17/10/2025
Fim Prematuro de Uma Era: CPTM Baixa Definitivamente a Série 3000
Após 4 anos de imobilização e alto custo de manutenção, composições com 'som de violino' serão leiloadas como sucata, marcando mais uma baixa precoce na frota da Companhia.
São Paulo – O transporte ferroviário metropolitano de São Paulo se despede de mais uma de suas frotas icônicas. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) confirmou a baixa definitiva dos trens da Série 3000, um movimento que encerra prematuramente a vida útil de composições que rodaram por apenas duas décadas.
Os cinco trens, fabricados pela Siemens e Mitsubishi e de origem alemã, operaram entre 2001 e 2021 nas linhas 7-Rubi, 9-Esmeralda, 8-Diamante e 10-Turquesa. Conhecidos pelos entusiastas e passageiros pelo som característico de seus inversores de tração, apelidado carinhosamente de "som de violino", os TUEs (Trens Unidade Elétrica) estavam imobilizados no Pátio Luz desde 2021.
A baixa de uma série tão icônica é resultado do descaso com o dinheiro público e de desmandos em contratos de revisão de vários níveis mal executados, com alguns deles inclusive anulados pelos próprios interessados. Isso se deu, em parte, porque a Siemens, fabricante e fornecedora de peças de reposição, acabou por um período impedida de formalizar contratos com a estatal por estar envolvida há anos atrás no chamado "Cartel dos Trens" — um escândalo que, na época, envolveu a combinação entre empresas para concorrer em licitações de trens.
De acordo com o comunicado, as composições serão realocadas para o Pátio Manoel Feio e, em breve, serão leiloadas, vendidas e cortadas como sucata. A decisão final pela baixa se deve, segundo análises da CPTM, ao alto custo de manutenção necessário para recolocá-las em operação. A Companhia chegou a cogitar a reativação e buscou estudos de viabilidade técnico-financeira, mas a recuperação se mostrou desvantajosa.
Baixa Precoce e o Padrão Metropolitano
A Série 3000 é mais um exemplo de baixa precoce na CPTM, seguindo o destino da Série 2000, que também foi desativada antes de completar 30 anos de uso e acabou abandonada e vandalizada. O caso da 3000 levanta questionamentos, já que as composições foram compradas em 1997 e entregues a partir de 2001. Em 2020, o presidente da CPTM já admitia a possibilidade da desativação, citando critérios técnicos.
Além da curta trajetória, a Série 3000 carregava um simbolismo: era o último trem a ostentar o padrão metropolitano da CPTM, caracterizado pelo visual azul que marcou a Companhia desde o início de suas operações e que também era visto em trens como as séries 2000, 2100 e 2070.
A única frota mais antiga que ainda resiste na malha da CPTM é a Série 2070, que opera atualmente na Linha 12-Safira, mas que, segundo informações de entusiastas, deve ser realocada para a Linha 10-Turquesa.
O adeus à Série 3000 representa não apenas a perda de trens, mas o fim de uma parte da história recente da ferrovia paulista, lamentada pelos fãs que se apegavam ao distinto "som de violino" que agora descansa no esquecimento.
Denis Castro