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Sepé Tiaraju, suas causas são as mesmas causas de hojeEm 7 de fevereiro, celebra-se o dia de Sepé Tiaraju, líder Guarani...
16/09/2025

Sepé Tiaraju, suas causas são as mesmas causas de hoje

Em 7 de fevereiro, celebra-se o dia de Sepé Tiaraju, líder Guarani assassinado pelos invasores espanhóis e portugueses, no ano de 1756.
Sepé vivia e liderava seu povo no período em que os Sete Povos das Missões se tornavam centros de referência alternativos ao modelo de colonização que se impunha pelas potências mundiais de Espanha, Portugal, França e Inglaterra.
Os Sete Povos das Missões tinham estruturas econômicas, políticas e formas organizativas que se distinguiam daquelas dos conquistadores, pois primavam pelas relações comunitárias e não pela ganância e covardia.
Embora se tenham inúmeras críticas quanto aos jesuítas, por seus métodos de atração, convencimento e imposições religiosas aos povos indígenas, existem registros históricos de que nos Sete Povos das Missões primava-se pelo uso comum da Mãe Terra, bem como pelos bons modos de cultivá-la e protegê-la.
A cobiça e as disputas pela Mãe Terra, por seus bens e domínios, fizeram com que os colonizadores a invadissem, destruíssem e matassem seus filhos sem piedade, sem nenhum escrúpulo, pois o que lhes interessavam eram o aniquilamento dos povos originários e de seus modos de ser e viver.
Foi nesse ambiente de lutas contra os invasores que Sepé Tiaraju se destacou como líder, comandante, guerreiro.
Ele e milhares de homens e mulheres, colocaram seus corpos e espíritos integralmente em defesa da Mãe Terra, de seus filhos, filhas e de toda a natureza.
As batalhas contra os exércitos de Espanha e Portugal foram dramáticas e, o que nunca se viveu antes, tornaram-se cotidianas, ou seja, feriam e derramavam os sangues dos corpos indígenas, matando-os, promovendo desespero e dor através dos aprisionamentos, escravização, tortura e disseminação de doenças contagiosas.
Décadas e décadas se passaram e a paz nunca chegou.
Os assassinos não deram trégua, apesar de toda a disposição, organização e resistência dos povos e das tentativas dos líderes indígenas de negociar com os governos estrangeiros que os agrediam.
Até que, num dos acordos de trégua, houve a traição e a emboscada, na Sanga da Bica, onde se consumou o intento e Sepé Tiaraju foi assassinado.
Na sequência, chacinaram os seus guerreiros na Coxilha do Caiboaté, localizada, hoje, no município de São Gabriel, Rio Grande do Sul.
Depois do covarde massacre, o corpo de Sepé Tiaraju desapareceu, mas os Mbya Guarani afirmam que ele fora elevado ao alto dos Céus, onde se tornou um Facho de Luz a irradiar os caminhos dos sobreviventes de seu povo, que caminham constantemente na busca da Terra Sem Mal.
Sepé Tiaraju de ontem torna-se presença nas lutas de hoje.
Assim afirmam os líderes espirituais Mbya Guarani, quando, todos os anos, lembram e celebram a sua memória e de suas e seus guerreiros e guerreiras.
O passado sangrento de séculos se assemelha ao genocídio de hoje, quando terras são invadidas e devastadas por milicianos, garimpeiros, fazendeiros, grileiros e empresários especuladores de riquezas. Esses sujeitos da morte estão sendo protegidos e acobertados por políticos e governantes inescrupulosos.
Sepé Tiaraju, hoje, se faz presente no sofrimento e martírio do povo Yanomami, que tem suas mulheres violentadas, seus maridos assassinados ou escravizados, que tem seus bebês, crianças e jovens desnutridos, morrendo de fome ou contaminados pelo mercúrio e pelas doenças introduzidas e disseminadas dentro do território.
Sepé está presente nas retomadas de terras, nas lutas por demarcações, nos acampamentos de beira de estradas, margens de rodovias,sem habitação, sem terra, sem comida, sem água, sem assistência e sem esperança, a não ser aquela transmitida pelas religiosidades e ancestralidades.
Sepé Tiaraju está lá em Rondônia, onde garimpo é incessante, onde fazendeiros insanos incendeiam e destroem as florestas; ele está no Pará, onde os Munduruku são violentados; está no Amazonas e no Acre, onde os Kanamari e Madija são brutalizados; está em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, onde os Xokleng, Kaingang, Charrua e Mbya foram desterritorializados; está no Paraná, onde os Avá Guarani são tratados com desprezo e racismo; está em Pernambuco, na Bahia, no Ceará, em Minas Gerais, onde a violência contra jovens não cessa; está em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul entre os Terena, Kaiowá, Myky, Xavante, Nambikwara que perdem territórios dia após dia; está em São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins onde a devastação das florestas compromete o futuro dos povos.
Sepé Tiaraju está nas cosmosvisões, está nos mártires Galdino Pataxó, Xicão Xukuru, Maninha Xukuru-Kariri, Marçal de Souza Tupã'i, Ângelo Kretã, Paulino Paulinho Guajajara, Oziel Terena e tantas e tantos líderes que perderam a vida em defesa de seus direitos fundamentais.
Sepé está nas lutas pela demarcação e garantia das terras e contra o marco temporal, na busca pela consolidação de políticas de saúde e educação diferenciadas.
Está no combate ao racismo, à fome, à violência sistêmica contra indígenas, quilombolas, moradores, moradoras de ruas e dos pobres pequenos agricultores.
Sepé Tiaraju está nos indígenas em contextos urbanos, nas mobilizações e movimentos por justiça, liberdade, igualdade e paz.
Ele está nas lutas das mulheres que se articulam em pautas comuns de resistência ao machismo, homofobia, aos abusos e todas as formas de preconceito e discriminação.
Sepé vive nas religiosidades indígenas, nos Encantados de Luz, nas Forças da Natureza e ilumina, com as outras guerreiras e guerreiros que tombaram em defesa da Mãe Terra e da Vida os caminhos de resistência ao abuso sistêmico, ao desrespeito e ao genocídio imposto, que parece incessante.

