09/10/2025
🏁 O ÚLTIMO RONCO DO OPALA PRETO
(lendas urbanas do brasil)
Naquela sexta-feira de calor abafado, os corredores do Colégio Estadual Mendes de Moraes, na Tijuca, estavam tomados pela euforia do fim de semana que se aproximava. Três amigos inseparáveis planejavam uma noite diferente: Clara, estudante aplicada e curiosa por histórias misteriosas; Vinícius, o engraçado do grupo, sempre com uma piada pronta; e Eduardo, o mais reservado, apaixonado por carros antigos.
Tudo começou quando o professor de História comentou, entre risadas, sobre a lenda do Opala Preto do Túnel Rebouças, que segundo ele “volta à meia-noite pra lembrar o que a imprudência e a ganância fizeram com Carlão da Baixada”.
A turma riu, mas Clara ficou intrigada.
— Gente, e se a gente fosse lá hoje? — disse ela, com aquele brilho no olhar que Vinícius chamava de “olhar de filme de terror”.
— Tá maluca? — respondeu Vinícius, rindo nervoso. — Dizem que quem vê o Opala nunca mais dorme tranquilo.
Eduardo, em silêncio, mexia no celular, pesquisando: “Túnel Rebouças 1974 acidente Opala preto”. Encontrou reportagens antigas e uma foto borrada: o carro carbonizado, com a legenda “Família e criminoso morrem em trágico acidente”.
Aquilo bastou. Às 23h30, estavam dentro do carro do pai de Eduardo — um Uno branco meio cansado —, descendo a Rua Cosme Velho, em direção ao túnel.
A cidade dormia, mas o túnel parecia acordado demais. O eco do motor, o som das gotas que caíam das paredes úmidas e o vento frio que vinha das saídas criavam uma sensação de claustrofobia.
— São quase meia-noite — murmurou Clara, olhando o relógio do painel.
— Se aparecer o Opala, a gente acelera, né? — brincou Vinícius, tentando esconder o medo.
Foi quando as luzes do túnel começaram a piscar. Primeiro uma, depois outra. Um estalo elétrico. E então, um ronco grave, metálico, veio do fundo da galeria, como se algo antigo estivesse despertando.
Eduardo olhou pelo retrovisor e sentiu o coração disparar.
— Galera… tem um farol atrás da gente.
No reflexo, dois feixes amarelados avançavam rápido. Clara virou-se e viu — o formato largo, cromado, o brilho de um carro que não se via nas ruas há décadas.
— É um Opala — disse ela, a voz trêmula. — Um Opala preto.
O som do motor aumentava. Era um rugido que fazia o chão tremer. Eduardo acelerou, mas o carro parecia preso, pesado. O velocímetro subia devagar, como se o ar dentro do túnel tivesse se tornado viscoso.
Vinícius filmava com o celular, rindo nervoso.
— Se for uma pegadinha, vai ser a melhor do colégio!
Mas, na tela, o carro não aparecia. Só o túnel vazio e o som cada vez mais alto.
O encontro
O Opala emparelhou ao lado do Uno. As janelas eram totalmente escuras, mas dentro dele se via um vulto rígido, de mãos brancas no volante. Na placa, quase apagada pela ferrugem, lia-se: RJ-1974.
O rádio do Uno ligou sozinho, chiando. Uma voz grave, distorcida, sussurrou:
— Vocês querem correr comigo?
Eduardo gritou e acelerou. O Uno gemeu, as luzes piscavam, o túnel parecia não ter fim. O Opala acompanhava, deslizando sem som de pneus, como se flutuasse.
Clara começou a rezar.
Vinícius, pálido, olhava fixo o velocímetro marcando 120 km/h.
E então, uma criança apareceu no meio da pista — uma menina, com um laço vermelho no cabelo e um ursinho nos braços.
Eduardo desviou com tudo. O carro rodou, capotou uma vez, e tudo se apagou.
Horas depois, Clara abriu os olhos. Estava deitada na beira da pista, o sol nascendo. Ambulâncias, policiais, curiosos. O Uno destruído.
Eduardo e Vinícius estavam bem, com ferimentos leves.
Um policial, de olhar sério, aproximou-se.
— Vocês têm sorte, viram? Quase que a história se repete.
— Que história? — perguntou Clara, ainda tonta.
— Desde 1974, de tempos em tempos, alguém vê um Opala preto correndo dentro desse túnel. Todo mundo que tenta fugir dele sofre um acidente. A menina que vocês disseram ter visto… é a filha da família que morreu naquele dia.
Clara sentiu o corpo gelar.
Eduardo, em silêncio, pegou o celular de Vinícius — o vídeo ainda estava gravando.
Eles assistiram juntos. O túnel vazio. Nenhum carro. Nenhuma criança.
Mas, ao final da gravação, por um segundo, um reflexo apareceu na tela: um rosto pálido dentro de um Opala preto, olhando direto para a câmera, e atrás dele… a menina do laço vermelho.
Eduardo jogou o celular longe.
Três meses depois, o túnel foi fechado para manutenção após uma falha elétrica misteriosa. Dizem que técnicos ouviram um ronco de motor ecoando sozinho lá dentro, seguido de risadas e o som de um pneu derrapando.
Clara deixou o Rio com a família.
Vinícius abandonou as redes sociais e nunca mais entrou em um carro à noite.
Eduardo… desapareceu em 1981, dirigindo um Opala preto restaurado que, segundo vizinhos, ele comprara de um ferro-velho da Baixada.
E até hoje, nas madrugadas sem lua, motoristas juram ouvir o mesmo som no Rebouças — um motor antigo roncando, desafiando o tempo, acompanhado da voz de um homem dizendo:
— Quer correr comigo?
🚘💀 O Último Ronco do Opala Preto.
Fim
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