
14/07/2025
Em meio a uma crise na política externa brasileira, agravada pelas tarifas impostas por Donald Trump aos produtos nacionais, o governo Lula decidiu recuar de uma disputa importante: a cadeira na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), ligada à OEA.
A eleição aconteceu na manhã desta sexta-feira, dia 11, e selou a derrota do Brasil. O vencedor foi o mexicano José Luis Caballero Ochoa, com 23 votos. O candidato brasileiro, Fábio Sá e Silva, teve apenas 3 votos. Cinco países votaram em branco.
A escolha de desistir da disputa causou desconforto nos bastidores de Brasília. Apesar do apoio público à candidatura de Sá e Silva, houve movimentações dentro do próprio governo e do Itamaraty para abandonar a corrida, em nome de um acordo com o México.
Parlamentares pressionaram o Itamaraty a seguir na disputa, lembrando que a vaga era estratégica para o Brasil retomar influência regional e enfrentar o avanço conservador na OEA. Vale lembrar: a eleição aconteceu logo após a vitória da americana Rosa María Payá, ligada ao trumpismo e apadrinhada por Marco Rubio.
Fábio Sá e Silva, professor na Universidade de Oklahoma e ligado ao Ipea, foi lançado como nome progressista com o aval de Mauro Vieira, Jorge Messias e do próprio Lula.
A nova formação da CIDH terá peso político relevante nos próximos anos, especialmente diante das críticas da direita brasileira e americana à Justiça do Brasil — principalmente por decisões envolvendo Bolsonaro e os atos de 8 de Janeiro. Sem cadeira na comissão, o Brasil perde espaço justo no momento em que sua soberania volta a ser questionada no cenário internacional.