05/10/2025
Freud nos lembra, em Análise terminável e interminável (1937), que educar é uma das três “profissões impossíveis” — junto com governar e analisar.
Impossível, porque o resultado nunca é plenamente satisfatório; há sempre um resto, algo que escapa. Reconhecer isso é também reconhecer a grandeza da tarefa do professor: sustentar dia após dia um ofício que carrega em si a marca da impossibilidade.
Lacan, ao retomar a questão do saber, radicaliza essa perspectiva: “o desejo de saber não tem qualquer relação com o saber”. O que conduz ao saber não é o desejo em si, mas o movimento do discurso da histérica, que interroga, provoca, põe o mestre em questão.
O ensino tradicional, marcado pelo discurso do mestre, aparece então como uma demanda que fracassa, pois a linguagem, mesmo a do mestre, não pode ser outra coisa senão demanda.
Nesse atravessamento, vemos que o professor, no laço social, é aquele que, ao sustentar a impossibilidade da transmissão, abre espaço para que algo do saber se produza no aluno.
Celebrar o Dia do Professor, à luz de Freud e Lacan, é reconhecer nesse ofício o valor de sustentar o impossível — e, justamente por isso, o essencial.