13/10/2025
📜 COMUNIDADE QUILOMBOLA: ENTENDA COMO FUNCIONA A FUNDAÇÃO PALMARES E O RECONHECIMENTO DAS COMUNIDADES — FOLHA SERRANA TV
Por Francisco Filho – Repórter Folha Serrana TV
A recente polêmica envolvendo moradores e comerciantes da Serra dos Bastiões, em Iracema, no Ceará, reacendeu um debate que vem ganhando força em diversas regiões do Brasil: o reconhecimento de comunidades remanescentes de quilombos e o papel da Fundação Cultural Palmares nesse processo. Muitos moradores têm manifestado resistência à ideia de que a localidade seja reconhecida como comunidade quilombola, chegando inclusive a realizar um abaixo-assinado solicitando que as autoridades reavaliem a situação.
Mas afinal, como funciona esse reconhecimento? Quais são as regras? E o que muda na prática para quem vive nessas áreas?
⚖️ O QUE É A FUNDAÇÃO PALMARES
A Fundação Cultural Palmares (FCP) é uma instituição pública ligada ao Ministério da Cultura, criada em 1988, com a missão de preservar, valorizar e promover a cultura afro-brasileira. Entre suas funções está o reconhecimento formal de comunidades remanescentes de quilombos, grupos formados por descendentes de africanos escravizados que resistiram à escravidão e mantiveram vivas suas tradições, cultura e território.
🧾 COMO FUNCIONA O PROCESSO DE RECONHECIMENTO
Autodefinição: O primeiro passo é a própria comunidade se autodeclarar quilombola, reconhecendo sua origem histórica e cultural ligada a antigos quilombos.
Cadastro na Fundação Palmares: Após a autodefinição, a comunidade envia documentação à Fundação Palmares, que avalia e emite uma certidão de reconhecimento.
Demarcação de Terras: Depois disso, o processo segue para o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), responsável por realizar estudos antropológicos e territoriais para definir a área que pertence à comunidade.
Regularização: O INCRA pode, após análise e audiências públicas, regularizar o território quilombola, garantindo título coletivo de propriedade à comunidade reconhecida.
🏠 O QUE ISSO SIGNIFICA PARA OS MORADORES
Um dos principais medos da população da Serra dos Bastiões é perder o direito sobre suas casas ou terrenos. Porém, a legislação brasileira garante que ninguém é desapropriado de forma arbitrária. O processo de reconhecimento não tira a posse de quem tem propriedade regular, e não proíbe o comércio, a construção ou a permanência dos moradores no local.
O título quilombola é coletivo, e os moradores continuam sendo donos de suas casas e terras, com o diferencial de que o território passa a ter proteção legal contra invasões, especulação imobiliária e desmatamento.
🤝 DIREITOS E DEVERES DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS
As comunidades reconhecidas têm direito a:
Projetos de infraestrutura e saneamento básico;
Programas de moradia e agricultura familiar;
Apoio cultural e educacional;
Proteção jurídica do território tradicional.
Por outro lado, devem seguir regras de convivência comunitária, respeitando o uso coletivo da terra e a preservação das tradições culturais e ambientais.
📣 O CASO DA SERRA DOS BASTIÕES
Em Iracema-CE, o tema gerou divisão entre os moradores. Parte da população apoia o reconhecimento, acreditando que trará benefícios sociais e visibilidade cultural; outra parte, no entanto, teme perder direitos e autonomia.
O abaixo-assinado entregue às autoridades locais reflete essa preocupação, e muitos afirmam que não receberam explicações claras sobre o que realmente significa o título de comunidade quilombola.
Especialistas ressaltam que a informação é o caminho para o entendimento. Nenhuma comunidade é obrigada a se reconhecer como quilombola, mas também não pode ser impedida de buscar esse direito se parte dos moradores assim desejar.
🗣️ CONCLUSÃO
O caso da Serra dos Bastiões mostra a importância do diálogo e da transparência. Antes de qualquer decisão, é fundamental que todos os moradores sejam informados sobre seus direitos, as etapas do processo e as reais consequências do reconhecimento quilombola.
O Folha Serrana TV segue acompanhando o caso e reforça o compromisso de levar informação clara, imparcial e acessível à população de Iracema e região.
📍Reportagem: Francisco Filho – Folha Serrana TV
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