23/05/2017
Brasil terra do Maracatu
A partir da etimologia o maestro Guerra Peixe (1981), no livro “Maracatus de Recife”, discorre uma passagem que maracatu significa batucar, ” Maracatucá”, debandar, a ação seria comandada pela execução da música, pois o cortejo só deixa a igreja, executando seu batuque característico. O escritor Mario de Andrade, afirmou que a palavra “Maracatu” procederia de maracá, chocalho indígena, e “catu”, bonito. Porém o maestro Guerra peixe ressalta no livro, que o maracá participa do maracatu com pouca relevância, surgindo como um acessório sem função musical específica.
Os arquivos históricos registram que o maracatu teve origem nas festas católicas dos reis negros, como a festa do Rosário. Nos acervos da irmandade Rosário dos pretos no bairro de santo Antônio no Recife, existem documentos sobre a celebração da coroação de reis negros desde os tempos coloniais. O maracatu configura um sincretismo sagrado e profano no que diz respeito a influência religiosa e manifestações afro brasileiras. Através de cultos, cerimônias e representações alegóricas, o povo busca obter a proteção dos orixás, e garantir o sucesso dos desfiles e rituais festivos.
Podemos afirmar duas vertentes dessa manifestação, o maracatu de baque virado ou Nação Africana, que se organiza em um cortejo de negros desfilando com trajes que lembram a corte portuguesa colonial, com influência do estilo barroco na imagem de Nossa Senhora. A organização social dos grupos apresenta a rainha principal personagem, sendo quase sempre uma mãe de santo, seguida da boneca preta que chama calunga, representando a ancestralidade ou própria divindade dos povos do Congo e de Angola, como objeto de fortalecimento e proteção. Portanto das coroações do rei do Congo origina-se as congadas, a esta agregou-se ao maracatu tradicional, a Nação e seus ancestrais. A partir daí desencadeou-se o maracatu de orquestra rural o baque solto, dos trabalhadores dos canaviais que acrescentou a marca ameríndia a influência africana, com organização diferente do maracatu Nação, o rural conta com a presença do caboclo de lança e a ausência do rei e rainha, sempre com ritmos mais acelerados.
"Maracatu - Ritmos Sagrados" é um documentário de 2005 dirigido por Eugenia Maakaroun e editado por Cristiane Nery que mostra a realidade dos maracatus de Pe...