Fonte: Roberto Liebgott
Cimi Regional Sul
– Equipe Porto Alegre

Antônio Conselheiro Antônio Vicente Mendes Maciel nasceu em 13 de março de 1830, na cidade de Quixeramobim, então um peq...
13/09/2025

Antônio Conselheiro

Antônio Vicente Mendes Maciel nasceu em 13 de março de 1830, na cidade de Quixeramobim, então um pequeno povoado perdido em meio à caatinga do sertão central da paupérrima província do "Ceará Grande". Desde o início da vida, seus pais queriam que Antônio seguisse a carreira sacerdotal, pois entrar para o clero era naquela época uma das poucas possibilidades que os pobres tinham para ascender socialmente. Com a morte de sua mãe, em 1834, a meta de transformar Antônio Vicente em padre teve seu fim. Em 1855 morreu o pai de Antônio, e aos 25 anos de idade ele abandonou os estudos e assumiu o comércio da família, o que malogrou de vez quaisquer sonhos sacerdotais.

Em 1857, Antônio casou-se com Brasilina Laurentina de Lima, jovem filha de um tio seu. No ano seguinte, o jovem casal mudou-se para Sobral, onde Antônio Vicente passou a viver como professor do primário, dando aulas para os filhos dos comerciantes e fazendeiros da região, e mais tarde como advogado prático, defendendo clientes em troca de pequena remuneração. Mudou-se constantemente em busca de melhores mercados para seus ofícios; primeiro foi para Campo Grande (atual Guaraciaba do Norte), depois Santa Quitéria e finalmente Ipu, então um pequeno povoado localizado na divisa entre os sertões pecuaristas e a fértil Serra da Ibiapaba. Em 1861 ele flagrou a sua mulher em traição conjugal com um sargento de polícia, em sua residência na Vila do Ipu Grande. Envergonhado, humilhado e abatido, abandonou o Ipu e foi procurar abrigo nos sertões dos Cariris, já naquela época um polo de atração para penitentes e flagelados, iniciando aí uma vida de peregrinações pelos sertões do nordeste.

