias e já estão trabalhando sem receber”, narrou.
“O salário está atrasado desde o dia 20 do mês passado”, relatou o funcionário. De acordo com ele, além dos vencimentos e do pagamento das férias, os contratados da Santa Cecília estão com os vales-alimentação para o mês de julho em atraso.
Outro funcionário, quando contatado, disse que até agora só recebeu metade do adiantamento de salário do mês passado. “Estão alegando falta de repasse da prefeitura”, explicou, mas ponderou que se o problema, de fato, fosse esse, “seria para todas as empresas”.
Ele, que trabalha como motorista na empresa há anos na companhia, reclamou da “falta de condições dos veículos”. “Muitos deixam a desejar na manutenção. A última compra de carro novo foi em 2017”, frisou.
Trabalhadores enfrentam dificuldades financeiras:
Os atingidos pela falta de pagamento têm enfrentado dificuldades para arcar com contas básicas, como comprar comida para casa.
“Muitos motoristas estão passando por necessidades pela falta de pagamento dos seus benefícios”, disse uma esposa de um dos motoristas da Santa Cecília Transportes, que também não quis se identificar.
"Já vamos para o fim do mês e ainda continua tudo atrasado. Uma falta de respeito com todos os trabalhadores que trabalham nessa empresa”, reforçou.
“Quando o sindicato vai à empresa, até faz paralisação, mas os donos chegam, dizem que não têm dinheiro, e pedem para eles irem trabalhando, já que, se não tiverem, e com eles parados também não vão ter”, completou.
Indagada se o seu companheiro e os colegas têm recebido respostas da empresa, ela alegou que “a empresa disse que estava procurando recursos para fazer o pagamento dos atrasos, referente aos salários atrasados, férias e vales-alimentação”.
Sindicato faz mobilizações e pede cumprimento da convenção coletiva:
O presidente do Sintro-CE, Domingos Gomes Neto, disse que acompanha a situação. “Já fizemos mobilização, paralisação na empresa, para ela cumprir a convenção coletiva e todos os direitos dos trabalhadores”, contou.
“A gente já fez denúncia ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Estamos chamando uma reunião com o Sindiônibus para fazer parte desse descumprimento da convenção coletiva e estamos esperando o comunicado da data da reunião”, destacou.
Apesar de questionado, o dirigente sindical não informou quantas pessoas estão nessa situação e qual o volume financeiro devido.
Na última quarta-feira (23), o Sintro-CE enviou um ofício ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) solicitando o encontro com representante da empresa de transporte coletivo.
No documento, o sindicato menciona o descumprimento de duas cláusulas do acordo coletivo vigente, que detalham sobre o adiantamento mensal e o pagamento de salários e o auxílio-refeição ou alimentação.
Em nota, o Sindiônibus alegou que “a empresa mencionada está em tratativas com o sindicato laboral, com o objetivo de esclarecer os pontos em aberto e construir, de forma conjunta, uma solução equilibrada para todas as partes envolvidas”. No comunicado, a entidade patronal frisou ainda que “está apoiando e monitorando a situação de perto”.
Já a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) disse que acompanha a negociação entre os sindicatos, mas não tem interferência sobre questões salariais.
"O subsídio destinado à operação de transporte está sendo pago ao Sindiônibus, conforme acordado. A Etufor acompanha a situação, visando a garantia da operação das linhas da empresa Santa Cecília", informou.
O MTE e o MPT foi procurado para se obter posições dos órgãos sobre o assunto. No entanto, não houve respostas até a publicação desta matéria. O conteúdo será atualizado caso haja alguma devolutiva. Via: Diário do Nordeste.
Foto: Ismael Soares
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