28/09/2024
Curiosidade do caruru de Cosme e Damião.
Mas por que caruru para sete meninos?
Segundo a peculiar tradição afro-luso-baiana, existiam sete irmãos: Cosme, Damião, Doú, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi,.
conta Odorico Tavares, em seu livro “Bahia – Imagens da terra e do povo”.
Caruru de Cosme Damião para 7 meninos na
barbúdia. Memória afetiva.
A barbúdia, uma corruptela da palavra balbúrdia (desordem barulhenta; vozearia, algazarra, tumulto) era como chamáva-se a cerimônia de servir o caruru de Cosme e Damião numa bacia de alumínio para alimentar sete meninos (uma tradição seguida a regra) e que fazia as delícias da criançada.
No meio da sala era colocado a bacia repleta de caruru, vatapá, feijão preto e fradinho, arroz, farofa, milho branco, acarajé, abará, pipoca, banana frita, cana, rapadura e xinxim de galinha.
A dona da casa ordenva que os sete meninos ficassem em torno da bacia e erguessem o recipeiente acima das suas cabeças enquanto entoavam o seguinte canto: Vamos levantar o cruzeiro de Jesus/Vamos levantar o Cruzeiro de Jesus/ Pro céu, pro céu, pro céu da Santa Cruz /Pro céu, pro céu, pro céu da Santa Cruz/. Viva São Cosme e São Damião! (Viva!)
Os versos eram repetidos por três vezes, a bacia era colocada de volta ao chão e os meninos sentavam ao redor, alguns despiam as camisas e aguardavam o sinal da dona do caruru.
Quando se ouvia a senha ' Já pode" eram sete cabeças que se engalfiahavam sobre a bacia com mãos ansiosas no mar de caruru.
Outros mais pândegos echiam a mão de caruru e esfregava no rosto do amigo lado.
Após, encerrada a barbúdia, a dona da casa oferecia a barra da saia para as crianças limparem os rostos e as mãos. Bebiam o aruá e ganhavam doces e balas de mel. Assim se referendava o respeito aos Ibêjes e as crianças, suas protejidas.
Alí transpirava-se alegria, felicidade e a pureza manifestadas nas tradições das religiões de matrizes africanas
Viva São Cosme e São Damião! Viva!...
Texto adaptado de Zuggi Almeida.
Foto: ilustrativa.