29/06/2025
O PARASITA DAS PEDRAS
de: Gilmaré SFerreira/Lyza Milhomem
Além do bem e do mal
busquei outras aflições
de possuir o que nem sei
e abrigar o desabrigo
lasso rumo
passo zanzo vagabundo
tomo-me as mãos
parto posto aos pés
acho-me chão ao chão
asfalto o cosmo de mim
busco carona nos sonhos
sonho caras,
olhos
anjos de cristais
espíritos de lustres
céu de papel
deuses de palha
e o parasita das pedras
segue rumo incerto
como se fosse perto
o fim do esgoto mundo
que será?
eis-me esgotado!
o outro lado se vê
o verso do que se viu
o nu do n**e
des-mundo
des-n**e
des-alem
o vão virando vão
o grande sono do universo
sobras de luzes
em imensa escuridão da noite cósmica
escondendo o grande dia
o mundo é uma grande pedra atirada
em estilhaços, desfragmentada
um mosaico de planos e correções
onde está o atirador de pedras
aos sonhos?
Amanhece,
parece que estávamos mesmo aqui
minha sala de estar
sala de estrelas
eu sou um dos eus que criei
um dos eus esquecidos
já dantes adormecido
dou-me por viver
aflinjo faces
firmo semblantes
e traço o gesto aceitável
aos olhos que me visto
dou-me a afazeres de bulir e bulir
Investigando momentos
transpondo paredes
sendo vasto
e estando contido
vário,
e postando-me singular
penso,
falo,
calo
sou o que suporto
mantenho altivo ente
em proa carne
rastejo,
andejo,
rastros na lembrança
álibis sob o sol de encontros
caminho único é o corpo
por onde passo
a passos
em pisar o mundo
e deixar o rastro
revisto vistos
e eis-me
átomo, girino, gia
metafísica,
gene em geo
grafia
e nas entrelinhas
o bem e o mal imposto por consignação!
viver é enfermar-se dos ciclos
dos tempos e das idades!
Não há nada no futuro
o que há
é o forçar das portas do agora
e o ficar velho de ver o mundo
e o tremer
diante dos abstratos
deuses da morte
e do mundo vindouro
eu,
manjar das aves invisíveis do cosmo
e dos deuses indetectáveis
vim salvar o deus que sou
das aflições
do fogo que há
entre o bem e o mal!