Peregrinações

Em Sergipe, no ano de 1874, o jornal O Rabudo trouxe a primeira menção pública de Antônio Maciel como penitente conhecido nos sertões:

Há seis meses que por todo o centro desta Província e da Província da Bahia, chegado (diz ele) do Ceará, infesta um aventureiro santarrão que se apelida por Antônio dos Mares. O que, a vista dos aparentes e mentirosos milagres que dizem ter ele feito, tem dado lugar a que o povo o trate por S. Antônio dos Mares. Esse misterioso personagem, trajando uma enorme camisa azul que lhe serve de hábito à forma do de sacerdote, pessimamente suja, cabelos mui espessos e sebosos entre os quais se vê claramente uma espantosa multidão de bichos (piolhos). Distingue-se pelo ar misterioso, olhos baços, tez desbotada e de pés nus; o que tudo concorre para o tornar a figura mais degradante do mundo.

Já famoso como "homem santo" e peregrino, Antônio Conselheiro foi preso em 1876, nos sertões da Bahia, pois corria o boato de que ele teria matado mãe e esposa. Foi levado para o Ceará, onde se conclui que não há nenhum indício contra a sua pessoa: sua mãe havia morrido quando ele tinha seis anos. Antônio Conselheiro foi posto em liberdade e retornou à Bahia.

Em 1877, o Nordeste do Brasil passou pela Grande Seca, uma das mais calamitosas de sua história; levas de flagelados perambulavam famintos pelas estradas em busca de socorro governamental ou de ajuda divina; bandos armados de criminosos e flagelados promoviam justiça social "com as próprias mãos", assaltando fazendas e pequenos lugarejos, pois pela ética dos desesperados "roubar para matar a fome não é crime". Crescia a notoriedade da figura de Antônio Conselheiro entre os sertanejos pobres. Para eles, o "Bom Jesus", como também passou a ser chamado, seria uma figura santa, um profeta enviado por Deus para socorre-los.

Com o fim da escravidão, em 1888, muitos libertos e expulsos das fazendas onde trabalhavam sem ter então nenhum meio de subsistência, partiram em busca de Conselheiro.

Arraial de Canudos

Em 1893, cansado de tanto peregrinar pelos sertões e então sendo um "fora da lei", Conselheiro decidiu se fixar à margem Norte do Rio Vaza-Barris, num pequeno arraial chamado Canudos. Nasceu ali uma experiência extraordinária: em Belo Monte (como a rebatizou Antônio Conselheiro, apesar de encontrar-se em um vale cercado de colinas), os desabrigados do sertão e as vítimas da seca eram recebidos de braços abertos pelo peregrino, era uma comunidade onde todos tinham acesso à terra e ao trabalho sem sofrer as agruras dos capatazes das fazendas tradicionais. Um "lugar santo", segundo os seus adeptos. Durante o período em que liderou o povoado de "Belo Monte", escreveu os "Apontamentos dos Preceitos da Divina Lei de Nosso Senhor Jesus Cristo, para a Salvação dos Homens", que consiste de uma coletânea de reflexões sobre temas diversos, de matiz fundamentalmente religioso.

O lugar atraiu milhares de agricultores pobres, índios e escravos recém-libertos, que começaram a construir uma comunidade igualitária inspirada no exemplo da doutrina Católica. Por meio do trabalho comunitário, conseguiu-se que ninguém passasse fome. Tratava-se de uma comunidade rural, com uma economia autossustentável, baseada na solidariedade. Entretanto, Antônio de Conselheiro tinha visões políticas e sociais conservadoras, especialmente no tocante à propriedade privada e ao Direito Divino dos Reis.

Com o fim da escravidão, em 1888, muitos libertos e expulsos das fazendas onde trabalhavam sem ter então nenhum meio de subsistência, partiram em busca de Conselheiro.

