28/07/2025
SAÚDE: As várias Faces do Ombro Congelado
- Neurologista Dr. Diego Dozza
A dor e a limitação do ombro são problemas que afetam a qualidade de vida de milhões de pessoas no mundo todo. Entre as causas mais comuns está a chamada síndrome do ombro congelado, um quadro que gera não só desconforto, mas também grande restrição de movimentos do braço, dificultando atividades diárias simples como pentear o cabelo, vestir uma camisa ou até alcançar objetos em um armário. Mas, afinal, o que é o ombro congelado? Essa condição, conhecida entre os médicos como capsulite adesiva, ocorre quando a cápsula que envolve a articulação do ombro sofre um processo inflamatório e de espessamento, levando ao surgimento de aderências internas. Como resultado, os tecidos que antes eram flexíveis tornam-se rígidos, dificultando o movimento e gerando dor, especialmente ao tentar elevar ou rodar o braço.
A origem do ombro congelado muitas vezes está relacionada a processos inflamatórios espontâneos, mas pode ocorrer em pessoas que já passaram por imobilizações prolongadas, cirurgias, traumas ou apresentam doenças metabólicas como diabetes e alterações da tireoide. Mulheres entre 40 e 60 anos são as mais afetadas, mas qualquer pessoa pode desenvolver o problema. O quadro evolui de maneira lenta, geralmente em três fases: dor intensa (que pode piorar à noite), rigidez progressiva e, por fim, melhora gradual da mobilidade – um ciclo que pode durar de meses a anos.
O diagnóstico é clínico, ou seja, feito principalmente pela conversa com o paciente e exame físico, onde se observa a limitação tanto dos movimentos ativos quanto passivos. Exames de imagem, como radiografias e ressonância magnética, servem para descartar outras causas e avaliar a gravidade.
Quando se trata de tratamento, a abordagem inicial é sempre conservadora, buscando aliviar a dor e recuperar os movimentos. O uso de medicamentos para inflamação e dor, associado à fisioterapia, compõe a linha de frente do combate ao ombro congelado. Exercícios de alongamento e fortalecimento orientados por profissionais são essenciais, uma vez que ajudam a devolver gradativamente os movimentos à articulação e reduzir o desconforto. Bolsas térmicas e acompanhamento multidisciplinar com médicos, fisioterapeutas e até terapeutas ocupacionais podem ser indicados.
Em casos nos quais a dor é persistente ou há grande limitação de movimentos, procedimentos como infiltração de corticosteroides são recomendados, trazendo alívio rápido e facilitando o início da reabilitação. Uma inovação terapêutica que vem ganhando espaço é a terapia por ondas de choque, uma tecnologia que utiliza ondas acústicas para estimular a regeneração dos tecidos, melhorar a circulação local e diminuir a dor – estudos mostram resultados promissores nessa abordagem, em casos específicos. Outras opções avançadas, como os bloqueios anestésicos guiados por ultrassom e as técnicas ortobiológicas (como o uso de PRP – plasma rico em plaquetas ou de células derivadas da medula óssea), representam um novo horizonte principalmente para pacientes com sintomas prolongados ou recorrentes. Tais intervenções procuram estimular a regeneração e o controle da inflamação de forma minimamente invasiva, com baixo risco de efeitos colaterais quando realizados por profissionais capacitados.
Quando todas as alternativas citadas não trazem melhora expressiva, pode-se indicar procedimentos como a distensão hidráulica da cápsula articular, uma técnica na qual se injeta soro e medicamentos para favorecer o descolamento das aderências internas, ou até a artroscopia, procedimento cirúrgico destinado a liberar as estruturas que travam o ombro. Felizmente, poucos casos precisam chegar a esse ponto.
A principal mensagem é: ombro congelado tem solução. Quanto mais cedo o diagnóstico e a reabilitação forem iniciados, maiores as chances de recuperação total, sem sequelas. Para quem convive com dor e limitação dos movimentos, buscar avaliação médica especializada e aderir ao tratamento são medidas fundamentais para garantir bem-estar e qualidade de vida. E nunca se esqueça que querer melhorar depende de você!
Neurologista Dr. Diego Dozza
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