
21/07/2025
Recentemente, viralizou no TikTok um vídeo da influenciadora Fabiana Sobrinho, que conversava com a filha de 12 anos. A menina dizia ter medo de ser CLT. O motivo? “Andar de ônibus todo dia, ter chefe, pessoas mandando.” Apesar de ingênua, a fala revela uma percepção inquietante: para muitos jovens, a Consolidação das Leis do Trabalho não representa proteção — mas prisão.
Esse imaginário não surge ao acaso. Ele é alimentado por redes sociais que vendem o sucesso fácil como destino certo: basta “empreender” para enriquecer, sem patrão, sem rotina, sem limites. Só que, na vida real, 39,6 milhões de brasileiros estão na informalidade, segundo a Pnad Contínua (IBGE, 2023). Sem acesso a direitos como férias, 13º ou INSS, vivem à margem da segurança trabalhista. O empreendedorismo é legítimo — mas quando baseado em ilusão e pressa, transforma-se em armadilha.
Criada em 1943, a CLT é resultado de décadas de luta por dignidade no trabalho. Desprezá-la é rasgar conquistas históricas que garantem o mínimo para quem trabalha. Para especialistas em Psicologia do Desenvolvimento, o desprezo juvenil por vínculos formais pode indicar uma busca precoce por reconhecimento social, fortemente influenciada por algoritmos e métricas de engajamento — não pela realidade concreta do mercado.
Sim, o mundo do trabalho mudou e seguirá mudando. Mas inovar não significa ignorar. O futuro exige equilíbrio: sonhar alto, mas com os pés na base. A educação e os direitos não são obstáculos ao sucesso — são pilares para alcançá-lo com dignidade.