Gutembergue Oliveira

Gutembergue Oliveira Médico paliativista e intensivista, inspiro com histórias da UTI sobre viver plenamente. Viva intensamente; cada momento importa.

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O egoísmo disfarçado de amor prolonga agonias que não são suas. 💔🎭Há uma dor que não é a nossa, mas que nos atrevemos a ...
10/12/2025

O egoísmo disfarçado de amor prolonga agonias que não são suas. 💔🎭

Há uma dor que não é a nossa, mas que nos atrevemos a administrar.

Seguramos a mão de quem já não sente o toque, insistimos em batalhas já perdidas, confundimos nosso medo da saudade com a suposta vontade de lutar do outro.

Chamamos de "devoção" o que é, no fundo, puro pavor da solidão.
Vestimos nosso desespero com a capa do amor, e assim justificamos a tortura de um corpo que já cumpriu sua jornada.

O verdadeiro amor não impõe sua própria dor como condição para a existência alheia.

O cuidado paliativo é a coragem de desmascarar esse egoísmo.

É a honestidade de trocar o "não quero que você vá" pelo "está tudo bem, você pode descansar".

É entender que, às vezes, a maior prova de amor é o silêncio que permite a partida.

Será que o amor mais profundo é aquele que prefere a própria saudade à agonia alheia?

08/12/2025

Cuidar também é respeitar o "não". 🤝🛑

A medicina se depara com um paradoxo angustiante: o dever de cuidar e o direito do paciente de recusar esse cuidado.

"Eu tenho que cuidar, mas não sou obrigado a cuidar de quem não quer ser cuidado."

É uma dor profissional profunda, especialmente para quem entrou na profissão com o ímpeto de salvar o mundo.
Os cuidados paliativos são holísticos – envolvem o físico, psicológico, social e espiritual. E seu primeiro princípio é a autonomia.

Um paciente lúcido e bem informado tem o direito de dizer "chega", mesmo que essa escolha acelere sua morte. O papel do médico então muda: de lutar contra a morte a qualquer custo, para garantir uma morte com conforto e dignidade.

Os outros pilares da bioética – beneficência (fazer o bem), não maleficência (não causar mal) e justiça (tratar a todos igualmente) – entram em jogo.

Muitas vezes, quando não se pode mais fazer o bem, a única ação ética é não fazer mal. E insistir em um tratamento invasivo, quando o risco supera o benefício, é causar mal.

A medicina mais sábia não é a que mais faz, mas a que melhor julga quando parar.

A vida a qualquer custo pode ser o preço mais alto a se pagar. 💔⚖️Insistir em prolongar a existência biológica quando a ...
08/12/2025

A vida a qualquer custo pode ser o preço mais alto a se pagar. 💔⚖️

Insistir em prolongar a existência biológica quando a qualidade de vida se esvaiu não é um ato de amor – é uma condenação.

O custo não é apenas financeiro; é emocional, espiritual e humano.
É a tortura do sofrimento prolongado, a agonia estendida, a dignidade perdida em troca de mais alguns dias ou semanas de pura existência.

A medicina que salva vidas é nobre.

Mas a que confunde "manter funções vitais" com "garantir uma vida com significado" pode cometer uma das maiores violências: transformar o fim da jornada em um pesadelo interminável.

Será que a verdadeira coragem está em saber quando o maior cuidado é permitir a despedida serena?

Amar é saber soltar quando o custo de ficar é a dor alheia. 🕊️❤️‍🩹O instinto nos prega uma armadilha: acreditar que segu...
06/12/2025

Amar é saber soltar quando o custo de ficar é a dor alheia. 🕊️❤️‍🩹

O instinto nos prega uma armadilha: acreditar que segurar é sempre um ato de amor.
Mas o amor mais sábio e corajoso conhece o momento exato em que apertar a mão significa prender, e soltá-la é a última forma de cuidado.

Quando o corpo se torna um campo de batalha, quando cada respiro é conquistado com sofrimento, insistir na permanência não é mais proteção – é prolongamento de uma agonia.

O amor que liberta entende que a dignidade da vida está em sua qualidade, não em sua duração.
É um amor que coloca o alívio do outro acima do próprio medo da saudade.

Essa não é uma desistência.
É a entrega final: trocar a presença física pela paz eterna, e a luta impossível pela serenidade do último adeus.