Guerra de Canudos

Em 1896 ocorreu o episódio que desencadeou a Guerra de Canudos: em 24 de novembro foi enviada a primeira expedição militar contra o povoado, sob comando do Tenente Pires Ferreira. Mas a tropa foi surpreendida pelos fiéis de Antônio Conselheiro, durante a madrugada, em Uauá. Após um combate corpo a corpo são contados mais de cento e cinquenta cadáveres de conselheiristas. Do lado do exército morreram oito militares e dois guias. Estas perdas, embora consideradas "insignificantes quanto ao número", nas palavras do comandante, ocasionaram o retiro das tropas. Em 29 de dezembro de 1896 teve início uma segunda expedição militar. Assim como a primeira, esta foi violentamente debelada pelos conselheiristas.

No ano seguinte ocorreu a terceira expedição, comandada pelo coronel Antônio Moreira César, conhecido como "o Corta-Cabeças", por suas façanhas na Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul. Mas, acostumado aos combates tradicionais, Moreira César não estava preparado para eliminar Canudos e foi abatido por tiros certeiros de homens leais a Antônio Conselheiro. A tropa fugiu em debandada, deixando para trás armamentos e munição. Para os conselheiristas, tratava-se de uma prova cabal da santidade do beato de Belo Monte. Em 5 de abril de 1897 ocorreu a quarta e última expedição, desta vez o cerco foi implacável; até muitos dos que se renderam foram mortos; eliminar Canudos e seus habitantes tornou-se uma questão de honra para o exército.

Morte

Em 22 de setembro de 1897, morreu Antônio Conselheiro. Não se sabe ao certo qual foi a causa, mas as razões mais citadas são ferimentos causados por uma granada e uma forte "caminheira".

Em 5 de outubro de 1897 foram mortos os últimos defensores de Canudos, com o exército iniciando a contagem das casas do arraial. No dia seguinte, o cadáver de Antônio Conselheiro foi encontrado enterrado no Santuário de Canudos, sua cabeça foi cortada e levada até a Faculdade de Medicina de Salvador para ser examinada pelo Dr. Nina Rodrigues, pois para a ciência da época, "a loucura, a demência e o fanatismo" deveriam estar estampados nos traços de seu rosto e crânio (vide frenologia). O arraial de Canudos foi completamente destruído.

Em 3 de março de 1905, um incêndio na antiga Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, em Salvador (BA), destruiu a cabeça de Antônio Conselheiro.

Nina Rodrigues, uma célebre autoridade sanitária da época, diagnosticou Maciel como portador de uma psicose sistemática progressiva.

Memorial

Há dois centros culturais relacionados a Antônio Conselheiro e à Guerra de Canudos; um está localizado em Quixeramobim, no interior do Ceará, que conta a história de seu filho ilustre e está situado no centro da cidade. O imóvel, tombado pelo Ministério da Cultura em 2006, foi a casa em que Antônio Conselheiro nasceu e viveu até os seus 27 anos de idade. Após o tombamento, foi criada no local a Casa de Cultura e Memorial do Sertão Cearense. O outro centro cultural está situado em Canudos, Bahia, criado pelo Decreto 33 333, de 30 de junho de 1986 (publicado no Diário Oficial de 1º de julho), mantido e administrado em parceria com a UNEB.

Lenda

Com o passar do tempo, a casa de Antônio Conselheiro em Quixeramobim foi se tornando palco de contos de assombração. Acredita-se na cultura popular que a casa abriga espíritos e que existem tesouros enterrados em vasos de barro. Essas histórias passaram a fazer parte do folclore local.

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A primeira mulher negra brasileira a vender um milhão de livros no mundo, Carolina vai ganhar um ciclo de debates chamada “Carolina – A Escritora do Brasil” que vai reunir especialistas e admiradores entre 15 e 17 de outubro nas duas cidades americanas.

A iniciativa acontece no ano em que se celebram os 110 anos de nascimento de Carolina Maria de Jesus e conta com Vera Eunice —filha de Carolina e uma das personagens centrais do livro “Quarto de Despejo”.

Leia a matéria completa:
https://tinyurl.com/4s48n63t

16/08/2025

Endereço

Itapetininga, SP

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