O amor que solta não é um amor menor. É um amor que consegue enxergar além da própria dor.

04/12/2025

A fé que transforma o medo em missão. 💪✨

Enquanto muitos se revoltam com o "Por que eu?", outros encontram no diagnóstico uma resposta diferente: "Para quê?".

A metástase, palavra que carrega desespero, não apagou a fé – foi o combustível para uma nova forma de crer.

O medo inicial deu lugar a uma busca por conhecimento, e o conhecimento, a uma convicção profunda.
A queda do cabelo, a quimioterapia, deixaram de ser símbolos de fraqueza para se tornarem emblemas de uma batalha compartilhada.

A fé aqui não é uma negação da realidade, mas uma reinterpretação dela: este sofrimento não é um castigo, mas uma plataforma.

Uma plataforma para quê? Para levar esperança.

Para testemunhar que, mesmo diante da finitude terrena, há uma eternidade que a transcende.
A doença, então, deixa de ser apenas um mal a ser combatido e se torna uma forma de se conectar com Deus e de estender essa conexão aos outros.

Às vezes, o propósito mais sagrado nasce justamente no solo mais árido.

O medo da solidão fala mais alto que o grito silencioso de quem sofre. 😔🗣️🔇É uma das dinâmicas mais cruéis que testemunh...
04/12/2025

O medo da solidão fala mais alto que o grito silencioso de quem sofre. 😔🗣️🔇

É uma das dinâmicas mais cruéis que testemunhamos no fim da vida.

O nosso pavor do vazio, da saudade, do silêncio que se instalará depois da partida, nos ensurdece.
Ficamos tão ocupados em nos preparar para a nossa própria dor, que nos tornamos surdos para o sofrimento mudo de quem amamos.

Preferimos o barulho angustiante das máquinas na UTI ao silêncio que ecoará em nossa casa.
Seguramos a mão que quer partir, não por cuidar dela, mas por temer a solidão que ela deixará para trás.

É um ato de egoísmo disfarçado de amor, onde o nosso medo se torna a sentença de agonia prolongada para o outro.

O amor verdadeiro é aquele que, vencendo o próprio temor, se inclina para escutar o sussurro de "chega" nos olhos cansados. É a coragem de trocar a própria solidão pela paz alheia.

Será que a maior prova de amor é justamente a que nos custa o conforto da presença, em nome do alívio de quem parte?

01/12/2025

Cuidados paliativos não são uma opinião - são uma evidência. 📊🩺✅

Assim como não questionamos a aspirina no infarto porque sabemos que salva vidas, não podemos tratar os cuidados paliativos como uma preferência pessoal.

A medicina baseada em evidências nos mostra, com dados incontestáveis, que eles:
* Prolongam a sobrevida em alguns casos
* Melhoram drasticamente a qualidade de vida
* Reduzem o sofrimento físico e emocional
* Geram mais satisfação para pacientes e famílias

Estamos falando de ciência, não de achismo.

O médico é um "apostador informado" que usa probabilidades para tomar decisões.
A evidência nos diz que, em determinado estágio da doença, investir em conforto e dignidade é a "aposta" com o melhor retorno em bem-estar.

Portanto, a pergunta deixa de ser "Você acredita em cuidados paliativos?" para se tornar "Como aplicar as melhores evidências para o conforto deste paciente?"

A verdadeira humanização na medicina começa quando abraçamos o que a ciência nos mostra sobre como cuidar melhor – até o fim.

O amor que se torna posse nega o alívio do outro. 💔🔒Amar não é querer para si. É desejar o bem do outro, mesmo quando es...
30/11/2025

O amor que se torna posse nega o alívio do outro. 💔🔒

Amar não é querer para si.

É desejar o bem do outro, mesmo quando esse bem significa a própria despedida.
Quando o amor se confunde com posse, ele se transforma em uma corrente dourada que prende quem já precisa voar.

Insistir em manter um corpo que sofre, apenas para adiar a própria dor da perda, é um ato de egoísmo.
É colocar o medo da solidão acima do direito ao descanso de quem se ama.
O verdadeiro amor é aquele que tem a coragem de abrir a mão, de libertar, de sussurrar "pode ir" quando o sofrimento já não tem mais sentido.

O cuidado paliativo, em sua essência, é esse amor livre de posse.

É o que prioriza o conforto, a dignidade e a paz do outro, mesmo que o preço seja a própria saudade.

Será que o amor mais puro é aquele que sabe perder para que o outro ganhe seu repouso?

O amor verdadeiro pergunta: "o que é melhor para você?" ❤️🤝🕊️O amor que prende pergunta: "Como eu vou ficar sem você?". ...
28/11/2025

O amor verdadeiro pergunta: "o que é melhor para você?" ❤️🤝🕊️

O amor que prende pergunta: "Como eu vou ficar sem você?".

O amor que liberta pergunta: "O que é melhor para você?".

É uma mudança de foco sutil, porém radical – do próprio umbigo para o coração do outro.

Nos cuidados paliativos, essa pergunta é a bússola.
Ela nos guia para longe da distanásia e em direção à dignidade.
É ela que nos permite trocar a obstinação terapêutica pelo controle da dor, o prolongamento do sofrimento pela garantia do conforto.

Esse amor não é fraco.

É forte o suficiente para colocar o bem-estar de quem se ama acima do próprio medo de perder.
É a coragem de priorizar a paz do outro, mesmo quando isso significa acelerar a própria saudade.

Será que a maior prova de amor é justamente a que nos custa mais caro?

26/11/2025

A distanásia: quando a medicina esquece a dignidade e prolonga apenas o sofrimento. 💔⚕️⏳

A cena se repete diariamente nas UTIs: um corpo imóvel, uma "árvore de Natal" de bombas infusoras apitando, familiares transformados em espectadores de uma agonia interminável. Isso não é vida - é um prolongamento artificial da morte.

É a distanásia em sua forma mais crua.

A medicina, movida por um conceito distorcido de "não abandonar", comete um dos seus maiores erros:

-Confunde cuidar com prolongar.

-Colocar tubos em todos os orifícios não é cuidado - é uma violência disfarçada de tratamento.

-É criar um "velório com o paciente vivo", onde todos - paciente, família e equipe - são reféns de um sofrimento que não leva a lugar nenhum.

O verdadeiro cuidado paliativo é a coragem de dizer "chega". É entender que a missão médica não é vencer a morte a qualquer custo, mas garantir dignidade até o último suspiro.
É trocar a obstinação terapêutica pelo controle da dor, o prolongamento do sofrimento pelo conforto da despedida.

Será que o maior ato de cuidado é justamente o de reconhecer quando a batalha acabou e permitir a paz?

Cuidar também é ter coragem de deixar partir. ❤️‍🩹🕊️👐O instinto nos grita para lutar. Segurar. Manter a qualquer custo. ...
26/11/2025

Cuidar também é ter coragem de deixar partir. ❤️‍🩹🕊️👐

O instinto nos grita para lutar. Segurar. Manter a qualquer custo.

Mas o verdadeiro cuidado sabe escutar um sussurro mais profundo: o de que o maior ato de amor pode ser, paradoxalmente, abrir mão da batalha.

Não é desistir.
É promover uma mudança de foco: da guerra impossível contra a morte, para a batalha sagrada pela dignidade.

É trocar o prolongamento do sofrimento pela garantia de paz.
É honrar a história de uma vida até seu derradeiro capítulo, respeitando seu desfecho natural.

Essa é a coragem mais difícil e a mais pura: a de soltar a mão que se ama, confiando que o cuidado continua, mesmo que de outra forma.

Será que o nosso "até logo" mais amoroso é aquele que liberta quem amamos da agonia?

25/11/2025

A fé que não nega a dor, mas se recusa a ser consumida por ela. 🙏✨

Diante do diagnóstico de uma doença metastática, a pergunta "Por que eu?" é inevitável.

Mas para alguns, ela não se transforma em revolta, e sim em um profundo reencontro com a humildade.
É o entendimento de que o controle é uma ilusão - que nunca tivemos as rédeas da vida que imaginávamos ter.
�Essa rendição não é passividade.

É uma entrega ativa que liberta para a luta. "Posso morrer? Posso. Mas não será hoje."

A fé se torna o alicerce não para uma cura garantida, mas para uma vida com qualidade, independente do tempo que reste.
É a coragem de transformar o sofrimento em propósito, o medo em ação.

Que tipo de paz nasce quando abandonamos a ilusão do controle e abraçamos a arte de viver com intensidade o que nos é dado?

Endereço

Goiânia, GO

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